São Paulo, segunda-feira, 18 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VÔLEI

Os desafios

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Eles ainda não se encontraram para conversar sobre o assunto. Só falaram por telefone e rapidamente. Mas pelo que tudo indica, vai ser muito difícil o técnico Bernardinho convencer o atacante Nalbert a continuar na seleção brasileira. Ele está decidido: a partir de 2005, vai mesmo para o vôlei de praia.
Mas o que leva Nalbert, capitão da seleção, a deixar o time mais vitorioso da história do vôlei brasileiro? A resposta ele tem na ponta da língua: "Sou movido a desafios". E ele quer mesmo novos desafios e seguir a trilha do seu grande ídolo, o americano Karch Kiraly, campeão olímpico na quadra e na praia.
Nalbert não tem dúvidas que o caminho da seleção nos próximos anos será dourado. "O próximo ciclo olímpico será de vitórias. Não vejo nenhum time hoje capaz de bater o Brasil. Só os russos teriam chance, mas eles não têm organização necessária para isso. Nós ganhamos na organização."
E Nalbert tem razão. Com o técnico Bernardinho no comando e o atual grupo de jogadores da seleção, a tendência é que o Brasil chegue ao bi mundial e olímpico. Mais um motivo para admirar a coragem e a ousadia de Nalbert de trocar o certo pelo incerto.
O cálculo do atacante é simples. Ele está com 30 anos. Se ficasse na seleção, jogaria até os Jogos de Pequim-2008. Só poderia ir para a praia em 2012, com 38 anos. Uma idade mais difícil para jogar a primeira Olimpíada na areia. Por isso, está decidido a começar a sua preparação na praia em 2005.
Ainda não sabe quem será o seu parceiro. Só tem o seu perfil na cabeça. Precisa ser um grande bloqueador, já que ele tem o seu ponto forte na defesa. Na areia, Nalbert também terá que se adaptar a exigências físicas diferentes. "Na quadra, o que vale mais é a potência. Na praia, é a resistência", diz.
Na sua transição para a praia, ele espera apoio e dicas de Bernardinho, a quem Nalbert não cansa de cobrir de elogios: "Não existe ninguém mais competente do que ele". Nalbert, não por acaso escolhido pelo treinador como o capitão da seleção, foi um jogador fundamental neste ciclo vitorioso do time.
O técnico já declarou que vai tentar convencê-lo a voltar. Além de ser, ao lado de Renan, o jogador mais completo do vôlei brasileiro, Nalbert se destaca pela garra. Quem há de esquecer o jogo dele na vitória sobre a Itália, com 33 a 31 no quinto set, na segunda rodada dos Jogos de Atenas?
O certo é que Nalbert, que está defendendo o Banespa na sua última temporada na quadra, vai fazer muita falta também pela liderança que tem. Mas, enfim, como parece algo já decidido, resta olhar para frente. Em Atenas, o substituto de Nalbert foi o atacante Dante, que jogou uma grande Olimpíada.
Para integrar o grupo de 12, que também perdeu Giovane e Maurício, não há muito mistério. As vagas deverão ficar com Murilo, Roberto Minuzzi e o levantador Marcelinho, que nas últimas temporadas já têm treinado com a equipe. Mas vai ser difícil ver uma seleção sem Nalbert, Maurício e Giovane.

Italiano
Hoje tem jogão no Campeonato Italiano. O Modena, dos brasileiros Ricardinho e Dante, enfrenta o Macerata, que não terá Maurício. O levantador sofreu uma cirurgia no braço direito e só volta a treinar daqui a dez dias. Em três rodadas, o Modena, dirigido por Júlio Velasco, sofreu duas derrotas e amarga a décima posição. Já o Macerata, com duas vitórias, está em sexto lugar.

Italiano 2
Quem tem motivos para comemorar é o central Gustavo, da seleção brasileira. O seu time na Itália, o Sisley Treviso, conquistou na última semana o título da Supercopa Italiana. Na final, o Treviso, atual campeão italiano, venceu o Cuneo, do atacante Giba, por 3 sets a 0 (25/19, 27/25 e 25/15).

E-mail cidasan@uol.com.br


Texto Anterior: Pingue-pongue: Surpreso, italiano ainda não sabe se renovará contrato
Próximo Texto: Panorâmica - Futebol: Adriano marca dois e assume a vice-artilharia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.