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São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

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TÊNIS

Entendi...

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Por que André Sá, e não Flávio Saretta, jogou no primeiro dia do confronto contra os suecos pela Copa Davis?
"O jogo-chave era o de duplas; todo mundo sabia. E o André precisava jogar antes da partida de duplas. Assim, ele estaria mais solto, sentindo menos pressão, emocionalmente preparado para o combate que seria a partida de duplas. André teve muita chance contra o Bjorkman. Perdeu no quinto set, ficou abatido, é verdade. Mas no sábado, com o Guga a seu lado, foi muito bem, isso todo mundo viu. Ele apareceu, foi para cima dos caras. Sacou bem, foi bem nas devoluções. E isso não foi à toa: ele já tinha jogado cinco sets no dia anterior, tinha eliminado a pressão da estréia, ganhado ritmo, então o André se soltou, fez a diferença."
 
Por que Flávio Saretta, e não André Sá, jogou no último dia, na quinta e derradeira partida do confronto?
"Eu já tinha pensado nisso e falado a todos. Eu não cheguei no sábado, no domingo, e falei: "Olha, Sarettinha, você vai jogar". Isso foi uma coisa estudada, planejada. Já havia falado com o Larri e o João, meus colaboradores. Estava tudo esquematizado. O Saretta estava de "stand by" desde a quinta-feira. O André tinha perdido duas vezes para o Vinciguerra. Ganhara uma vez, na grama, que era muito diferente das condições daquele fim de semana. E o Sarettinha tem um jogo que se encaixava melhor. Eu sei que o André não estava cansado a ponto de não poder jogar, como alguns exageraram. Mas as características do Vinciguerra previam um jogo longo, de troca de bolas, e isso poderia ser uma dificuldade para o André. O Saretta, além de mais fresco, poderia se dar melhor.
Em um quinto jogo de Davis, valendo classificação, qualquer um fica um pouco mais sensível. O Guga ficaria, o Kafelnikov... É quando a emoção aflora um pouco. O Saretta ficou nervoso, mas nada além do normal. Ele já ganhou do Guga, do Ríos, do Johansson, um jogo de cinco sets. Ele não é inexperiente... Quem o trata como vítima, como coitadinho, subestima sua capacidade. Ele é forte, do tipo que diz: "Estou na área, cruza a bola pra mim".
Eu poderia ter sido chamado de gênio, se o Saretta ganhasse. Mas não é nada disso. Foi apenas opção tática. Ganhar, perder, isso faz parte do esporte. Sei que para mim e para os jogadores ficou claro que fizemos a melhor análise. Aceito críticas construtivas, mas pessoais e negativas eu não respondo, senão eu não faço mais o que julgo ser melhor para o país."
 
Ricardo Acioly, capitão da equipe brasileira da Copa Davis, não vê motivos para crise.
"As pessoas mais sensatas sabem que, antigamente, a gente ia para a Europa jogar Copa Davis e corria o risco de não ganhar nem um único set. Agora, contra a Suécia, no carpete, vamos para o quinto jogo. Não sou eu, mas os próprios jogadores, cada um com seu desenvolvimento individual.
Agora, não é duro só ganhar do Brasil no Brasil. Agora, todos sabem que ganhar do Brasil fora também é difícil. Deixamos de ser um time de um piso só, de um lugar só. Tem pessoas que querem focar só o lado negativo, de ter perdido. Eu olho para o outro lado, olho para a frente."

Respeito mútuo
Ricardo Acioly é um dos técnicos mais respeitados pelos jornalistas brasileiros. Educado, atencioso, olha nos olhos e jamais deixa de atender aqueles cujo trabalho é informar os leitores. A hombridade, honestidade e humildade com que respondeu as perguntas desta coluna (e dos leitores) só reforçam isso.

Alegria geral
Que muito argentino gosta de tênis, todos sabem. Só que, espertos, eles não levam para a quadra a rivalidade tola de outras áreas. Gustavo Kuerten é sempre recebido com festa quando vai a Buenos Aires. É querido, admirado. Por isso o brasileiro gosta de jogar lá.

Esforço reconhecido
O gaúcho Francisco Costa conquistou no domingo o título do torneio future de São Paulo. "Chico" não ganhava um troféu fazia quase três anos e considerou o título uma "volta por cima".

E-mail reandaku@uol.com.br


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