São Paulo, terça-feira, 18 de maio de 2004

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FUTEBOL

PC, volantes e Flamengo

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
EDITOR DE OPINIÃO

Paulo Cesar Lima , o "Caju" de outros tempos, jogava muita bola. Hoje seria um dos melhores jogadores do mundo. Foi uma peça muito importante na seleção de 70, quando substituiu Gérson no jogo mais difícil da campanha, contra a então campeã do mundo, a Inglaterra. O resultado foi um suado 1 x 0, gol de Jairzinho, após aquela magistral jogada de Tostão. Foi tudo, na verdade, uma perfeição: o passe de Pelé e a bomba do Furacão.
Paulo Cesar, porém, não era muito querido em São Paulo, onde a preferência por Edu, do Santos, para a ponta esquerda da seleção era ampla, geral e irrestrita. Não sendo de levar desaforo para casa, acabou abrindo a boca e alimentando a rusga.
Na sexta-feira passada, fui à ESPN Brasil, convidado para participar de uma entrevista com o ex-craque, que me deu grandes alegrias na conquista do título carioca de 1973, quando gastou a pelota vestindo o sagrado manto rubro-negro.
Bem, deixemos as reminiscências de lado. O que gostaria de ressaltar é uma das muitas observações feitas por PC ao longo da entrevista. Pode não ser nova, mas vale ser lembrada: a vertiginosa queda de qualidade dos volantes no futebol brasileiro -algo que agora, felizmente, dá sinais de melhora, com jogadores mais técnicos se firmando na posição, como Renato, no Santos.
É falsa, diz PC, a idéia de que os volantes de outrora não marcavam. O problema é que eles não se concentravam apenas nisso: "Marcavam, faziam menos faltas e sabiam jogar, passar, chegar para fazer o gol". PC atribui o prestígio do volante grosso e parrudão à ascensão de uma nova categoria de técnico: aquele "formado em educação física, que não foi jogador de futebol".
Pode haver um certo simplismo nessa explicação, já que o fato de não ter jogado futebol e ser formado em educação física não obriga um treinador a ser inimigo do futebol refinado e bem jogado. Não me parece, porém, que a hipótese seja desprovida de sentido. Ao contrário do técnico que foi jogador, esse novo treinador entra em cena sem um passado que lhe assegure alguma credibilidade. Ele terá de conquistá-la com resultados. E é justamente a onda otária do "futebol de resultados" que abre espaço para jogadores especializados em "destruir" e parar o jogo a caneladas.
 
Já que falei do Flamengo, é lamentável a campanha do time, até aqui, no Campeonato Brasileiro. Numa coisa estou com Felipe: a opção por Volta Redonda pode ser econômica, mas é um desastre. O Flamengo é o mais nacional dos times do Rio (do Brasil, na verdade) e sua casa só pode ser o Maracanã.
O rubro-negro em Volta Redonda se apequena diante de si mesmo e dos adversários. Opta por um campo acanhado e, de certa forma, neutro, pois, ao contrário do "maior do mundo", não impressiona ninguém, não tem mística nem história. É o tipo da economia porca.

Troca-troca
Vanderlei Luxemburgo no Santos e Leão no Cruzeiro. Parece piada -e vai ser divertido acompanhar. O Cruzeiro tem se mostrado melhor, mas creio que Vanderlei vai acabar saindo vitorioso nessa parada.

Ceni
Cobram-me uma palavra sobre Rogério Ceni. Depois de tê-lo chamado de "presepeiro do Morumbi", eis que Ceni vira herói contra o Rosario Central. Nunca falei que ele não era um bom goleiro. É dos melhores que temos. Mas, o primeiro pênalti, na verdade, até eu agarrava. Só que ele pegou outro, marcou o seu e fez pelo menos uma defesa espetacular.

Ronaldinho
O cara está demais. O Barcelona tem o melhor do mundo.

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