São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2007

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GINÁSTICA

Jade se recupera e quebra jejum de 16 anos do Brasil

Após chorar na véspera, atleta vence no salto, no primeiro ouro de feminino desde Havana-91, e leva bronze no solo

Ginasta carioca de 16 anos triunfa em decisão na qual não teve pela frente a americana Shaw Johnson, 15, dona de quatro ouros

DOS ENVIADOS AO RIO

Após a falha no domingo nas paralelas assimétricas, pela qual perdeu o individual geral, a ginasta Jade Barbosa,16, recuperou-se e conseguiu o ouro no salto no Pan-2007. Ainda ficou com um bronze no solo.
No total, somou três medalhas, com a prata por equipes garantida no sábado. Assim, tornou-se o segundo melhor membro da equipe brasileira no Pan, atrás apenas de Diego Hypólito, que levou dois ouros.
Jade arrematou a única medalha de ouro do evento que escapou às norte-americanas. Só a ginasta Shaw Johnson, 15, ficou com quatro títulos na competição continental, inclusive o individual geral.
Uma das mais jovens da equipe brasileira, Jade mostrou-se bem mais tranqüila no seu terceiro dia de competições. Desde que Daiane anunciou que não disputaria provas individuais, por contusão, foi a ginasta carioca quem se tornou a principal esperança de medalhada e sofreu com essa pressão, como disse no domingo.
Até o início deste ano, ela não tinha participado de campeonatos do porte do Pan -esteve só em dois torneios no exterior.
Para seu pai, César Barbosa, o salto é um aparelho mais fácil para uma ginasta mais jovem. Isso porque não há momentos de parada em que pode perder a concentração ao ouvir a multidão, como nas paralelas assimétricas, em que falhou.
Assim como no domingo, Jade também falhou na trave ontem, o que a impediu de obter uma outra medalha. Perdeu o equilíbrio e teve que subir de novo no aparelho. Mas ela não era uma das favoritas na prova.
Mais jovem do que Jade, Johnson já competiu em pelo menos quatro torneios internacionais antes do Pan. Ela era júnior até 2006, quando arrematou todos os títulos do campeonato nacional da categoria. Os EUA vieram ao Brasil com uma equipe mista, de estrelas e jovens atletas, no feminino. Mas o time deve fornecer atletas para Pequim, segundo o Comitê Olímpico Americano.
Mas já era a maior aposta americana por conta de resultados -inclusive para a Olimpíada. Tanto que superou a compatriota Nastia Liukin, atual campeã mundial geral.
Na prova em que se tornou campeã, Jade não enfrentou Johnson. Sua rival mais próxima foi a também uma americana, Amber Trani. Mas seus dois saltos lhe somaram 14.912, quase dois décimos acima da rival.
Ela já era a favorita para essa prova, já que obtivera a maior nota nas eliminatórias. Jade também tinha a melhor nota no solo feminino.
Por isso, havia uma esperança de ouro neste aparelho, segundo as projeções da Confederação Brasileira de Ginástica. Mas, no solo, ela cometeu pequena falha em uma aterrisagem e saiu da linha do tablado. Com isso, levou o bronze: ficou atrás de duas americanas. O ouro foi para Rebecca Bross, Johnson levou a prata.
Ao final de todas as provas, principalmente o salto, era visível o alívio no rosto de Jade. Desta vez, ela não repetiu o choro de anteontem, quando deixou a arena em prantos.
Para o Brasil, é o terceiro ouro no feminino na história. Os outros são de Luisa Parente, de 1991, que competia sozinha.
(LUÍS FERRARI E RODRIGO MATTOS)


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