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CIDA SANTOS
Grandes histórias
Bernardinho conta em livro choque de vaidades da geração de prata e da seleção feminina que comandou
PARA QUEM quem gosta de vôlei, vale ler "Transformando
Suor em Ouro", do técnico
Bernardinho. Alguns trechos e o formato lembram livros de auto-ajuda,
mas isso acaba não sendo um problema já que as histórias e as reflexões do técnico tornam a obra essencial para se entender melhor o
vôlei brasileiro.
O livro tem boas revelações. Não
lembro de nenhum outro integrante
da geração, vice-campeã olímpica
em 84, que descrevesse com tanta
clareza os conflitos que essa seleção
passou nos Jogos de Los Angeles.
Bernardinho conta que na véspera da partida contra a Coréia do Sul o
time perdeu mais de seis horas com
discussões. Um das questões era que
alguns jogadores, atraídos por uma
oferta de US$ 500, queriam usar um
tênis concorrente ao da marca com a
qual a Confederação Brasileira de
Vôlei tinha contrato exclusivo.
No dia seguinte, o time perdeu o
jogo, mas mesmo assim chegou à final. Como o Brasil tinha arrasado os
EUA por 3 sets a 0 na fase de classificação, a seleção achou que a vitória
na decisão estava garantida.
"Estávamos tão convencidos de
que venceríamos os EUA outra vez,
que nos desconcentramos. Horas
antes da decisão, enquanto víamos a
fita da semifinal deles com os canadenses, lembro-me que um cochilava e outro rabiscava nas costas da cadeira à sua frente", diz Bernardinho.
As vaidades, a desunião e a falta de
preparo para lidar com as pressões
acabaram sendo fatais na derrota
para os EUA na final olímpica. São
essas lições que Bernardinho foi colecionando ao longo da carreira e depois passou a por em prática na sua
trajetória vitoriosa como técnico.
Tanto que uma das palavras mais
usadas por ele é armadilha. Todo seu
trabalho é voltado para que a seleção, campeã olímpica e bicampeã
mundial, não caia nas armadilhas do
sucesso. Uma de suas preocupações
é criar as zonas de desconforto para
o time não se acomodar. No livro são
saborosas algumas dessas situações.
Em 2002, o Brasil foi campeão mundial na Argentina. No dia seguinte,
no aeroporto, Bernardinho deu parabéns a todos, mas logo tratou de
manter a linha dura: anunciou que
em 2003 os treinos iriam começar
uma hora mais cedo, às 8h.
Os atletas protestaram. Mas foi só
o começo. No fim de 2003, logo depois da conquista da Copa do Mundo, nova mudança: o treino passaria
a ser às 7h. A idéia é a de um combate
permanente contra a acomodação.
Bernardinho revela que percebeu
logo no início de 2002 que treinava
uma equipe campeã quando propôs
que metade do valor dos prêmios individuais fosse dividida por todos.
Eles aceitaram. No último Mundial,
Giba dividiu metade do prêmio de
US$ 100 mil com a equipe.
Em 94, quando era técnico da seleção feminina, Bernardinho fez a
mesma proposta para as meninas.
Elas recusaram. Daria para escrever
dezenas de colunas com as histórias
e as reflexões desse livro.
MAIS UM LIVRO
O levantador Ricardinho vai seguir
o caminho de Bernardinho e anunciou que também vai escrever um
livro, contando a história da sua
carreira e, lógico, de todo período
vitorioso com a seleção. Oba!
ITÁLIA 1
O presidente da federação italiana,
Carlo Magri, disse que o técnico
Gian Paolo Montali continuará na
seleção masculina, apesar da má
campanha na Liga e do quinto lugar
no Mundial. O contrato é até 2009.
ITÁLIA 2
Havia muitas pressões, principalmente dos dirigentes de clube, para
a substituição de Montali. O site
italiano www.volleyball.it já até
divulgou que Magri teria conversado com Renan, técnico do Florianópolis. Mas pelo que tudo indica,
por enquanto não há mudanças.
cidasan@uol.com.br
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