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BASQUETE
Bagdá, Grécia
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Os EUA proclamaram uma
"cruzada pela honra", convocaram seus "mais corajosos" e
prometeram "resultados rápidos
e afirmativos". Agora, não sabem
como escapar da enrascada.
As aspas acima não pertencem
a Donald Rumsfeld, secretário de
Defesa, nem a outro tecnocrata
da administração Baby Bush.
Saíram da(os) cartola(s) da confederação norte-americana de
basquete, obcecada em recuperar
em Atenas-04 a hegemonia perdida com o vexatório 6º lugar no
Mundial de Indianápolis-02.
Os estudos de inteligência da
USA Basketball de fato sugeriam
o sucesso "cirúrgico" da operação.
Com atletas da NBA, a seleção
masculina está invicta em Olimpíadas: 24 vitórias e três ouros
desde Barcelona-92. Ademais, escaldado, o órgão não repetiria
neste ano a presunção de dois
anos atrás, quando se satisfez em
pinçar um time meia-boca. Já no
Pré-Olímpico, realizado em agosto em Porto Rico, com Jason Kidd,
Tracy McGrady e outros cobras,
muitos vimos a magia e a eficiência do "Dream Team" original.
Mas faltou combinar de novo
com os soldados. Um a um, os astros da liga declinam o convite.
Dos primeiros lotes de chamados, apenas dois bateram continência: Tim Duncan, bom-moço
em busca da primeira medalha, e
Allen Iverson, bad boy em nítida
missão de marketing pessoal.
Kevin Garnett declarou desinteresse. Shaquille O'Neal citou problemas crônicos nos pés e joelhos.
Kobe Bryant culpou seus compromissos com a Justiça. Vince Carter quis tirar as primeiras férias
em muitos anos. Ray Allen mencionou problemas familiares.
Kenyon Martin preferiu negociar
pessoalmente seu futuro contrato.
Elton Brand mostrou-se aflito
com a questão da segurança.
Outros podem seguir o exemplo
ainda neste mês. McGrady se irritou com a falta de luxo no Pré-Olímpico. Kidd reclama de contusões. Jermaine O'Neal teme atentados terroristas. Karl Malone,
cansado, já fala em aposentadoria. E Mike Bibby... bem, eu não
sei qual o motivo de Bibby, só que
também deseja pular fora.
No total, s(er)ão 12 defecções.
Uma seleção completinha.
Na semana passada, a USA
Basketball começou a tapar os
buracos e anunciou LeBron James, Amaré Stoudemire, Stephon
Marbury, Shawn Marion e Richard Jefferson. Ótimos nomes,
mas sem a experiência e o cacife
dos reais bambambans.
Dos 15 melhores jogadores desta
temporada da NBA, somente um
(Duncan) confirmou presença. E
só há um (Jefferson) entre os exatos 98 atletas que permanecem vivos na disputa do título da liga
-quer dizer, há três, mas os outros, Peja Stojakovic e Darko Milicic, nasceram na Sérvia.
De certo modo, faz sentido. A
NBA destoa de uma Olimpíada
que, acuada, restringirá a vida
social dos atletas e, acuadora, fechará o cerco ao doping.
Na semana passada, o general
norte-americano Richard Myers
surpreendeu com um diagnóstico
preciso e sincero da atolada campanha no Iraque: "Não vamos
perder a guerra, mas não vamos
ganhar a guerra". Só que no basquete, generais, não há empate.
Olimpíada 1
Planejamento detalhado, meses de treinos e amistosos contra outras
potências. Técnico de currículo vitorioso, sem similar na atualidade.
Todos os grandes nomes da liga profissional: do craque mais completo à principal promessa, do veterano mais popular ao gigante
mais poderoso. O genuíno "Dream Team" de Atenas-04 é a equipe
feminina dos EUA, que atropelou os rivais nos 13 jogos preparatórios, empurrada pela batuta de Van Chancelor e pela estrela de Tamika Catchings, Diana Taurasi, Sheryl Swoopes, Lisa Leslie & Cia.
Olimpíada 2
O desdém também contaminou os "estrangeiros" da NBA: o sérvio
Vlade Divac (Sacramento), o lituano Zyldrunas Ilgauskas (Cleveland) e o espanhol Raúl Lopes (Utah) desistiram dos Jogos.
E-mail melk@uol.com.br
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