São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2010

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OPINIÃO

Que jorrará dinheiro público, é fora de dúvida

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

O presidente da CBF jamais escondeu que o Morumbi não seria o estádio da Copa de 2014 em São Paulo, por mais que o presidente da República quisesse, o ministro do Esporte apoiasse e o governador de São Paulo fechasse a questão.
E o cartola, uns dos homens mais poderosos do país, porque com o mandato que a Fifa lhe deu para dar sempre a última palavra, tinha a parceria, discreta, do prefeito da cidade.
Não deu outra.
O presidente da CBF detesta o presidente do São Paulo, que ainda tentou ser simpático e deve estar morrendo de arrependimento, porque até votar nele votou em sua última já tradicional reeleição, com o que quebrou uma atitude do clube tricolor.
O Piritubão sempre foi a preferência do cartola da CBF, porque é também a do seu parceiro da Traffic, do secretário-geral da Fifa, do presidente da Federação Paulista de Futebol, do secretário de Esporte do município, enfim, dos que veem na nova arena uma oportunidade extraordinária de negócio, futebol e shows, em uma área desapropriada pela prefeitura paulistana e declarada de utilidade pública.
Se não bastasse, interessa também ao Corinthians, cujo presidente chefia a delegação brasileira na África do Sul e quer um Piritubão, como o Botafogo ganhou o Engenhão, feito para o Pan- -Americano de 2007.
Simples assim.
Que jorrará dinheiro público, por mais que garantam o contrário no governo estadual e na prefeitura paulistana, é fora de dúvida.
E o próximo presidente ou presidenta da República que se prepare: a faca no peito, a urgência urgentíssima, a dispensa de licitação, tudo isso vem aí a toque de caixa.
Porque só São Paulo e Rio de Janeiro têm parques hoteleiros capazes de abrigar o jogo inaugural da Copa do Mundo. E o Rio já fará a final do Mundial de 2014.
Faltam nomes neste texto?
Ora, nomes para quê?
A questão jamais foi pessoal, é estrutural mesmo. E o desrespeito com o seu, com o meu, com o nosso suado dinheiro é habitual.
No Brasil e na África do Sul, países ainda emergentes, com ares de terra de ninguém. Revolte-se.


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