São Paulo, sexta, 18 de dezembro de 1998

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NEGÓCIOS
Rede compra direitos exclusivos de TV, rádio e Internet de vários eventos até 2006, entre eles duas Copas
Pacote dá à Globo melhor do esporte

e da Sucursal do Rio

A Rede Globo anunciou ontem, no Rio, a assinatura do maior contrato da história da TV mundial para transmissões de futebol.
Na prática, a emissora assegurou o quase monopólio sobre o esporte na TV do Brasil até 2006.
Pelo contrato, a Globo passou a deter os direitos de transmissão, para o país, das duas próximas Copas do Mundo (2002 e 2006).
A exclusividade da Globo não se limitará à TV aberta. Abrangerá também transmissões por TV por assinatura, rádio e Internet.
À posse dos direitos sobre as Copas, somar-se-ão ainda, dentro dos direitos da Globo, diversas outras competições esportivas.
No futebol, ela poderá transmitir, no próximo ano, o Campeonato Brasileiro, o Paulista e a Copa do Brasil (leia texto abaixo).
Internacionalmente, o contrato divulgado ontem garante também à emissora a posse de eventos que vão das duas próximas Eurocopas aos Mundiais de futsal.
No mesmo acordo, a Globo adquiriu também direitos de transmitir diversas competições de outros esportes, como os Mundiais masculino e feminino de basquete, em 2002 (veja quadro abaixo).
Com o contrato, a Globo se tornou a primeira emissora do planeta a garantir os direitos de transmissão das duas Copas do Mundo.
Apesar de a emissora não ter revelado os valores do contrato, a Folha apurou que a TV Globo vai pagar US$ 383 milhões à ISL (International Sports Leisure), empresa que comprou da Fifa, entidade máxima do futebol mundial, os direitos de negociar em cada país, exceto na Europa e nos EUA, a transmissão dos Mundiais.
A ISL é a empresa de marketing esportivo que há mais de 20 anos detém o monopólio do futebol mundial. Em 1996, a Fifa vendeu para a ISL os direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002 por cerca de US$ 1 bilhão.
Já os direitos de transmissão do Mundial de 2006 foram negociados por US$ 1,2 bilhão.
Apesar de ter a exclusividade, a Globo já manifestou interesse em repartir os direitos de rádio e TV aberta com outras emissoras.
"Os interessados terão só de cumprir algumas exigências referentes à qualidade da transmissão, além de pagar a quantia estabelecida", diz Marcelo de Campos Pinto, diretor jurídico da TV Globo.
Já em relação à Internet e à TV fechada, a emissora diz que ainda não definiu seu planejamento.
O contrato Globo-ISL é o primeiro do novo modelo de negociações definido pela Fifa em 96.
Agora, os direitos são vendidos exclusivamente para uma única rede de televisão em cada país -que, a partir daí, tem o direito de fazer o que quiser com eles.
Antes, a ISL vendia os direitos à OTI (Organização de Televisão Ibero-Americana), que negociava com todas as televisões da América, exceto EUA e Canadá.

Concorrência
Duas outras empresas concorreram com a Globo pelos direitos exclusivos de transmissão das duas próximas Copas.
Uma delas foi a TV Record. A empresa vinha tentando comprar os direitos junto à ISL desde a última Copa do Mundo.
Segundo apurou a Folha, a empresa teria oferecido US$ 250 milhões, mas o contrato abrangeria apenas as duas Copas.
"Agora, a tendência é haver uma aproximação com a Globo", diz Ricardo Frota, gerente de comunicação da Record.
A outra empresa, de nome não divulgado, era a união de uma emissora nacional com investidores internacionais.
Segundo Marcelo de Campos Pinto, um dos responsáveis pela negociação, a oferta da Globo foi até menor do que as das outras duas concorrentes.
"A opção da ISL foi por causa de nossa capacidade e qualidade", afirmou Pinto.
De acordo com ele, o milionário valor vai começar a ser pago pela TV Globo em janeiro. O preço foi parcelado em quantias anuais sem juros até 2006.
A negociação dos diretores da TV Globo com a ISL demorou mais de um ano, até o acerto do acordo nos últimos dias.
No próximo ano, os principais canais europeus deverão comprar os direitos de transmissão das duas próximas Copas.
Além da TV Globo, a Globo Overseas Investiment, empresa do grupo no exterior, fechou a negociação com a ISL, para viabilizar financeiramente o negócio.



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