|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
mais um
Promotoria apura fraude no Palmeiras
Ministério Público investiga suspeita de esquema de notas frias; testemunhas falam em compra de dólares e de árbitros
Caso se estenderia desde a gestão de Mustafá Contursi e teria beneficiado empresas ligadas a pelo menos 16 cartolas do clube paulista
EDUARDO ARRUDA
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
O Ministério Público paulista investiga suposto esquema
de emissão de notas frias no
Palmeiras. De acordo com o órgão, o clube teria sido lesado ao
menos entre 2001 e 2004.
Três dos depoentes afirmam
que a operação envolveria compra de dólares e de juízes.
Foi aberto um procedimento
criminal e outro cível para apurar, respectivamente, suposta
prática de enriquecimento ilícito e superfaturamento por
parte de dirigentes. Todos os citados negam as acusações.
São 16 os suspeitos de enriquecer ilegalmente. Esse é o segundo caso envolvendo notas
fiscais num clube paulistano. O
primeiro foi no Corinthians, arqui-rival palmeirense.
Nos dois casos, a suspeita
principal é a de que o esquema
serviria para remunerar dirigentes que, em tese, se dedicam
aos clubes voluntariamente.
Por meio de depoimentos de
ex-funcionários e de documentos, a Promotoria entende que
a emissão de notas frias era
prática comum e que há indícios de uso de empresas fantasmas. Agora o órgão quer saber o
tamanho do rombo no caixa.
A primeira acusação foi feita
por Carlos Kamal, ex-supervisor do vôlei do Palmeiras, que
trabalhou no clube entre 1988 e
2004. Outros dois ex-funcionários da agremiação confirmaram o que foi dito por Kamal.
Em depoimento à Promotoria, Kamal afirmou que, entre
2001 e 2004, "foram praticados
crimes de estelionato, formação de quadrilha, lavagem de
dinheiro, entre outros".
De acordo com a versão dele,
o esquema começou em 2001,
quando o então jogador de vôlei
do Palmeiras Talmo de Oliveira
"pediu a emissão de nota fiscal
para a empresa FT Esportes
Ltda. para acerto de Imposto de
Renda de R$ 5.000, sem que
existisse contrapartida em serviços prestados ao clube".
O ex-funcionário afirmou ter
recorrido a Durval Colossi [tesoureiro do Palmeiras na época], que teria dito que tal operação só poderia ser autorizada
pelo então presidente do clube,
Mustafá Contursi. Segundo ele,
dois ou três dias depois, Colossi
autorizou a emissão da nota para a FT Esportes. Cópia da nota,
de 6 de junho de 2001, foi entregue à Promotoria.
Dias depois, ainda segundo
Kamal, a então diretora do Palmeiras Dirce Pagnotta e Colossi voltaram a procurá-lo pedindo a emissão de outras notas
frias por ordem de Mustafá
"para a compra de dólares americanos para pagamento a árbitros de futebol profissional".
O Ministério Público também ouviu Luiz Simões de Oliveira, assistente técnico do vôlei entre 1990 e 2001, que afirmou ter visto "três ou quatro
vezes o Talmo na sala do Kamal
preenchendo notas frias". "A
informação que tenho é que era
para a compra de árbitros a pedido da diretoria, da Dirce
[Pagnotta], do Luiz Carlos
[Pagnotta] e do Mustafá", contou em seu depoimento.
Em março deste ano, foi ouvido Paulo César de Aguiar,
preparador físico do time de
vôlei entre 1995 e 2002.
Em depoimento, Aguiar disse que as declarações de Kamal
são verdadeiras e que, por ter
dividido a mesma sala de trabalho com o ex-supervisor, presenciou o preenchimento das
notas e ouviu que o objetivo era
comprar dólares e árbitros.
O ex-supervisor entregou
ainda 21 notas à Promotoria,
que totalizam R$ 94,78 mil. A
suspeita da Promotoria, no entanto, é que o esquema tenha
desviado quantia bem maior.
O Ministério Público analisa
a situação patrimonial dos 16
membros da diretoria citados e
de dez empresas ligadas a cartolas de Mustafá. Na esfera criminal, apura-se se as notas vieram de empresas fantasmas.
Colaborou ADALBERTO LEISTER FILHO,
da Reportagem Local
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Saiba mais: Escândalo fiscal já atingiu o Corinthians Índice
|