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FUTEBOL
PC, volantes e Flamengo
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO
Paulo Cesar Lima , o "Caju" de outros tempos, jogava
muita bola. Hoje seria um dos
melhores jogadores do mundo.
Foi uma peça muito importante
na seleção de 70, quando substituiu Gérson no jogo mais difícil
da campanha, contra a então
campeã do mundo, a Inglaterra.
O resultado foi um suado 1 x 0, gol
de Jairzinho, após aquela magistral jogada de Tostão. Foi tudo,
na verdade, uma perfeição: o passe de Pelé e a bomba do Furacão.
Paulo Cesar, porém, não era
muito querido em São Paulo, onde a preferência por Edu, do Santos, para a ponta esquerda da seleção era ampla, geral e irrestrita.
Não sendo de levar desaforo para
casa, acabou abrindo a boca e alimentando a rusga.
Na sexta-feira passada, fui à
ESPN Brasil, convidado para participar de uma entrevista com o
ex-craque, que me deu grandes
alegrias na conquista do título carioca de 1973, quando gastou a
pelota vestindo o sagrado manto
rubro-negro.
Bem, deixemos as reminiscências de lado. O que gostaria de
ressaltar é uma das muitas observações feitas por PC ao longo da
entrevista. Pode não ser nova,
mas vale ser lembrada: a vertiginosa queda de qualidade dos volantes no futebol brasileiro -algo
que agora, felizmente, dá sinais
de melhora, com jogadores mais
técnicos se firmando na posição,
como Renato, no Santos.
É falsa, diz PC, a idéia de que os
volantes de outrora não marcavam. O problema é que eles não se
concentravam apenas nisso:
"Marcavam, faziam menos faltas
e sabiam jogar, passar, chegar para fazer o gol". PC atribui o prestígio do volante grosso e parrudão
à ascensão de uma nova categoria de técnico: aquele "formado
em educação física, que não foi
jogador de futebol".
Pode haver um certo simplismo
nessa explicação, já que o fato de
não ter jogado futebol e ser formado em educação física não
obriga um treinador a ser inimigo
do futebol refinado e bem jogado.
Não me parece, porém, que a hipótese seja desprovida de sentido.
Ao contrário do técnico que foi jogador, esse novo treinador entra
em cena sem um passado que lhe
assegure alguma credibilidade.
Ele terá de conquistá-la com resultados. E é justamente a onda
otária do "futebol de resultados"
que abre espaço para jogadores
especializados em "destruir" e parar o jogo a caneladas.
Já que falei do Flamengo, é lamentável a campanha do time,
até aqui, no Campeonato Brasileiro. Numa coisa estou com Felipe: a opção por Volta Redonda
pode ser econômica, mas é um desastre. O Flamengo é o mais nacional dos times do Rio (do Brasil,
na verdade) e sua casa só pode ser
o Maracanã.
O rubro-negro em Volta Redonda se apequena diante de si mesmo e dos adversários. Opta por
um campo acanhado e, de certa
forma, neutro, pois, ao contrário
do "maior do mundo", não impressiona ninguém, não tem mística nem história. É o tipo da economia porca.
Troca-troca
Vanderlei Luxemburgo no
Santos e Leão no Cruzeiro. Parece piada -e vai ser divertido
acompanhar. O Cruzeiro tem
se mostrado melhor, mas creio
que Vanderlei vai acabar saindo vitorioso nessa parada.
Ceni
Cobram-me uma palavra sobre
Rogério Ceni. Depois de tê-lo
chamado de "presepeiro do
Morumbi", eis que Ceni vira
herói contra o Rosario Central.
Nunca falei que ele não era um
bom goleiro. É dos melhores
que temos. Mas, o primeiro pênalti, na verdade, até eu agarrava. Só que ele pegou outro,
marcou o seu e fez pelo menos
uma defesa espetacular.
Ronaldinho
O cara está demais. O Barcelona tem o melhor do mundo.
@ - mag@folhasp.com.br
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