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Cofre corintiano busca tutor
Proposta em estudo no clube prevê que Conselho de Orientação controlará gastos e até venda de atletas
Presidido hoje pela oposição, órgão terá de dar aval a despesas a partir de 5.000 salários mínimos; meta é economizar R$ 55 milhões
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Abalado com transações suspeitas em todos os seus departamentos, o Corinthians prepara, para seu novo estatuto, um
pacote antidívida e pretende
também ampliar a responsabilidade pela venda de atletas.
Na proposta, que depende
ainda de aprovação do Conselho Deliberativo, a venda de
qualquer ativo do clube (bens,
incluindo jogadores) maior ou
igual a 13 mil salários mínimos
(R$ 4,9 milhões) irá depender
da aprovação do Cori (Conselho de Orientação).
Apesar de ainda não aprovado, esse expediente já foi usado
pela diretoria comandada por
Clodomil Orsi na venda de Willian para o Shakhtar Donetsk,
da Ucrânia, por US$ 19 milhões. O negócio só foi aprovado após apreciação do órgão.
Caso o Conselho Deliberativo aprove a medida, o Cori, que
é presidido por Antonio Roque
Citadini, opositor do presidente Andrés Sanches, terá poderes ampliados no clube alvinegro. No Conselho Deliberativo,
esse grupo é minoritário.
Na nova proposta estatutária, elaborada por comissão
presidida por Alexandre Husni,
aliado de Citadini, o Cori também dará a palavra decisiva sobre empréstimos que venham a
ser contraídos pelo clube.
Para valores acima de 5.000
salários mínimos (R$ 1,9 milhão), será necessária a aprovação prévia do Cori.
As medidas visam dar mais
transparência administrativa
ao Corinthians, que está com a
imagem abalada por conta da
parceria com a MSI, denunciada por lavagem de dinheiro e
formação de quadrilha e também pelas suspeitas de gestão
fraudulenta do ex-presidente
Alberto Dualib, investigadas
pelo Ministério Público de SP.
Uma outra proposta estatutária prevê que, para qualquer
despesa administrativa superior ou equivalente a cinco salários mínimos (R$ 1.900) na
compra de produtos ou contratação de serviços, será necessária a cotação de ao menos três
orçamentos. A escolha deverá
ter o menor preço sempre que
os produtos tiverem a mesma
especificação técnica.
A documentação da licitação
deverá ficar em poder do Cori
pelo prazo de cinco anos. "Já
estamos fazendo isso. Virou
norma. Não sabemos hoje
quem é quem no clube. Tem
gente honesta e desonesta", diz
Roberto de Andrade Souza, vice-presidente administrativo.
Segundo ele, muitos fornecedores já foram trocados. "As
coisas eram malfeitas, sem dono. O contrato era feito e ficava
largado. Se você põe um leigo
para cuidar, acaba dando isso."
A área social causa prejuízo
mensal de cerca de R$ 1 milhão.
O vice administrativo acredita
que, até fevereiro, o clube já terá situação mais confortável. A
meta da diretoria é cortar até
R$ 55 milhões em despesas.
Em 2006, ainda com a MSI, o
clube torrou R$ 119 milhões, o
que deve fazê-lo fechar 2007
com dívida de R$ 100 milhões.
"Num prazo curto, se resgatarmos a credibilidade do clube, voltaremos a atrair investimentos", conclui o vice.
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