São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 2001

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TÊNIS

Derrota para britânico Rusedski mantém histórico do brasileiro de não passar da 2ª rodada do 1º Grand Slam do ano

Saques acima de 200 km/h "matam" Guga

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE

Um canhão que disparou pelo menos duas dezenas de saques a mais de 200 km/h aniquilou ontem a oportunidade de Gustavo Kuerten evitar mais uma decepção no Aberto da Austrália.
Ao perder para o britânico Greg Rusedski por 3 sets a 2 (4/6, 6/4, 6/3, 2/6 e 9/7), o brasileiro deixou antes da terceira rodada o primeiro Grand Slam de cada temporada pelo quinto ano seguido.
Além disso, o brasileiro ficou próximo de deixar a liderança do ranking de entradas (leia texto nesta página) e confirmou sua sina de fracassos na Austrália, onde nunca chegou às semifinais nos torneios de que participou.
No final do jogo, arrasado, Kuerten era só decepção.
"Esta vai ser uma noite muito ruim", disse um abatido brasileiro, que travou com Rusedski o duelo mais emocionante dos três primeiros dias de partidas do Aberto da Austrália.
No confronto, Kuerten, como ele próprio já havia alertado, mostrou sua dificuldade em enfrentar rivais de saque poderoso.
Em jogos contra os oito jogadores que mais aces dispararam nos últimos dois anos, o brasileiro tem um aproveitamento de apenas 42%, contra 67% do registrado contra outros rivais. Desde o começo da partida, Rusedski, que obteve 12 aces no total, mostrou sua força no fundamento.
O britânico, que chegou a dizer que não era mais capaz desse tipo de façanha, teve um saque que atingiu os 217 km/h -recorde do Aberto da Austrália. Como comparação, Kuerten, outro grande sacador, conseguiu sua melhor marca na partida com uma tentativa que alcançou os 197 km/h.
Em um game, Rusedski, que agora tem quatro vitórias em cinco jogos com Kuerten, marcou três pontos seguidos depois de saques que superaram os 203 km/h.
Com dois grandes sacadores, o jogo, apesar de cinco sets e muitos games, foi rápido -terminou em 2 horas e 44 minutos.
Nos quatro sets iniciais houve pouco equilíbrio -cada um dominou duas séries e as fechou sem dificuldade. Já no quinto set, sem tie-break, como mandam as regras do Aberto da Austrália, o jogo foi cheio de alternativas.
Até o 12º game, a partida seguia sem quebras. Naquele momento, o saque, sua principal arma, quase traiu Rusedski, que no ano passado pouco jogou por seguidos problemas de contusões.
O britânico cometeu duas duplas-faltas seguidas e ofereceu a Kuerten o primeiro match-point do jogo. O brasileiro, porém, não aproveitou a chance e lamentou muito por isso. "Um ponto somente. Um ponto", disse, se referindo a esse momento do jogo.
Depois desse lance, a partida se tornou uma verdadeira montanha-russa. No 13º game, Rusedski, número 65 do ranking de entradas, quebrou o serviço de Kuerten e ficou na situação de apenas precisar confirmar seu serviço para vencer o confronto.
Kuerten, porém, com duas passadas sensacionais, empatou novamente a partida e ficou, emocionalmente, em vantagem.
No game seguinte, entretanto, Rusedski conseguiu o que parecia impossível naquele momento.
Com o brasileiro vencendo o game por 40 a 0, o britânico, depois de uma marcação duvidosa da arbitragem a seu favor, reagiu e quebrou o serviço de Kuerten, para depois confirmar seu saque e bater o número um do mundo.
"Eu tentei vencer até o final. Em uma partida com dois tenistas do mesmo nível, você não pode perder as chances que aparecem", disse Kuerten. Sem forças, ele nem reclamou desta vez da arbitragem, que foi pressionada por Rusedski na maior parte do jogo.
"Não vai mudar nada reclamar. Eu perdi, não importa", disse Kuerten, que na sua estréia na Austrália xingou muito os juízes.


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