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BOXE
Passa-se o ponto
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao que tudo indica, o Conselho Mundial de Boxe fechará
suas portas. O que é uma pena.
Não que eu concorde com os absurdos cometidos pelo CMB ao
longo dos anos. Longe disso!
Ao conduzir entrevista com o
presidente do CMB, Jose Sulaiman, em 2000, fui repreendido
pelo mexicano por "só formular
perguntas muito negativas".
Tanto que a entrevista, durante
a convenção anual da entidade,
foi feita em quatro segmentos. É
que a cada três questões "negativas", Sulaiman ficava irritado,
dizia que tinha que fazer outra
coisa, levantava-se e desaparecia.
Em uma delas, perguntei sobre
desafiantes desqualificados alçados à condição de primeiro do
ranking (e que se transformaram
em desafiantes oficiais).
Para justificar um dos casos, ele
afirmou que estava viajando
quando tomaram a decisão de
sancionar o infame combate entre Roy Jones Jr. e Rick Frazier,
mas não explicou como Frazier
chegou a primeiro se era tão ruim
-foi massacrado por Jones Jr.
Em outro caso, para justificar
uma outra primeira colocação
-de novo de pugilista fraco-,
Sulaiman argumentou que não
importava que não havia "nomes" no currículo daquele boxeador, pois se tratava de um invicto.
Claro, o pior foi o episódio que
culminou na falência do CMB: o
fato de a entidade ter reduzido o
título do alemão Graciano Rocchigiani a um "erro tipográfico".
O resultado foi sua vitória na
ação de US$ 30 milhões contra o
CMB e a ordem, na semana passada, para que a entidade baseada no México vendesse todos os
seus bens para indenizar o atleta.
O CMB já disse que não tem
condições de sobreviver -a não
ser que aconteça um acordo. Mas
acho que as ações de um dirigente
não deveriam provocar o fim de
uma instituição com mais de 40
anos de história e representada
em mais de 160 países (é a mais
internacionalizada do esporte).
Também dentro do ringue a
tradicional entidade tem história.
Já vestiram os seus cinturões
Eder Jofre, Muhammad Ali,
George Foreman, Larry Holmes,
Azumah Nelson, Marvelous Marvin Hagler, Thomas Hearns etc.
Alguns dos ex-campeões do
CMB foram a público se manifestar na tentativa de sensibilizar
Rocchigiani. Foi o caso do nicaragüense Alexis Arguello, dos norte-americanos Carlos Palomino e
Antonio Tarver e também de Daniel Zaragoza, do México.
O último já tem idéia de como o
CMB poderá sobreviver -parcialmente- à crise. "Acho que
volta a funcionar, mas sob nome
diferente", disse nesta semana.
Porém o CMB é somente a bola
da vez. Quem não se lembra de
que a Federação Internacional de
Boxe teve seu presidente, o americano Bob Lee, destituído e detido?
Ou que Bob Arum acusou um
então dirigente da AMB, Pepe
Cordero, de receber propina para
arrumar disputas por cinturões?
Ou ainda que esse mesmo Cordero foi um dos fundadores da
Organização Mundial de Boxe,
que neste ano permitiu que o brasileiro Reginaldo Martins disputasse um de seus títulos apesar de
nunca haver batido um rival que
tivesse vencido uma luta sequer?
Sem cinturão
Eles já estão um pouco veteranos e fora do ápice, mas Marco Antonio
Barrera x Paulie Ayala, amanhã, com transmissão da HBO Plus ao vivo para o Brasil a partir das 22h45, tem tudo para ser um bom combate. O americano Ayala é ex- "lutador do ano" pela "The Ring"; o
mexicano Barrera participou de uma "luta do ano", contra Erik Morales, também em seleção da mesma revista especializada.
Revanche
Rogério "Minotouro" Nogueira pega Sakuraba pelo torneio de vale-tudo Pride em julho, segundo a Brazilian Top Team. Antes, porém, o
japonês tem de vencer Nino Chambri, e "Minotouro", estrear com
vitória em competição de vale-tudo na Coréia neste mês. "Minotouro" havia assinado com os coreanos antes de renovar com o Pride.
E-mail eohata@folhasp.com.br
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