São Paulo, segunda-feira, 18 de junho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

JUCA KFOURI

O presidente quer gastar

Ricardo Teixeira pretende gastar o menos possível com a Copa do Mundo no país. Mas Lula que gastar mais

P ASSEI ANOS reclamando do que era uma constatação: em regra, os presidentes do Brasil, e os donos dos grandes meios de comunicação brasileiros, não gostavam de futebol ou não se interessavam muito pelo assunto, incapazes de perceber sua importância na vida nacional e o que há de pedagógico em torno do tema.
Para quem é apaixonado por futebol, era lastimável mesmo. Mas eis que surgiu Lula, torcedor de ralar nas arquibancadas.
As coisas mudariam.
Pois mudaram.
E para pior.
Passo a desejar que os próximos presidentes odeiem futebol.
Porque o que houve na cerimônia em Brasília que juntou Lula e Ricardo Teixeira na semana passada foi exemplar.
O cartola, com razão de sobra, disse que quanto menos dinheiro público for gasto, melhor será a Copa do Mundo de 2014.
O presidente respondeu que o país está preparado para gastar mais do que já gastou no Pan-2007.
Teixeira, que já viveu a humilhação de ser interrogado por mais de dez horas numa CPI, quando por pouco não irrompeu em pranto e foi incapaz de responder às perguntas mais corriqueiras, não quer saber do Tribunal de Contas da União em seu calcanhar e no da CBF, como ocorre com Carlos Nuzman e com o COB.
Vacinado, o cartola, que escapou de voltar a depor naquela CPI graças a um atestado médico assinado pelo atual presidente do Fluminense, o cardiologista Roberto Horcades, não quer mais confusão.
Já o presidente parece fazer questão de gastar e ironizar os que criticam o quanto se gasta inutilmente, esquecido de que o dinheiro não é dele, é nosso. Para Lula, e é compreensível, o Vavá bom é o mano, não o centroavante das Copas de 1958/62. Se não bastasse, ele acha que o torcedor se afastou dos estádios só pela falta de ídolos, não por causa de violência, como todas as pesquisas demonstram à exaustão e é tema de sua alçada. Já para mim, presidente bom passa a ser aquele que pergunta, como a grã-fina de Nelson Rodrigues, quem é a bola. Qualquer tipo de bola.

A rodada
Corinthians e Paraná Clube fizeram um jogo horroroso no Morumbi, desses para se esquecer. Já o São Paulo não teve a menor dificuldade para derrotar o limitadíssimo Vasco, razão pela qual nem dá para dizer se foi o tricolor que progrediu ou se o time cruzmaltino é que não serve para medir coisa alguma, com uma defesa indefensável e um ataque de riso. O Palmeiras, todo remendado, deu-se mal, como era de se prever.
Por ironia, exatamente com o Goiás de Paulo Baier, o dono do time e autor dos cruzamentos que redundaram nos dois primeiros gols goianos e do passe que matou a reação palmeirense, no terceiro. E olhe que o Palmeiras até foi bem no segundo tempo.
Finalmente, o Santos: proeza em Caxias, ao liquidar o jogo ainda no primeiro tempo. Recuperado? Em tempo: sem jogar o que pode, o Botafogo enfiou 3 a 1 no Náutico. Quando joga o que pode, por enquanto, não tem para ninguém.

blogdojuca@uol.com.br


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Alerta falha, e Palmeiras cai em Goiás
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.