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Rei da América, Inter quer regar raízes
Após primeiro título internacional, clube gaúcho visa o domínio da torcida na região Sul, rejeitando expansão pelo país
Conquista da Libertadores
impulsiona projeto colorado
para superar a torcida do
Grêmio até 2009, ano em
que o Inter faz cem anos
MÁRVIO DOS ANJOS
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No Beira-Rio, antes da decisão da Libertadores entre São
Paulo e Internacional, o hino
do Rio Grande do Sul foi cantado três vezes. O hino do Brasil
foi entoado uma vez.
Simbólica, a predileção sinaliza também a prioridade do
novo campeão da América. Na
contramão das equipes do eixo
Rio-São Paulo, o Inter não pensa na nacionalização. Ao contrário, quer fidelizar seu público regional e, principalmente,
ultrapassar o rival Grêmio como a massa mais numerosa.
"Queremos crescer no Sul,
regionalizados. O produto futebol vende bem com a emoção,
com torcedores próximos",
conta o vice-presidente Mário
Sérgio Martins Silva. "Os torcedores do Sul são mais consumidores do que os do Nordeste."
Pela pesquisa Datafolha, de
maio de 2006, Grêmio e Inter
têm empate técnico em torcidas, no Sul e no país. Mas as oscilações mostram tendência de
predomínio dos gremistas.
O Grêmio tem 4% na última
enquete, contra 3% dos colorados. No Sul, o Inter tem 19%,
contra 21% dos rivais.
Esse retrato explica-se pelo
jejum de 13 anos de títulos nacionais e internacionais dos colorados. No período, os gremistas ganharam a Libertadores e
o Nacional. Em relação ao rival,
ainda falta ao Inter um Mundial, que jogará no final do ano.
"Queremos alterar a gangorra, o que fatalmente vai acontecer com mais conquistas. Nosso projeto é virar até 2009, ano
do centenário", diz Silva, que
prevê crescimento em Santa
Catarina e no Paraná.
A diretoria gremista atribui o
aumento de sua torcida aos títulos dos anos 80 e 90. Mas não
vê efeito do título colorado na
Libertadores a curto prazo.
"Acho que isso só pode acontecer a longo prazo", afirma o
presidente do Conselho Diretor do Grêmio, Túlio Macedo.
Nas finanças, o Inter supera o
rival e projeta alavancar mais
suas receitas, com a torcida.
O Internacional já atingiu a
marca de 42 mil sócios, que não
pagam ingressos e geram R$ 1,2
milhão por mês. Dirigentes estudam mudar a fórmula atual.
Há duas opções: a mensalidade vai dobrar ou os sócios terão
de pagar uma quantia, com desconto, pelos ingressos. Renovar
os contratos de patrocínio, com
reajuste de 30%, é outra idéia.
"Pretendemos fidelizar mais os
sócios", diz o gerente de marketing do time, Edu Pesce Filho.
Neste ano, com o título e a
negociação de atletas, a receita
do Inter já vai saltar para até R$
70 milhões, contra uma previsão inicial de R$ 48 milhões.
São números que aproximam
o clube das rendas do eixo Rio-SP, em 2005. Dividido por Inter e Grêmio, o Sul é a única região em que Flamengo e Corinthians não dominam.
E, agora, o Inter quer justificar a frase escrita em seu estádio: maior torcida do Sul.
A estratégia colorada contrasta com os planos de várias
outras agremiações. Em 2005,
o São Paulo lançou projeto para
se tornar a maior torcida no
Brasil. Ao chegar, Kia Joorabchian, da MSI, dizia que o Corinthians tinha que ser o número 1 do mundo. E o Flamengo
sempre enfatizou o caráter nacional de sua torcida.
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