São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2007

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Pai de ginasta reclama de ruído de fãs

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Muita platéia a favor também atrapalha. Essa foi a versão da ginasta Jade Barbosa, 16, sobre sua falha na apresentação em equipes no Pan, segundo o relato de seu pai, o arquiteto César Barbosa. "Ela disse que o público pulando e fazendo barulho a desconcentrou um pouco."
Ele afirmou que tentou passar tranqüilidade à filha após a queda de anteontem na disputa das barras assimétricas. Ontem, Jade ganhou o ouro e foi ovacionada.
"Eu acho bacana o apoio, mas, em alguns momentos, tem que fazer um pouco mais de silêncio", afirmou.
Recém-promovida para a equipe adulta, Jade surpreendeu com bons resultados nas etapas do Mundial na França e na Alemanha. Apesar do desempenho, o pai acredita que ela ainda seja inexperiente em competições de grande porte.
"Foi a primeira vez que ela disputou com uma torcida tão entusiasmada. Acho que faltou um pouco de experiência [anteontem]. Hoje [ontem] ela estava mais calma, com menos pressão."
Órfã desde os nove anos, a carioca sempre se cobrou muito, segundo o pai. Desde a morte da mãe, Janaína Fernandes, vítima de um aneurisma cerebral, ela passou a ser mais fechada e amadureceu rapidamente, contam o pai e o avô materno da atleta, Wilson Fernandes, 73. Acabou se responsabilizando muitas vezes pelo irmão mais novo, Pedro, 10.
"Converso muito com ela. Mas acho que tem coisas de menina que só se conversa com mãe. E ela sente muita falta disso", lamentou o pai.
César acredita que as lágrimas após a queda de anteontem expressavam mais do que a dor pela perda da medalha. "Acho que, quando ela erra, acaba vindo na cabeça dela a imagem da mãe. Mas ela sempre se superou."
Jade começou a treinar no Flamengo aos seis anos. A ginástica artística, no entanto, não foi o primeiro esporte. Aos cinco, os pais a inscreveram em uma aula de natação no Clube Sírio-Libanês, em Copacabana, para "ver se acalmava". Não adiantou.
"Piorou. Aí que ela se agitou ainda mais. Subia em tudo, pendurava-se em tudo o que aparecia", contou o pai, que levou Jade para treinar ginástica no Flamengo.
Hoje, treina no centro da confederação, em Curitiba.


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