Após reunião com Marcelo Teixeira, técnico santista volta atrás na decisão de se demitir e comandará time no domingo

Para mandatário santista, treinador tem perfil da nova filosofia do clube e teve pouco tempo para que seu trabalho seja contestado

Vânia Delpoio/Agência O Globo

Insatisfeitos com a péssima campanha do Santos no Campeonato Brasileiro, torcedores do time protestam no aeroporto de Congonhas, onde o elenco desembarcou após derrota em Florianópolis

RICARDO VIEL
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS

No Brasil, a máxima "futebol é resultado" é tão velha quanto verdadeira. Mas o técnico Cuca, do Santos, tem contrariado essa lógica nos últimos dias.
Ontem, o presidente do clube da Vila Belmiro, Marcelo Teixeira, anunciou a permanência do treinador no comando da equipe. Um dia antes, o técnico havia entregue o cargo no vestiário, após a derrota para o Figueirense, em Santa Catarina.
"Conversamos ontem [anteontem] ao final da partida, ainda no vestiário. Ele colocou seu cargo à disposição da diretoria, e dissemos a ele que iríamos amadurecer melhor a idéia. Nada melhor do que uma noite bem dormida", declarou o presidente santista. "O Cuca entendeu que a responsabilidade é de todos, e não só dele, e vai permanecer", acrescentou.
Segundo Teixeira, em duas conversas -na madrugada após o jogo e ontem, no início da tarde-, foi mostrado a Cuca sua "responsabilidade" no processo de renovação do Santos, o que o convenceu a ficar.
"No futebol temos que ter um tempo para que o trabalho seja exigido. Não poderíamos exigir do Cuca de imediato", justificou o dirigente.
A conversa, segundo o presidente do Santos, foi para demonstrar ao treinador a "importância" do prosseguimento dele na função. "A filosofia que empregamos hoje é toda ela também baseada no perfil do treinador e nas características dos jogadores que trouxemos, então é muito importante a continuidade do trabalho".
Teixeira afirmou também que conversou com a comissão técnica sobre a permanência do técnico e comunicou o elenco. Embora afirme que o time precisa voltar a vencer "rapidamente", o cartola preferiu não fixar um prazo para que o trabalho de Cuca seja avaliado.
O técnico esteve ontem no CT Rei Pelé, mas saiu sem dar entrevistas. Cuca assumiu o clube há oito rodadas e ainda não venceu. A equipe só conquistou uma vitória no Brasileiro e está na penúltima colocação, na zona de rebaixamento à segunda divisão. Os maus resultados e conflitos internos levaram à saída de seu antecessor, Emerson Leão.
Ontem, no desembarque do elenco santista em São Paulo, houve protesto de torcedores, que cobraram jogadores, treinador e diretoria. Cuca se limitou a dizer que ainda conversaria com Teixeira e que à tarde, em Santos, haveria um pronunciamento sobre a situação.
Sobre essas manifestações, o presidente do Santos considerou as manifestações naturais e pediu apoio dos torcedores para "ajudarem" a tirar o clube da zona do descenso à Série B.
"A saída de Cuca não é a solução do problema. Todos têm sua parcela de responsabilidade e todos tiraremos o Santos dessa situação, com o apoio do torcedor", disse Teixeira.


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