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JUCA KFOURI
O presidente quer gastar
Ricardo Teixeira pretende gastar o menos possível com a Copa do Mundo no país. Mas Lula que gastar mais
P
ASSEI ANOS reclamando do que
era uma constatação: em regra, os presidentes do Brasil, e
os donos dos grandes meios de comunicação brasileiros, não gostavam de futebol ou não se interessavam muito pelo assunto, incapazes
de perceber sua importância na vida
nacional e o que há de pedagógico
em torno do tema.
Para quem é apaixonado por futebol, era lastimável mesmo.
Mas eis que surgiu Lula, torcedor
de ralar nas arquibancadas.
As coisas mudariam.
Pois mudaram.
E para pior.
Passo a desejar que os próximos
presidentes odeiem futebol.
Porque o que houve na cerimônia
em Brasília que juntou Lula e Ricardo Teixeira na semana passada foi
exemplar.
O cartola, com razão de sobra, disse que quanto menos dinheiro público for gasto, melhor será a Copa
do Mundo de 2014.
O presidente respondeu que o país
está preparado para gastar mais do
que já gastou no Pan-2007.
Teixeira, que já viveu a humilhação de ser interrogado por mais de
dez horas numa CPI, quando por
pouco não irrompeu em pranto e foi
incapaz de responder às perguntas
mais corriqueiras, não quer saber do
Tribunal de Contas da União em seu
calcanhar e no da CBF, como ocorre
com Carlos Nuzman e com o COB.
Vacinado, o cartola, que escapou
de voltar a depor naquela CPI graças
a um atestado médico assinado pelo
atual presidente do Fluminense, o
cardiologista Roberto Horcades,
não quer mais confusão.
Já o presidente parece fazer questão de gastar e ironizar os que criticam o quanto se gasta inutilmente,
esquecido de que o dinheiro não é
dele, é nosso.
Para Lula, e é compreensível, o
Vavá bom é o mano, não o centroavante das Copas de 1958/62.
Se não bastasse, ele acha que o torcedor se afastou dos estádios só pela
falta de ídolos, não por causa de violência, como todas as pesquisas demonstram à exaustão e é tema de
sua alçada. Já para mim, presidente
bom passa a ser aquele que pergunta, como a grã-fina de Nelson Rodrigues, quem é a bola.
Qualquer tipo de bola.
A rodada
Corinthians e Paraná Clube fizeram um jogo horroroso no Morumbi, desses para se esquecer.
Já o São Paulo não teve a menor
dificuldade para derrotar o limitadíssimo Vasco, razão pela qual nem
dá para dizer se foi o tricolor que
progrediu ou se o time cruzmaltino
é que não serve para medir coisa alguma, com uma defesa indefensável e um ataque de riso.
O Palmeiras, todo remendado,
deu-se mal, como era de se prever.
Por ironia, exatamente com o
Goiás de Paulo Baier, o dono do time e autor dos cruzamentos que
redundaram nos dois primeiros
gols goianos e do passe que matou a
reação palmeirense, no terceiro.
E olhe que o Palmeiras até foi
bem no segundo tempo.
Finalmente, o Santos: proeza em
Caxias, ao liquidar o jogo ainda no
primeiro tempo. Recuperado?
Em tempo: sem jogar o que pode,
o Botafogo enfiou 3 a 1 no Náutico.
Quando joga o que pode, por enquanto, não tem para ninguém.
blogdojuca@uol.com.br
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