RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Q ual liga será a melhor hoje: a da Espanha, do todo-poderoso Real Madrid, a da Inglaterra, do milionário Manchester United, ou a da Itália, do tradicional trio Juventus-Inter-Milan?
Poucas vezes foi tão difícil responder a essa pergunta. Nem tanto porque a disputa está parelha com o crescimento do Espanhol e do Inglês e com a caída do Italiano. Mais porque todo mundo está em crise. Talvez a melhor pergunta atualmente seja qual será a menos pior liga nacional hoje.
Sem querer exagerar, mas já dando uma forçada de barra (é lógico que valerá a pena, como sempre, acompanhar os três torneios), a realidade financeira, a condição física de algumas estrelas, a condição técnica de algumas "enganações", a ressaca ainda do Mundial e a concorrência com a Copa dos Campeões são adversários das três fortes ligas.
O eldorado do futebol está menos rico (forma suave de dizer mais pobre). O Real Madrid está doido para gastar muitos milhões de euros em Ronaldo ou Shevchenko, mas a Espanha toda está assustada com as poucas contratações realizadas pelos clubes do país nas últimas semanas.
O Manchester United pode ter feito a loucura de pagar quase US$ 50 milhões por um zagueiro, Rio Ferdinand, mas isso não esconde que suas ações na Bolsa caíram 42,7%. O valor dos clubes ingleses no mercado, em média, é 1/3 menor hoje do que no início da temporada passada -conjuntamente, as ações dos times ingleses foram desvalorizadas em US$ 830 milhões nos últimos 12 meses.
Na Itália, como se já não fosse pouco a falência de um clube do porte da Fiorentina, o torneio deverá ter seu início postergado. Juventus, Milan e Inter, para falar só de gigantes, estão perdendo craques para outros países.
Quem tem um pouco (muito para quem tem moeda brasileira, argentina, uruguaia...) de bala na agulha dá acertadamente preferência para a Copa dos Campeões. O Campeonato Inglês, por exemplo, começa com três candidatos ao título, mas Manchester e Arsenal, mais que o Liverpool, jogam o grosso de suas fichas no mais nobre interclubes europeu.
O Real Madrid, uma ilha de estrelas internacionais cada vez mais solitária no mar, então nem se fala. Ainda celebra centenário e sonha com a décima (dá para imaginar?) Copa dos Campeões. Talvez por isso dê uma chance aos concorrentes ao Espanhol, o que já aconteceu neste ano.
Os times italianos, de uma forma geral, estão vivendo uma realidade tão diferente da que tiveram nos anos 80 e 90 que mal esperam conquistas continentais -já estão se acostumando a ver final entre espanhóis ou triunfos de Manchester, Bayern etc.
A conquista do scudetto, porém, é algo ainda tão prestigioso que, para um clube como a Inter de Milão, na fila desde 1989 e uma força mesmo com a possível saída de Ronaldo, figura como uma coisa quase tão grandiosa quanto a Copa do Mundo ganha pelo seu ingrato atacante (pesquisa na Itália aponta que 70% dos torcedores do país pensam isso dele).
Zidane, Figo, Raúl, Roberto Carlos e Riquelme de um lado. Beckham, Verón, Owen, Bergkamp e Henry de outro lado. Rivaldo, Vieri, Davids, Del Piero e Redondo de um outro lado. Sem saber ainda em qual desses lados estará Ronaldo, dá para dizer qual é o melhor dos três campeonatos? Ou qual é o menos pior?

O pior
Levar uma multa de 10 mil libras (US$ 16 mil) nunca é legal. Imagina levar só por ter usado o banheiro do juiz sem autorização. Foi o que ocorreu com Robbie Savage, do Leicester, na Inglaterra.

O melhor
A idéia de dar uma parada de inverno no Campeonato Inglês deu uma esfriada. Poderemos ver jogos desde o começo de 2003.

O pior
O Inglês, esperava-se, sairia por 315 milhões de libras (3 anos) para a ITV Digital. Acabou saindo por 95 milhões (4 anos) para a BSkyB. Assim Keith Harris, presidente da liga inglesa, saiu.

O melhor
Na próxima coluna, a menos que aconteça algum imprevisto, devo soltar os tradicionais palpites para os torneios europeus.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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