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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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DOPING

Agência Mundial Antidoping vai aprovar na próxima semana relação de substâncias proibidas nos Jogos Olímpicos

Atenas libera cafeína, mas não a maconha

DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de 1º de janeiro, atletas do mundo todo poderão tomar café à vontade e usar descongestionantes sem muita preocupação. A maconha, porém, continuará proibida. Essa é a tônica da nova lista da Wada, a Agência Mundial Antidoping, que será aprovada na semana que vem.
O documento, que vai reger a política antidoping dos próximos Jogos Olímpicos, Atenas-2004, já foi discutido e aprovado pelo Conselho Técnico da entidade. A votação, entre segunda e terça-feira, será apenas uma formalidade.
A Wada retirou da relação a cafeína e a pseudoefedrina, que sempre causaram polêmica em casos positivos de doping. Isso porque estão presentes em produtos "normais", do dia-a-dia.
A cafeína, no café, obviamente, e em alguns refrigerantes. A pseudoefedrina, em remédios para gripe e em descongestionantes.
As duas estão na atual lista de substâncias restringidas pela Wada. Só são consideradas dopantes acima de determinados níveis.
Mesmo assim, atletas flagrados frequentemente alegam esse "uso habitual" para declarar inocência.
"Tecnicamente, tudo foi discutido e acertado. Acredito que tudo será aprovado sem problemas", disse à Folha o brasileiro Eduardo de Rose, membro da Wada.
"A cafeína e a pseudoefedrina deixarão a lista, mas é claro que a Wada fará um belo monitoramento, para que possamos acompanhar o impacto dessa medida."
Segundo ele, o esteróide anabólico clostebol, encontrado em exame da saltadora Maurren Maggi, será mantido na relação. Caso tivesse sido excluído, ela ganharia um forte argumento para lutar pelo abrandamento da punição.
"Tínhamos que ajustar nossa lista ao mundo moderno, às mudanças de atitude e aos novos comportamentos dos atletas", afirmou o sueco Arne Ljungqvist, que chefia o departamento de pesquisas da Wada. "Mas não esperem nada revolucionário."
Esse foi o recado de Ljungqvist a uma corrente do COI (Comitê Olímpico Internacional) que defende que drogas sociais não poderiam ser consideradas doping.
Afinal, não houve nenhuma mudança nessa área. A maconha foi mantida na lista da Wada, apesar da pressão de médicos que alegam que a substância é um depressor, e não um estimulante.
"É uma droga que viola o espírito do esporte", explicou o sueco.
O Brasil teve um caso célebre no início deste ano. Giba, da seleção masculina de vôlei, foi suspenso por dois meses por uso da droga.
Ljungqvist deu outro recado. "Agora temos que olhar para a frente. Não vai adiantar nada imaginar como as coisas teriam sido no passado", declarou.
Ele se refere a atletas que foram punidos por uso de cafeína e pseudoefedrina nos últimos anos. E houve muitos casos.
O mais célebre, o da ginasta romena Andreea Raducan. Em Sydney-2000, aos 16 anos, ela teve sua medalha de ouro no individual geral cassada por uso de pseudoefedrina. O motivo: duas cápsulas de remédio para gripe.
Ainda durante os Jogos, a Corte de Arbitragem do Esporte reconheceu que ela foi vítima de um erro médico, mas manteve a punição à atleta, como "exemplo".


Com agências internacionais

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