UOL


São Paulo, quarta-feira, 19 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FUTEBOL

Retorno de talentos

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

O grande destaque do jogo entre São Paulo e Santos foi Ricardinho. Repetiu os seus melhores momentos. Brilhou de uma intermediária a outra.
Quando Ricardinho chegou ao Morumbi, foi saudado por todos como o grande pensador, o organizador de jogadas que daria talento e equilíbrio ao irregular time do São Paulo.
Literalmente, o jogador se sentiu o grande maestro. Passou a gesticular mais, dar ordens, tocar a bola para o lado e a ocupar a faixa central do gramado.
Contra o Santos, pressionado pelas críticas, Ricardinho voltou a ser o habilidoso e talentoso formiguinha, presente em todas as partes do campo. Comandou e mostrou todo seu belíssimo e eficiente futebol.
No clássico carioca, Felipe, sem marcação, deu um show de passes precisos. Os cinco armadores do Botafogo ficaram olhando, admirando a habilidade do meia.
Diferentemente do Kaká, do Alex e do Diego, que atuam do meio-campo para frente, Felipe é um típico jogador de meio-campo. Se ele fosse mais regular e profissional, poderia ser uma presença constante na seleção. Ele também perdeu muito tempo na lateral esquerda, onde a principal função é a de marcação.
Outro que está brilhando intensamente, desde o ano passado, é Alex, do Cruzeiro. Deu um show no clássico mineiro.
Além de ótima técnica, é o jogador mais criativo do futebol brasileiro, o que não significa que é o melhor. Já imaginou o Alex com a velocidade, mobilidade e força física do Kaká?
O jogador do São Paulo é o mais eficiente de todos porque reúne todas as qualidades técnicas e físicas de um craque da posição.

Expectativa e realidade
Na fácil vitória do Flamengo sobre o Botafogo ficaram mais evidentes que o Mengo, pela qualidade de seus jogadores, poderá formar um bom time até para ganhar o título brasileiro e que o Bota tem uma equipe muito fraca.
Pela primeira vez no campeonato, Athirson jogou de lateral, sem ocupar a posição do Felipe.
As histórias dos dois últimos clássicos cariocas são parecidas.
O Botafogo se programou para jogar no contra-ataque, sofreu um gol no início e foi para frente, sem nenhum planejamento na defesa. O mesmo aconteceu com o Flamengo na derrota para o Fluminense.
Um time precisa treinar para jogar de várias maneiras. Há inúmeras possibilidades dentro de uma partida. Não adianta o técnico gritar na lateral do campo para o time mudar a postura tática se não se preparar para isso.
Até a improvisação é mais fácil quando existe um planejamento. O São Caetano, dirigido pelo Mário Sérgio, parece ser a única equipe brasileira preparada para fazer essas mudanças.
Os torcedores do Botafogo precisam ter paciência e apoiar a sua modesta equipe. Se exigirem ótimas atuações, o time ficará sem confiança e ainda pior. Mas, pelo menos, os torcedores querem ver progresso e competência do treinador.
Se o São Caetano está há vários anos entre as melhores equipes brasileiras, sem jogadores famosos, por que não pode acontecer o mesmo com o Botafogo, me perguntou um leitor. A diferença é que o time do ABC é um clube novo e organizado. O Botafogo está no início de mudanças e os jogadores e o técnico têm tranquilidade para trabalhar. A cobrança é menor porque não há um passado de glórias. Além disso, os jogadores do São Caetano são melhores do que os do Botafogo.
Pelo seu passado, a expectativa dos torcedores do Botafogo é muito maior do que a realidade. Daí, a frustração.

Queda de produção
O Santos está mal no Campeonato Paulista. Elano fez muita falta no clássico contra o São Paulo. Diego está conduzindo demais a bola. Na sua posição, tem que distribuir mais e driblar menos.
Neste início de ano, o Santos também não repete a eficiente marcação por pressão do ano passado. A equipe tomava a bola com facilidade na intermediária e estava sempre próxima do gol. A defesa ficava mais protegida porque não deixava o adversário se organizar e tocar a bola. É uma tática de risco. Para executá-la, todos os jogadores têm de participar e ter um ótimo preparo físico.
Assim como o Santos não era uma maravilha no Brasileiro (disseram até que o time era melhor do que o Real Madrid) ainda é cedo para se dizer que o time não vai brilhar este ano, como no final de 2002.

E-mail
tostao.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Tênis - Régis Andaku: Entendi...
Próximo Texto: Tênis: Guga passa fácil pela estréia em Buenos Aires
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.