São Paulo, quarta-feira, 18 de julho de 2007

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Diego leva dois ouros e entra para a história

Atleta é o primeiro do país a ganhar título no Pan na ginástica masculina

Mosiah Rodrigues triunfa na barra fixa, lembra horas difíceis e diz que a torcida atrapalhou ao se manifestar durante sua apresentação

DOS ENVIADOS AO RIO

Diego Hypólito, 21, entrou para a história da ginástica masculina ontem como o primeiro brasileiro a faturar um título em Pans. E levou dois.
De quebra, ele encerrou um jejum de conquistas de 16 anos da ginástica brasileira, que não ganhava títulos desde Havana-91 (seu primeiro ouro saiu antes do obtido Jade Barbosa).
Mais tarde, Mosiah Rodrigues triunfou na barra fixa.
Não foi preciso que os jornalistas comentassem com Diego as marcas. O próprio atleta deixou sua segunda cerimônia de premiação destacando os feitos. "É uma honra ser o primeiro atleta da ginástica masculina a ganhar uma medalha de ouro. Uma não, duas. Igualei a Luisa Parente, que teve dois ouros em 91", declarou o ginasta, campeão no solo e no salto.
Rindo, ele falou que o objetivo principal era competir bem. "Mais vieram duas de ouro... Fui egoísta, mas não porque eu queria. O que eu queria mesmo era representar bem o país."
Indagado se já se sentia no papel de um ídolo do esporte nacional, Diego desconversou: "Não é o objetivo principal."
A seguir, revelou gostar da experiência de ser reconhecido. "Isso é um incentivo para as crianças. Vejo aqui milhões de crianças gritando meu nome. Vale a pena esse trabalho."
No fim de semana, ele faturara a prata por equipes. Foram as três provas de que participou neste Pan. "Os pódios valem mais que tudo", disse, ao ser indagado a respeito de ter ido a 100% dos pódios que almejava.
Se tivesse competido em mais eventos o Brasil teria mais medalhas? "Não sei. Sei é que estou muito feliz." Após a premiação do salto -sua segunda conquista-, Diego pediu que lhe trouxessem as outras duas medalhas que obtivera. O campeão ainda agradeceu a Renato Araújo, seu técnico na seleção e no Flamengo, com quem treina há 13 anos. "Essas medalhas não são só minhas, são do Brasil e do meu treinador."
Desde que se integrou à seleção, o ginasta sempre fez questão de destacar o trabalho dos treinadores Araújo e Leonardo Finco. Em uma de suas entrevistas coletivas, inclusive, lembrou "que são brasileiros". Diferentemente da comissão técnica da seleção feminina, que é composta de ucranianos.
O ginasta até a vislumbrou um Pan em casa sem medalhas. "Ficaria triste, mas faz parte do trabalho, nem sempre a gente ganha, mas graças a Deus elas [as medalhas] vieram".
Ele ganhou a primeira medalha ontem do ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior.
Já Mosiah, que chorou no pódio, lembrou momentos difíceis. "Vinha treinando concentrado com meu técnico e tive que ouvir muita coisa calado."
Sobre a prova, ele reclamou do público. "O povo brasileiro tem essa coisa de torcer a favor e contra. Fui o primeiro a fazer a barra e isso talvez tenha puxado minha nota para baixo."
E comentou que sofreu muito aguardando as performances dos concorrentes. "Tive que esperar sete atletas até poder comemorar", disse o gaúcho.
(LUÍS FERRARI E RODRIGO MATTOS)


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