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Como Bala, Nilo cai por último e assegura a vitória
Nadador mineiro, a exemplo de Edvaldo Valério, supera rivais no sprint final do revezamento, agora no 4 x 200 m
Atleta diz que atuação de
colega lhe deu motivação e
recebe elogio do medalhista olímpico, que almeja 2008 mas ameaça deixar piscinas
DA SUCURSAL DO RIO
E DO ENVIADO AO RIO
Nicolas César de Oliveira, 19,
o Nilo, chegou ainda desconhecido ao Pan. Estudante de comércio exterior e marketing na
Universidade do Arizona
(EUA), o nadador mineiro tem
como sonho comprar uma casa
para o pai, em Natal.
Tenta ser bem-sucedido graças ao esporte. "Fui para os
EUA para conciliar os treinos
com o estudo", disse Nilo.
Ele foi decisivo para o primeiro ouro brasileiro na história do Pan no revezamento 4 x
200 m livre. Caiu na água 21
centésimos atrás do norte-americano Robert Margalis.
Nilo -que fechou a prova,
após Thiago Pereira, Rodrigo
Castro e Lucas Salatta- assegurou a vitória em 7min12s27,
novo recorde do Pan e sul-americano. Os Estados Unidos acabaram com 7min15s00.
"Ele [Nilo] sempre fechou
bem o revezamento do Minas
[clube do nadador]. Sob pressão, ele sempre deu resultado",
afirmou Thiago Pereira.
O novato repete, sete anos
depois, a trajetória de outro negro, Edvaldo Valério, que brilhou na Olimpíada de Sydney-2000. Nome menos badalado
do 4 x 100 m livre, que tinha
Gustavo Borges, Fernando
Scherer e Carlos Jayme, o baiano, na época com 22 anos, assegurou a medalha de bronze.
"O desempenho dele [Nilo]
lembra o que aconteceu comigo
em Sydney. Naquela ocasião,
peguei o revezamento em quinto. Bate uma adrenalina muito
grande", contou Valério, 29.
"Você pensa: "Agora vou nadar como nunca". Para quem
está atrás, é mais fácil. O cara
que tem vantagem começa a
sentir quando vê que alguém se
aproxima, descoordena o nado,
sente a pressão, pois tem a obrigação de manter posição."
A bola da vez tem como meta
a final olímpica que Valério já
alcançou. Nilo garantiu vaga no
Rio também nos 200 m livre,
além do 4 x 100 m livre. No Arizona, ele treina com o sul-africano Ryk Neethling, campeão
olímpico em Atenas-2004.
"Antes de cair na piscina, vi o
Lucas pau a pau com o americano [Andy Grant] até os 150 m.
Pensei: "Vai cair na minha mão".
Nos últimos 50 m, Lucas cresceu demais. Aquilo me deu motivação", contou Nilo.
Em 2000, Valério, conhecido
como Bala, surpreendeu. "Caí
na água para fazer o meu melhor. Não me pus muita pressão", disse Valério. Um ano
após a Olimpíada, o baiano perdeu seus patrocínios. De 2002
até 2006, ele não conseguiu
bons resultados. Valério ficou
fora de Atenas-04 e do Pan de
2003. Também não obteve
classificação para o Rio-2007.
"Tive que correr atrás de
apoio, deixava de treinar direito por isso. Fiquei desmotivado. Meu filho [Eduardo, 3] nasceu, e passei a me dedicar mais
à família", disse Valério.
Desde 2006, ele defende o
Grêmio Náutico União, de Porto Alegre. "Não tenho patrocínio, mas ganho o salário do clube." Passa a maior parte do ano
na capital gaúcha. "Agora, só
vou a Salvador no final do ano."
Pouco antes do Pan, no Troféu Maria Lenk, o Brasileiro de
natação, ficou em segundo nos
50 m livre e em sexto nos 100 m
livre. Os tempos não foram suficientes para o Pan.
"Fiz o meu melhor nas seletivas, mas foram as mais fortes
dos últimos tempos. Estou
dando tudo de mim para Pequim-2008. Se até o ano que
vem não conseguir nada, eu devo encerrar a carreira."
O baiano diz não ser necessário dar conselhos a Nilo. "Ele
está fazendo tudo certo até agora. Desde que foi para os EUA,
teve uma melhora absurda."
Sete anos após o bronze, Valério mantém a rotina de treinos. E divide espaço em república com outros atletas de seu
clube.
(FABIO GRIJÓ E PAULO COBOS)
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