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FÁBIO SEIXAS
O chato
É emblemático que até o
linguarudo Villeneuve só
tenha concedido entrevista
tão bombástica no ocaso
NÃO SÃO dois, três ou meia dúzia. São todos. Todos os pilotos da F-1 que já ouvi comentando sobre os "drivers" briefings",
as reuniões pré-GP, lançaram em algum momento a mesma opinião.
O encontro teria sido melhor não
fosse... Villeneuve. Villeneuve, dizem, é chato. É insuportavelmente
maçante. É irritantemente detalhista. É propositalmente provocador.
Relatam os pilotos que o canadense reclama de tudo, da cor do aerofólio traseiro de certa equipe à altura
da grama em certo ponto de determinado autódromo -e esses não
são exemplos criados pela coluna.
Mais de uma vez, pitacos fora de
hora em discussões que não o envolviam ou em que era melhor ficar calado quase viraram pancadarias.
Numa das primeiras reuniões depois do acidente que matou um fiscal em Melbourne-2001, atacou
Montoya por uma manobra estapafúrdia qualquer. Ouviu um "pelo
menos não mato ninguém". Em
2003, disse que se aposentaria caso
ficasse atrás de Button, seu companheiro -ao fim do ano, tinha 6 pontos, contra 17 do inglês. Na frente de
todos, criticou ao menos dois brasileiros, Diniz e Rosset, que, segundo
ele, não tinham categoria para a F-1
-sobre o segundo até estava certo.
A última explodiu ontem. A "F1
Racing", uma das duas melhores revistas de motor do planeta -a outra
é a "MotorSport"-, revelou trechos
da entrevista com o campeão de 97
que recheará sua próxima edição.
"Michael joga sujo e não é um
grande ser humano." Ou: "Senna jogava sujo, mas o fazia com mais classe, mais integridade. Em Suzuka-90,
ele já tinha avisado antes que tiraria
o Prost da corrida. Enquanto o Michael fez aquela coisa ridícula de clamar inocência em Mônaco, o Senna
dizia: "É, fiz, mas eu tinha avisado todo mundo que eu ia fazer'". Ou: "Michael mente para seu fãs. E a parte
mais triste é que eles acreditam".
E segue, metralhadora como há
tempos não se via na F-1. Sem entrar
no mérito das opiniões, suas rajadas
merecem algumas considerações.
É emblemático que o piloto mais
linguarudo da última década só tenha concedido entrevista tão bombástica depois de finda a carreira. É
o mais claro exemplo do poder das
mordaças que calam e/ou pasteurizam os discursos de todo o grid.
Quisesse abrir o bico no mês passado, Villeneuve possivelmente seria impedido pela BMW. Não pegaria bem funcionário da montadora
alemã atacar o maior ídolo do esporte alemão, mesmo sendo um rival.
Estivesse ele em outra equipe, a barreira seria um patrocinador, um dirigente mais afetado e por aí vai.
Se até o canadense negou a natureza para se curvar ao sistema, imagine a molecada. Por isso, após as
barbaridades de Schumacher em
Budapeste, tudo o que ouvimos de
Heidfeld foi um "ele bateu em mim e
destruiu a minha suspensão". Mais
nada. Ah, vai plantar batatas...
Não, Villeneuve não é chato. É diferente. Chatos são todos os outros.
DOIS MUNDOS
Enquanto tenta vaga de piloto de
testes na Toyota, na Honda, na Wil-liams e na BMW, Pizzonia considera fazer algumas provas na Stock.
Na segunda, andou em Curitiba. O
veredicto franco ao "Linha de Chegada", do Sportv: "O carro é ruim".
LISTAS
Schumacher é a 15ª celebridade
mais bem paga do mundo, segundo
a "Forbes": US$ 58 milhões no último ano -o líder é Spielberg, US$
332 mi. Na relação de "Business
F1", é o 17º homem mais poderoso
da categoria. Na dianteira, Ecclestone e Mosley, com uma novidade
em terceiro lugar: Mateschitz, o
dono da Red Bull. O primeiro entre
os pilotos é Raikkonen, em 14º.
SCHUMACÔMETRO
O resumo de toda a boataria na
semana: o alemão continua.
fseixas@folhasp.com.br
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