São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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BOXE

Passa-se o ponto

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao que tudo indica, o Conselho Mundial de Boxe fechará suas portas. O que é uma pena. Não que eu concorde com os absurdos cometidos pelo CMB ao longo dos anos. Longe disso! Ao conduzir entrevista com o presidente do CMB, Jose Sulaiman, em 2000, fui repreendido pelo mexicano por "só formular perguntas muito negativas". Tanto que a entrevista, durante a convenção anual da entidade, foi feita em quatro segmentos. É que a cada três questões "negativas", Sulaiman ficava irritado, dizia que tinha que fazer outra coisa, levantava-se e desaparecia. Em uma delas, perguntei sobre desafiantes desqualificados alçados à condição de primeiro do ranking (e que se transformaram em desafiantes oficiais). Para justificar um dos casos, ele afirmou que estava viajando quando tomaram a decisão de sancionar o infame combate entre Roy Jones Jr. e Rick Frazier, mas não explicou como Frazier chegou a primeiro se era tão ruim -foi massacrado por Jones Jr. Em outro caso, para justificar uma outra primeira colocação -de novo de pugilista fraco-, Sulaiman argumentou que não importava que não havia "nomes" no currículo daquele boxeador, pois se tratava de um invicto. Claro, o pior foi o episódio que culminou na falência do CMB: o fato de a entidade ter reduzido o título do alemão Graciano Rocchigiani a um "erro tipográfico". O resultado foi sua vitória na ação de US$ 30 milhões contra o CMB e a ordem, na semana passada, para que a entidade baseada no México vendesse todos os seus bens para indenizar o atleta. O CMB já disse que não tem condições de sobreviver -a não ser que aconteça um acordo. Mas acho que as ações de um dirigente não deveriam provocar o fim de uma instituição com mais de 40 anos de história e representada em mais de 160 países (é a mais internacionalizada do esporte). Também dentro do ringue a tradicional entidade tem história. Já vestiram os seus cinturões Eder Jofre, Muhammad Ali, George Foreman, Larry Holmes, Azumah Nelson, Marvelous Marvin Hagler, Thomas Hearns etc. Alguns dos ex-campeões do CMB foram a público se manifestar na tentativa de sensibilizar Rocchigiani. Foi o caso do nicaragüense Alexis Arguello, dos norte-americanos Carlos Palomino e Antonio Tarver e também de Daniel Zaragoza, do México. O último já tem idéia de como o CMB poderá sobreviver -parcialmente- à crise. "Acho que volta a funcionar, mas sob nome diferente", disse nesta semana. Porém o CMB é somente a bola da vez. Quem não se lembra de que a Federação Internacional de Boxe teve seu presidente, o americano Bob Lee, destituído e detido? Ou que Bob Arum acusou um então dirigente da AMB, Pepe Cordero, de receber propina para arrumar disputas por cinturões? Ou ainda que esse mesmo Cordero foi um dos fundadores da Organização Mundial de Boxe, que neste ano permitiu que o brasileiro Reginaldo Martins disputasse um de seus títulos apesar de nunca haver batido um rival que tivesse vencido uma luta sequer?

Sem cinturão
Eles já estão um pouco veteranos e fora do ápice, mas Marco Antonio Barrera x Paulie Ayala, amanhã, com transmissão da HBO Plus ao vivo para o Brasil a partir das 22h45, tem tudo para ser um bom combate. O americano Ayala é ex- "lutador do ano" pela "The Ring"; o mexicano Barrera participou de uma "luta do ano", contra Erik Morales, também em seleção da mesma revista especializada.

Revanche
Rogério "Minotouro" Nogueira pega Sakuraba pelo torneio de vale-tudo Pride em julho, segundo a Brazilian Top Team. Antes, porém, o japonês tem de vencer Nino Chambri, e "Minotouro", estrear com vitória em competição de vale-tudo na Coréia neste mês. "Minotouro" havia assinado com os coreanos antes de renovar com o Pride.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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