São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 2001

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BOXE

Candidato Frank Bruno

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O inglês Frank Bruno planeja candidatar-se a uma das cadeiras do Parlamento britânico. E, com sua imensa popularidade, é possível que concretize o seu objetivo já nas eleições que devem ocorrer este ano.
É difícil compreender a idolatria dos ingleses pelo peso-pesado, que ganhou fama por suas derrotas por nocaute para os norte-americanos James ""Quebra-Ossos" Smith (em dez assaltos), Tim Witherspoon (no 11º), Lennox Lewis (no sétimo) e Mike Tyson (nocautes no quinto e no terceiro).
Sua maior realização? Ter sido campeão, por meia hora, pelo Conselho Mundial de Boxe após ter batido o mentalmente instável Oliver McCall em combate bem parelho, em setembro de 1995. No ano seguinte, perdeu o cinturão para Tyson em só três assaltos.
É que os britânicos têm um caso de amor com pesados que, se não alcançam o sucesso -Lewis foi o primeiro inglês a ser campeão no século passado ao obter o título em 1992-, ao menos mostram valentia nas derrotas (veja Henry Cooper, que impôs queda a Muhammad Ali).
E disso Bruno pode se orgulhar, pois seu queixo não era fraco, ao contrário: apanhou muito em pé em cada uma de suas derrotas.
Mas, fora da Inglaterra, a imagem de seus pesos-pesados não é das melhores, um fato reconhecido até por pugilistas locais.
Tanto que o inglês Nigel Benn justificou o fato de haver golpeado o norte-americano Iran Barkley quando este já estava caído, deitado no solo, durante disputa entre supermédios em 1990, argumentando que ""isto é para mostrar que nós (britânicos) não somos um bando de maricas". Uma alusão à má fama dos grandalhões ingleses, depreciados pela imprensa norte-americana, que os apelidou de ""pesos-pesados horizontais" (Bruno, Cooper, Brian London, Gary Mason etc).
Também é fácil entender a relutância dos britânicos em abraçar Lewis, que realizou bem mais do que Bruno (dois reinados longos como campeão do CMB, unificação de títulos etc). É que Lewis enfrenta um problema de identidade: ele tem cidadania inglesa, cresceu na Jamaica e foi campeão olímpico dos superpesados nos Jogos de Seul pelo Canadá (não é de se admirar que qualquer um fique confuso com essa situação).
Mas voltando a Bruno, há dois anos, após a revanche do combate entre Lewis e Evander Holyfield, em Las Vegas (EUA), para a qual Bruno trabalhou como comentarista para a TV inglesa, presenciei uma mostra de sua popularidade. Após o encerramento do combate, diversos torcedores ingleses se aproximaram do ringue com o objetivo de congratular Lewis.
Quando avistaram Bruno, no entanto, ficaram loucos, gritaram o nome do ídolo, gesticularam e empurraram jornalistas para tentar conseguir o autógrafo do ex-boxeador, que teve de contê-los. ""Calma, estou conversando", disse, de maneira gentil, mas visivelmente embaraçado ao lado de seus colegas comentaristas.
Um detalhe que deve ser lembrado por Bruno, porém, é que nem sempre popularidade é sinônimo de votos. Os legendários Roberto ""Mano de Piedra" Durán e o brasileiro Eder Jofre sofreram derrotas piores nas urnas (não foram eleitos) do que nos ringues.

Superpenas
O campeão pelo CMB, Floyd Mayweather, e o ex-campeão pela Federação Internacional de Boxe, Diego Corrales, ambos invictos e considerados os melhores pugilistas da categoria, disputam amanhã o combate dos ""politicamente incorretos". Mayweather, preferindo a companhia do guru do rap James Prince, demitiu do cargo de treinador o próprio pai (que agora vai trabalhar com Oscar de la Hoya) e ainda o expulsou de casa. Corrales, por sua vez, enfrentou problemas com a lei por ter golpeado e causado algumas fraturas em sua mulher, que estava grávida. "Quando conversei com ele (antes de sua defesa de cinturão contra Justin Juuko), Corrales foi bastante gentil", comentei com um promotor de lutas norte-americano, após o incidente. ""Isso porque você não é a mulher dele", retrucou o empresário.

E-mail: eohata@folhasp.com.br



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