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FUTEBOL
Retorno de talentos
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
O grande destaque do jogo
entre São Paulo e Santos foi
Ricardinho. Repetiu os seus melhores momentos. Brilhou de uma
intermediária a outra.
Quando Ricardinho chegou ao
Morumbi, foi saudado por todos
como o grande pensador, o organizador de jogadas que daria talento e equilíbrio ao irregular time do São Paulo.
Literalmente, o jogador se sentiu o grande maestro. Passou a
gesticular mais, dar ordens, tocar
a bola para o lado e a ocupar a
faixa central do gramado.
Contra o Santos, pressionado
pelas críticas, Ricardinho voltou a
ser o habilidoso e talentoso formiguinha, presente em todas as partes do campo. Comandou e mostrou todo seu belíssimo e eficiente
futebol.
No clássico carioca, Felipe, sem
marcação, deu um show de passes
precisos. Os cinco armadores do
Botafogo ficaram olhando, admirando a habilidade do meia.
Diferentemente do Kaká, do
Alex e do Diego, que atuam do
meio-campo para frente, Felipe é
um típico jogador de meio-campo. Se ele fosse mais regular e profissional, poderia ser uma presença constante na seleção. Ele também perdeu muito tempo na lateral esquerda, onde a principal
função é a de marcação.
Outro que está brilhando intensamente, desde o ano passado, é
Alex, do Cruzeiro. Deu um show
no clássico mineiro.
Além de ótima técnica, é o jogador mais criativo do futebol brasileiro, o que não significa que é o
melhor. Já imaginou o Alex com a
velocidade, mobilidade e força física do Kaká?
O jogador do São Paulo é o mais
eficiente de todos porque reúne
todas as qualidades técnicas e físicas de um craque da posição.
Expectativa e realidade
Na fácil vitória do Flamengo sobre o Botafogo ficaram mais evidentes que o Mengo, pela qualidade de seus jogadores, poderá
formar um bom time até para ganhar o título brasileiro e que o Bota tem uma equipe muito fraca.
Pela primeira vez no campeonato, Athirson jogou de lateral,
sem ocupar a posição do Felipe.
As histórias dos dois últimos
clássicos cariocas são parecidas.
O Botafogo se programou para
jogar no contra-ataque, sofreu
um gol no início e foi para frente,
sem nenhum planejamento na
defesa. O mesmo aconteceu com o
Flamengo na derrota para o Fluminense.
Um time precisa treinar para
jogar de várias maneiras. Há inúmeras possibilidades dentro de
uma partida. Não adianta o técnico gritar na lateral do campo
para o time mudar a postura tática se não se preparar para isso.
Até a improvisação é mais fácil
quando existe um planejamento.
O São Caetano, dirigido pelo Mário Sérgio, parece ser a única
equipe brasileira preparada para
fazer essas mudanças.
Os torcedores do Botafogo precisam ter paciência e apoiar a sua
modesta equipe. Se exigirem ótimas atuações, o time ficará sem
confiança e ainda pior. Mas, pelo
menos, os torcedores querem ver
progresso e competência do treinador.
Se o São Caetano está há vários
anos entre as melhores equipes
brasileiras, sem jogadores famosos, por que não pode acontecer o
mesmo com o Botafogo, me perguntou um leitor. A diferença é
que o time do ABC é um clube novo e organizado. O Botafogo está
no início de mudanças e os jogadores e o técnico têm tranquilidade para trabalhar. A cobrança é
menor porque não há um passado de glórias. Além disso, os jogadores do São Caetano são melhores do que os do Botafogo.
Pelo seu passado, a expectativa
dos torcedores do Botafogo é muito maior do que a realidade. Daí,
a frustração.
Queda de produção
O Santos está mal no Campeonato Paulista. Elano fez muita
falta no clássico contra o São Paulo. Diego está conduzindo demais
a bola. Na sua posição, tem que
distribuir mais e driblar menos.
Neste início de ano, o Santos
também não repete a eficiente
marcação por pressão do ano passado. A equipe tomava a bola
com facilidade na intermediária
e estava sempre próxima do gol. A
defesa ficava mais protegida porque não deixava o adversário se
organizar e tocar a bola. É uma
tática de risco. Para executá-la,
todos os jogadores têm de participar e ter um ótimo preparo físico.
Assim como o Santos não era
uma maravilha no Brasileiro
(disseram até que o time era melhor do que o Real Madrid) ainda
é cedo para se dizer que o time
não vai brilhar este ano, como no
final de 2002.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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