São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007

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Cofre corintiano busca tutor

Proposta em estudo no clube prevê que Conselho de Orientação controlará gastos e até venda de atletas

Presidido hoje pela oposição, órgão terá de dar aval a despesas a partir de 5.000 salários mínimos; meta é economizar R$ 55 milhões

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Abalado com transações suspeitas em todos os seus departamentos, o Corinthians prepara, para seu novo estatuto, um pacote antidívida e pretende também ampliar a responsabilidade pela venda de atletas.
Na proposta, que depende ainda de aprovação do Conselho Deliberativo, a venda de qualquer ativo do clube (bens, incluindo jogadores) maior ou igual a 13 mil salários mínimos (R$ 4,9 milhões) irá depender da aprovação do Cori (Conselho de Orientação).
Apesar de ainda não aprovado, esse expediente já foi usado pela diretoria comandada por Clodomil Orsi na venda de Willian para o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, por US$ 19 milhões. O negócio só foi aprovado após apreciação do órgão.
Caso o Conselho Deliberativo aprove a medida, o Cori, que é presidido por Antonio Roque Citadini, opositor do presidente Andrés Sanches, terá poderes ampliados no clube alvinegro. No Conselho Deliberativo, esse grupo é minoritário.
Na nova proposta estatutária, elaborada por comissão presidida por Alexandre Husni, aliado de Citadini, o Cori também dará a palavra decisiva sobre empréstimos que venham a ser contraídos pelo clube.
Para valores acima de 5.000 salários mínimos (R$ 1,9 milhão), será necessária a aprovação prévia do Cori.
As medidas visam dar mais transparência administrativa ao Corinthians, que está com a imagem abalada por conta da parceria com a MSI, denunciada por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha e também pelas suspeitas de gestão fraudulenta do ex-presidente Alberto Dualib, investigadas pelo Ministério Público de SP.
Uma outra proposta estatutária prevê que, para qualquer despesa administrativa superior ou equivalente a cinco salários mínimos (R$ 1.900) na compra de produtos ou contratação de serviços, será necessária a cotação de ao menos três orçamentos. A escolha deverá ter o menor preço sempre que os produtos tiverem a mesma especificação técnica.
A documentação da licitação deverá ficar em poder do Cori pelo prazo de cinco anos. "Já estamos fazendo isso. Virou norma. Não sabemos hoje quem é quem no clube. Tem gente honesta e desonesta", diz Roberto de Andrade Souza, vice-presidente administrativo.
Segundo ele, muitos fornecedores já foram trocados. "As coisas eram malfeitas, sem dono. O contrato era feito e ficava largado. Se você põe um leigo para cuidar, acaba dando isso."
A área social causa prejuízo mensal de cerca de R$ 1 milhão. O vice administrativo acredita que, até fevereiro, o clube já terá situação mais confortável. A meta da diretoria é cortar até R$ 55 milhões em despesas. Em 2006, ainda com a MSI, o clube torrou R$ 119 milhões, o que deve fazê-lo fechar 2007 com dívida de R$ 100 milhões.
"Num prazo curto, se resgatarmos a credibilidade do clube, voltaremos a atrair investimentos", conclui o vice.


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