São Paulo, sexta-feira, 18 de setembro de 2009

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XICO SÁ

Os Decepcionaldinhos


A bola da vez é Ronaldinho, sobre quem tem recaído o julgamento moral dos que não cuidam de suas decepções


AMIGO TORCEDOR , amigo secador, assim no futebol como na vida, existem os Ronaldos, os Ronaldinhos, os Robsons, os Robinhos e, para todos eles, os ferrenhos e implacáveis Decepcionaldinhos, os marcadores cricris.
Gente que está sempre decretando o fim de carreira para uns, magoado com outros, dizendo que esperava mais de fulano etc. Não queria ser grosso, mas que tal cuidarem das suas próprias decepções, que são o que não nos falta pelo caminho?
O julgamento moral é implacável, e o nome da vez é de novo Ronaldinho, o grande Gaúcho. Especulam sobre sua parada, haja bobagem, dizem que ele envergonha o Brasil em campos da Itália, qualé, cara pálida?
O menino está tentando se reerguer, talvez tenha problemas, e não conseguiu até agora, mas lembra o que se dizia de Ronaldo e Adriano?
E problemas, minha tia, você sabe muito bem, em Niterói, Tijuca ou Londres, todo mundo sempre tem.
Se eu tivesse essa grana, claro que parava mesmo, iria viver de cafunés e brisa lá na serra do Araripe, como aconselhei ao Ronaldo em tempos de julgamentos idiotas, mas agora acho que vale a teimosia, agora entendo por que os caras fazem questão de dizer que não estão mortos nas suas artes, fazem questão do sacode e da volta por cima.
Ronaldo ensinou o que nem precisava. E Deus deu a ele, de presente, o que ele duvidava: uma torcida de verdade. Os belos escambos da vida.
Sim, este cronista chinfrim achava que tudo isso era só letra de samba, orgulho próprio, samba social clube de regeneração e de promessa, samba de juras tantas de Mário Reis e de Francisco Alves, mas creio que seja até necessário o tal capricho, a vida é para quem renasce o tempo inteiro.
É que não tenho moral na fita, nem sei que diabo seja bufunfa à vera, quaisquer 200 contos já dobraria a esquina, tomaria uma cerva, soltaria pipa com o sobrinho mais novo, tiraria uma onda, encaçapava na sinuca mais próxima, ouviria um blues espiritual e adeus muchachos!
Essa onda de provações por cima de provações me dá uma preguiça dos diabos, qual um Macunaemo, caro Ortinho. Toda vida que escuto a expressão "volta por cima", descanso e choro as pitangas. A menos que surjam umas gostosas Icamiabas do mato, aí me revigoro, com a garantia de que dormirei intermináveis sestas depois, velho Mário de Andrade.
Mas só me decepciono comigo mesmo, belas promessas lindamente não cumpridas, amanhã, quem sabe, juro, paro com todos os prazeres e morro saudavelmente infeliz.

Angelical
Como assim "não trabalho com homossexuais"? Qualé, rapaz, foi o Hélio dos Anjos de novo. E não é por correção política que toco no assunto. É que o professor dos meninos do Goiás fala como se um gay não fosse tão "macho" quanto ele, come bola na interpretação do texto, fala de ciúme de homem etc. Essas declarações costumam esconder mil coisas, como rezam as ciências da patafísica e da psicanálise.
O professor recuou, vejo aqui e agora nas folhas virtuais. Perdão foi feito para se pedir, é bonito, e não trabalhar com homossexual é viver sem conhecer a grande arte do humor, da inteligência e da coragem. Gregos & goianos agradecem!

xicosa@uol.com.br


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