São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2004

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POLÍTICA

Durante campanha em Atenas, cidades candidatas prometem fim dos gastos faraônicos para atender opinião pública e tentar evitar equívocos dos gregos

Jogos-2012 abrem caça aos elefantes

MARCELO DIEGO
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

As cinco cidades que disputam a primazia de organizar os Jogos de 2012 apresentaram em Atenas, aos membros do COI (Comitê Olímpico Internacional), seus planos de vôo. Prometeram esquemas mirabolantes de segurança, eficiência no cumprimento de prazos, mas, principalmente, contenção de despesas.
É quase uma volta ao passado. Em vez de obras portentosas e esquemas gigantescos, Londres, Moscou, Madri, Nova York e Paris (as finalistas) ressaltaram a intenção de utilizar estruturas já existentes, apenas melhoradas. A idéia é gastar o mínimo possível do dinheiro público para abrigar os Jogos. O resultado da cidade escolhida sairá em julho de 2005.
Sediar uma Olimpíada não é tarefa barata. O governo grego já gastou US$ 8,6 bilhões com a atual edição dos Jogos -52% a mais do que as despesas inicialmente previstas. Só o esquema de segurança consumiu US$ 1,5 bilhão. É grande a chance de Atenas-2004 registrar o primeiro déficit desde Montréal-76.
Embora as obras erguidas sejam um legado para a cidade, o país registrará neste ano déficit de 4% do PIB (Produto Interno Bruto) em suas contas públicas. Para os Jogos futuros, o COI quer que tal resultado não se repita.
Com isso na cabeça, os responsáveis pelas cinco apresentações repetiram termos como "ênfase no atleta" e "herança sustentada para a cidade".
As apresentações tiveram outros pontos em comum, como o destaque a um melhor esquema de transporte público. Como as cinco finalistas para 2012 são todas cidades cujo fluxo de turistas é muito alto, já desfrutam de uma boa infra-estrutura.
Moscou disse que mais de 70% dos locais de competição já existem. São ginásios montados para a Olimpíada de 1980 e que ainda estão em ótimas condições. Os responsáveis pela candidatura russa disseram que a escolha da cidade seria "livre de risco".
Os membros da candidatura de Madri seguiram a mesma trilha. Apesar de nunca ter sediado uma Olimpíada, a cidade diz que já conta com quase 80% da estrutura pronta, o que inclui o maior sistema de metrô da Europa.
Nova York mostrou um orçamento de US$ 13 bilhões em obras de revitalização, mas, para não assustar o COI, exibiu números de sua força financeira. A cidade ressalvou que 60% dos locais de disputa já estão prontos. Bateu pé na questão da segurança e prometeu regras específicas de vistos para turistas e atletas poderem entrar na cidade durante a Olimpíada.
Paris tentou sensibilizar os possíveis eleitores com o charme de locais já bastante conhecidos. A idéia é que as partidas de tênis aconteçam nas quadras de Roland Garros, o futebol seja disputado no estádio do Paris Saint-Germain, e o vôlei de praia tenha jogos em uma arena provisória montada ao lado da Torre Eiffel.
O premiê Tony Blair apareceu em um vídeo pedindo votos a favor de Londres. Segundo ele, os gastos estimados de 10 bilhões de libras serão desembolsados de qualquer maneira nos próximos anos, na modernização do sistema de transporte da cidade.


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