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AÇÃO
"Step Into Liquid"
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
"Step Into Liquid", de Dana
Brown, entrou em cartaz
há quatro semanas nos EUA e,
como poucos filmes de surfe fizeram até hoje (com a exceção hon-rosa do clássico "Endless Summer"), levantou uma onda de
questionamentos sobre o esporte.
Tão grande que o "Los Angeles
Times" dedicou uma página ao
assunto. Mas, ao contrário do cult
de 1966, que revelou em sua narrativa o espírito nômade e tranquilo do surfe e fez pensar, a contundência que "Step Into Liquid"
gera é exatamente a oposta.
Mais precisamente, por causa
da seguinte cena: surfistas sendo
rebocados em jet-skis para ondas
gigantes sobre pranchas tão modernas que podem subir a dois pés
da superfície e atingir velocidades
até hoje apenas sonhadas. São as
hidrofoils, a última geração de
pranchas rápidas, desenvolvidas
especialmente para o tow-in.
Elas têm quilha em forma de
asa, que serve para deixar a prancha muito sensível aos movimentos do surfista. Para o espectador
desatento, a cena é só de tirar o
fôlego; para quem surfa, ocasional ou profissionalmente, ela dá
um "play" naquela parte adormecida do cérebro que nos leva a
pensamentos mais profundos.
Para onde estará indo o esporte? Será o futuro do surfe escrito
com a ajuda de motocicletas de
água, que poluem e fazem barulho? Ou será esse apenas o discurso de tradicionalistas que se recusam a abrir uma nova janela?
Desde que foi criado, há menos
de dez anos, o tow-in chamou a
atenção pela ousadia. Com ele,
surfistas, que até então amaldiçoavam a tribo dos proprietários
de jet-ski, se viram capazes de
dropar ondas de tamanho descomunal, que não poderiam ser domadas sem a ajuda da máquina.
Mas, com o tempo, ondas cada
vez menores, perfeitamente "remáveis", começaram a ser surfadas com a ajuda de jet-skis e, exatamente aí, os protestos se agigantaram: a tribo se dividia pela
primeira vez na história do surfe.
Tradicionalistas pregavam a
proibição do jet-ski enquanto
praticantes de tow-in pediam para que o esporte fosse visto apenas
como mais uma variação do surfe, exatamente como o boby-surfing (nosso jacaré), o body-boarding, o knee-boarding e outras.
Algumas leis limitam nos EUA
o tow-in a áreas específicas e uma
das que são estudadas permitiria
em Mavericks o reboque só quando o swell estiver maior do que 20
pés. As discussões estão começando e prometem ser longas, uma
guerra que terá batalhas vencidas
por tradicionalistas e amantes do
tow-in, alternadamente. Mas, é
certo, o mundo do surfe, que já
andava bem diferente daquele do
"Endless Summer" original, nunca mais será o mesmo.
Pela primeira vez, três filmes de
ação são exibidos nas grandes redes de cinema dos EUA ao mesmo
tempo. Além de "Step Into Liquid", "Grind" narra a saga fictícia de um famoso skatista que é
seguido por quatro fãs mundo
afora. E o documentário "Stoked:
The Rise and Fall of Gator" é sobre a vida de um dos grandes ídolos do skate dos anos 80: Mark
Gator Rogowiski.
SuperSurf
Sob o sol de Itacaré, no domingo, Tita Tavares conquistou, por antecipação, o SuperSurf 2003. Também na Bahia, Victor Ribas faturou
sua primeira vitória no circuito nacional e disputará, com outros 11
surfistas, o título masculino, em Saquarema, de 22 a 26 de outubro.
Competição de aventura
Em Lake Tahoe, a Quasarlontra, única equipe brasileira a participar
do Subaru PrimalQuest deste ano, decidiu completar a prova mesmo
depois de Vitor Teixeira Filho abandonar por causa de lesão.
A Vida Voando
O repórter Formiga dá uma geral na vida do BASE jumper Sabiá,
num documentário que a ESPN Brasil apresentará sábado, às 18h.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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