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São Paulo, quinta-feira, 18 de setembro de 2003

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AÇÃO

"Step Into Liquid"

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

"Step Into Liquid", de Dana Brown, entrou em cartaz há quatro semanas nos EUA e, como poucos filmes de surfe fizeram até hoje (com a exceção hon-rosa do clássico "Endless Summer"), levantou uma onda de questionamentos sobre o esporte.
Tão grande que o "Los Angeles Times" dedicou uma página ao assunto. Mas, ao contrário do cult de 1966, que revelou em sua narrativa o espírito nômade e tranquilo do surfe e fez pensar, a contundência que "Step Into Liquid" gera é exatamente a oposta.
Mais precisamente, por causa da seguinte cena: surfistas sendo rebocados em jet-skis para ondas gigantes sobre pranchas tão modernas que podem subir a dois pés da superfície e atingir velocidades até hoje apenas sonhadas. São as hidrofoils, a última geração de pranchas rápidas, desenvolvidas especialmente para o tow-in.
Elas têm quilha em forma de asa, que serve para deixar a prancha muito sensível aos movimentos do surfista. Para o espectador desatento, a cena é só de tirar o fôlego; para quem surfa, ocasional ou profissionalmente, ela dá um "play" naquela parte adormecida do cérebro que nos leva a pensamentos mais profundos.
Para onde estará indo o esporte? Será o futuro do surfe escrito com a ajuda de motocicletas de água, que poluem e fazem barulho? Ou será esse apenas o discurso de tradicionalistas que se recusam a abrir uma nova janela?
Desde que foi criado, há menos de dez anos, o tow-in chamou a atenção pela ousadia. Com ele, surfistas, que até então amaldiçoavam a tribo dos proprietários de jet-ski, se viram capazes de dropar ondas de tamanho descomunal, que não poderiam ser domadas sem a ajuda da máquina.
Mas, com o tempo, ondas cada vez menores, perfeitamente "remáveis", começaram a ser surfadas com a ajuda de jet-skis e, exatamente aí, os protestos se agigantaram: a tribo se dividia pela primeira vez na história do surfe.
Tradicionalistas pregavam a proibição do jet-ski enquanto praticantes de tow-in pediam para que o esporte fosse visto apenas como mais uma variação do surfe, exatamente como o boby-surfing (nosso jacaré), o body-boarding, o knee-boarding e outras.
Algumas leis limitam nos EUA o tow-in a áreas específicas e uma das que são estudadas permitiria em Mavericks o reboque só quando o swell estiver maior do que 20 pés. As discussões estão começando e prometem ser longas, uma guerra que terá batalhas vencidas por tradicionalistas e amantes do tow-in, alternadamente. Mas, é certo, o mundo do surfe, que já andava bem diferente daquele do "Endless Summer" original, nunca mais será o mesmo.
 
Pela primeira vez, três filmes de ação são exibidos nas grandes redes de cinema dos EUA ao mesmo tempo. Além de "Step Into Liquid", "Grind" narra a saga fictícia de um famoso skatista que é seguido por quatro fãs mundo afora. E o documentário "Stoked: The Rise and Fall of Gator" é sobre a vida de um dos grandes ídolos do skate dos anos 80: Mark Gator Rogowiski.

SuperSurf
Sob o sol de Itacaré, no domingo, Tita Tavares conquistou, por antecipação, o SuperSurf 2003. Também na Bahia, Victor Ribas faturou sua primeira vitória no circuito nacional e disputará, com outros 11 surfistas, o título masculino, em Saquarema, de 22 a 26 de outubro.

Competição de aventura
Em Lake Tahoe, a Quasarlontra, única equipe brasileira a participar do Subaru PrimalQuest deste ano, decidiu completar a prova mesmo depois de Vitor Teixeira Filho abandonar por causa de lesão.

A Vida Voando
O repórter Formiga dá uma geral na vida do BASE jumper Sabiá, num documentário que a ESPN Brasil apresentará sábado, às 18h.

E-mail sarli@revistatrip.com.br


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