|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Pai de ginasta reclama de ruído de fãs
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Muita platéia a favor também atrapalha. Essa foi a versão da ginasta Jade Barbosa,
16, sobre sua falha na apresentação em equipes no Pan,
segundo o relato de seu pai, o
arquiteto César Barbosa.
"Ela disse que o público pulando e fazendo barulho a
desconcentrou um pouco."
Ele afirmou que tentou
passar tranqüilidade à filha
após a queda de anteontem
na disputa das barras assimétricas. Ontem, Jade ganhou o ouro e foi ovacionada.
"Eu acho bacana o apoio,
mas, em alguns momentos,
tem que fazer um pouco mais
de silêncio", afirmou.
Recém-promovida para a
equipe adulta, Jade surpreendeu com bons resultados nas etapas do Mundial
na França e na Alemanha.
Apesar do desempenho, o pai
acredita que ela ainda seja
inexperiente em competições de grande porte.
"Foi a primeira vez que ela
disputou com uma torcida
tão entusiasmada. Acho que
faltou um pouco de experiência [anteontem]. Hoje
[ontem] ela estava mais calma, com menos pressão."
Órfã desde os nove anos, a
carioca sempre se cobrou
muito, segundo o pai. Desde
a morte da mãe, Janaína Fernandes, vítima de um aneurisma cerebral, ela passou a
ser mais fechada e amadureceu rapidamente, contam o
pai e o avô materno da atleta,
Wilson Fernandes, 73. Acabou se responsabilizando
muitas vezes pelo irmão
mais novo, Pedro, 10.
"Converso muito com ela.
Mas acho que tem coisas de
menina que só se conversa
com mãe. E ela sente muita
falta disso", lamentou o pai.
César acredita que as lágrimas após a queda de anteontem expressavam mais do
que a dor pela perda da medalha. "Acho que, quando ela
erra, acaba vindo na cabeça
dela a imagem da mãe. Mas
ela sempre se superou."
Jade começou a treinar no
Flamengo aos seis anos. A ginástica artística, no entanto,
não foi o primeiro esporte.
Aos cinco, os pais a inscreveram em uma aula de natação
no Clube Sírio-Libanês, em
Copacabana, para "ver se
acalmava". Não adiantou.
"Piorou. Aí que ela se agitou ainda mais. Subia em tudo, pendurava-se em tudo o
que aparecia", contou o pai,
que levou Jade para treinar
ginástica no Flamengo.
Hoje, treina no centro da
confederação, em Curitiba.
Texto Anterior: Ginástica: Jade se recupera e quebra jejum de 16 anos do Brasil Próximo Texto: [+]Entrevista: Pai só acalma atleta após 1 hora de papo Índice
|