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OPINIÃO
Que jorrará dinheiro público, é fora de dúvida
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente da CBF jamais escondeu que o Morumbi não seria o estádio da
Copa de 2014 em São Paulo,
por mais que o presidente da
República quisesse, o ministro do Esporte apoiasse e o
governador de São Paulo fechasse a questão.
E o cartola, uns dos homens mais poderosos do
país, porque com o mandato
que a Fifa lhe deu para dar
sempre a última palavra, tinha a parceria, discreta, do
prefeito da cidade.
Não deu outra.
O presidente da CBF detesta o presidente do São
Paulo, que ainda tentou ser
simpático e deve estar morrendo de arrependimento,
porque até votar nele votou
em sua última já tradicional
reeleição, com o que quebrou uma atitude do
clube tricolor.
O Piritubão sempre foi a
preferência do cartola da
CBF, porque é também a do
seu parceiro da Traffic, do
secretário-geral da Fifa, do
presidente da Federação
Paulista de Futebol, do secretário de Esporte do município, enfim, dos que veem
na nova arena uma oportunidade extraordinária de negócio, futebol e shows, em
uma área desapropriada pela prefeitura paulistana e declarada de utilidade pública.
Se não bastasse, interessa
também ao Corinthians, cujo presidente chefia a delegação brasileira na África do
Sul e quer um Piritubão, como o Botafogo ganhou o Engenhão, feito para o Pan-
-Americano de 2007.
Simples assim.
Que jorrará dinheiro público, por mais que garantam o
contrário no governo estadual e na prefeitura paulistana, é fora de dúvida.
E o próximo presidente ou
presidenta da República que
se prepare: a faca no peito, a
urgência urgentíssima, a dispensa de licitação, tudo isso
vem aí a toque de caixa.
Porque só São Paulo e Rio
de Janeiro têm parques hoteleiros capazes de abrigar o jogo inaugural da Copa do
Mundo. E o Rio já fará a final
do Mundial de 2014.
Faltam nomes neste texto?
Ora, nomes para quê?
A questão jamais foi pessoal, é estrutural mesmo. E o
desrespeito com o seu, com o
meu, com o nosso suado dinheiro é habitual.
No Brasil e na África do
Sul, países ainda emergentes, com ares de terra de ninguém. Revolte-se.
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