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TÊNIS
Entendi...
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Por que André Sá, e não Flávio Saretta, jogou no primeiro dia do confronto contra os suecos pela Copa Davis?
"O jogo-chave era o de duplas;
todo mundo sabia. E o André precisava jogar antes da partida de
duplas. Assim, ele estaria mais
solto, sentindo menos pressão,
emocionalmente preparado para
o combate que seria a partida de
duplas. André teve muita chance
contra o Bjorkman. Perdeu no
quinto set, ficou abatido, é verdade. Mas no sábado, com o Guga a
seu lado, foi muito bem, isso todo
mundo viu. Ele apareceu, foi para
cima dos caras. Sacou bem, foi
bem nas devoluções. E isso não foi
à toa: ele já tinha jogado cinco
sets no dia anterior, tinha eliminado a pressão da estréia, ganhado ritmo, então o André se soltou,
fez a diferença."
Por que Flávio Saretta, e não
André Sá, jogou no último dia, na
quinta e derradeira partida do
confronto?
"Eu já tinha pensado nisso e falado a todos. Eu não cheguei no
sábado, no domingo, e falei:
"Olha, Sarettinha, você vai jogar".
Isso foi uma coisa estudada, planejada. Já havia falado com o
Larri e o João, meus colaboradores. Estava tudo esquematizado.
O Saretta estava de "stand by" desde a quinta-feira. O André tinha
perdido duas vezes para o Vinciguerra. Ganhara uma vez, na
grama, que era muito diferente
das condições daquele fim de semana. E o Sarettinha tem um jogo que se encaixava melhor. Eu
sei que o André não estava cansado a ponto de não poder jogar, como alguns exageraram. Mas as
características do Vinciguerra
previam um jogo longo, de troca
de bolas, e isso poderia ser uma
dificuldade para o André. O Saretta, além de mais fresco, poderia se dar melhor.
Em um quinto jogo de Davis,
valendo classificação, qualquer
um fica um pouco mais sensível.
O Guga ficaria, o Kafelnikov... É
quando a emoção aflora um pouco. O Saretta ficou nervoso, mas
nada além do normal. Ele já ganhou do Guga, do Ríos, do Johansson, um jogo de cinco sets.
Ele não é inexperiente... Quem o
trata como vítima, como coitadinho, subestima sua capacidade.
Ele é forte, do tipo que diz: "Estou
na área, cruza a bola pra mim".
Eu poderia ter sido chamado de
gênio, se o Saretta ganhasse. Mas
não é nada disso. Foi apenas opção tática. Ganhar, perder, isso
faz parte do esporte. Sei que para
mim e para os jogadores ficou claro que fizemos a melhor análise.
Aceito críticas construtivas, mas
pessoais e negativas eu não respondo, senão eu não faço mais o
que julgo ser melhor para o país."
Ricardo Acioly, capitão da equipe brasileira da Copa Davis, não
vê motivos para crise.
"As pessoas mais sensatas sabem que, antigamente, a gente ia
para a Europa jogar Copa Davis e
corria o risco de não ganhar nem
um único set. Agora, contra a
Suécia, no carpete, vamos para o
quinto jogo. Não sou eu, mas os
próprios jogadores, cada um com
seu desenvolvimento individual.
Agora, não é duro só ganhar do
Brasil no Brasil. Agora, todos sabem que ganhar do Brasil fora
também é difícil. Deixamos de ser
um time de um piso só, de um lugar só. Tem pessoas que querem
focar só o lado negativo, de ter
perdido. Eu olho para o outro lado, olho para a frente."
Respeito mútuo
Ricardo Acioly é um dos técnicos mais respeitados pelos jornalistas brasileiros. Educado, atencioso, olha nos olhos e jamais deixa
de atender aqueles cujo trabalho é informar os leitores. A hombridade, honestidade e humildade com que respondeu as perguntas
desta coluna (e dos leitores) só reforçam isso.
Alegria geral
Que muito argentino gosta de tênis, todos sabem. Só que, espertos,
eles não levam para a quadra a rivalidade tola de outras áreas. Gustavo Kuerten é sempre recebido com festa quando vai a Buenos Aires. É querido, admirado. Por isso o brasileiro gosta de jogar lá.
Esforço reconhecido
O gaúcho Francisco Costa conquistou no domingo o título do torneio future de São Paulo. "Chico" não ganhava um troféu fazia
quase três anos e considerou o título uma "volta por cima".
E-mail reandaku@uol.com.br
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