São Paulo, quinta-feira, 18 de junho de 2009

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FUTEBOL

Criminoso, cúmplice e testemunha


Enquanto a regra não admitir o uso do vídeo para impedir crimes, os árbitros têm que driblar a lei para fazer justiça

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O FUTEBOL tem criminosos, cúmplices e testemunhas.
Testemunhas são aqueles, claro, que só assistem a tudo, basicamente. São os que veem os crimes cometidos dentro de campo (e fora dele também) e podem, no máximo, denunciá-los, não mais que isso.
Essa definição foi razoavelmente fácil. Agora vem a parte complicada (inicialmente, comecei a coluna ""definindo" os criminosos, mas reli, não entendi quase nada e mudei tudo).
Criminosos são, em tese, os que ferem as regras intencionalmente para obter alguma vantagem ou por algum propósito. São os que fazem gols com a mão, comemoram tentos quando a bola não entrou, simulam pênaltis, agridem o adversário, em especial fora do lance, e por aí vai. De uma forma geral, são os que acham que os fins justificam os meios dentro das quatro linhas (e fora delas).
Cúmplices são os que veem os criminosos agirem e não só admitem como assinam embaixo suas infrações, mesmo com o argumento de que as regras permitem que crimes sejam cometidos. São aqueles que referendam os erros de arbitragem porque imagens de TV, no exemplo mais clássico, não podem ser usadas.
São especialmente os que acreditam que a maior graça do futebol está nas polêmicas geradas pelos tais crimes, os que adoram quando o seu time vence por 1 a 0 no minuto 96 com um gol roubado. Que todos viram (isso é o melhor, ou o pior, de tudo)!
Todas essas chulas definições servem para expressar a opinião da coluna sobre o uso da tecnologia no futebol (não lembro de ter feito neste espaço nos últimos 12 anos uma defesa do tema). O árbitro (livre arbítrio?) Howard Webb foi sensacional ao marcar aquele pênalti para o Brasil simplesmente porque FOI pênalti. Não sei como ele soube que foi pênalti, assim como eu não sei como Horacio Elizondo ficou sabendo que Zidane tinha cabeceado Materazzi (ele diz que foi pelo quarto árbitro).
Só sei que ele(s) acertou(aram).
Isso me basta enquanto testemunha que não quer ser cúmplice. Confesso que já zombei algumas vezes de colegas por erros de arbitragem contra suas equipes (""juiz rouba para time grande", ""na hora H juiz vê camisa", ""time grande não cai" etc.), porém não concordei com os erros.
Confesso que já fui criminoso em campo várias vezes, mas era algo amador, lúdico (ok, nem sempre).
Acabo de ver mais uma temporada de ""24 Horas" (de forma não oficial, admito), mas não escrevo aqui inspirado por Jack Bauer, herói que fere inúmeras regras para fazer o que, no final, é o ""certo". Digamos que ele seja um justiceiro que corrige falhas decorrentes do sistema ou das leis (o Jack é demais até como exemplo). Acho que o juiz de futebol deve ser isso. Pelo menos enquanto as regras (a permissão do uso do vídeo para tirar dúvidas sobre lances capitais e polêmicos) não mudarem.

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br


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