São Paulo, segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007 |
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JUCA KFOURI O óbvio e os quatro grandes
NA METADE da fase classificatória do Campeonato Paulista, já é possível constatar as diferenças que envolvem os quatro grandes de São Paulo. Santos e São Paulo não estão na liderança por acaso. Corinthians e Palmeiras não estão em crise por acaso. Com estilos de administração que não se confundem, tanto o Santos quanto o São Paulo têm hoje uma bela infra-estrutura para treinar e recuperar seus jogadores, além de terem mantidos suas comissões técnicas de uma temporada para outra. Elementar. O Santos sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, algo que o São Paulo, com razão, não aceita. O tricolor prefere que o comando seja da direção, sem que isso signifique interferência indevida no trabalho de Muricy Ramalho. Ambos têm elencos equilibrados e times à altura do que a economia do futebol brasileiro permite. Já as razões das crises nos dois parques não são as mesmas. O Palmeiras vem de uma herança maldita mesmo e só agora começa um trabalho de reestruturação. Há que ter paciência, por mais difícil que seja pedi-la aos sofridos torcedores alviverdes. Mas não tem outro jeito. No Corinthians, não se trata disso. Não há herança, há maldição pura e simples e não é de hoje. Repetir aqui os motivos que trouxeram o Corinthians a tal situação seria redundante e ocioso. E negar que os times mostram em campo muito do que é vivido fora dele é bobagem. Elementar. O Santos pode até perder para um São Bento que nem por isso se desespera ou muda seu modo de ser. O São Paulo, então, é o mesmo já fez tempo, por mais que troque as peças, algumas delas até aparentemente insubstituíveis. E daí um baile como deu em São José do Rio Preto é encarado com a mesma naturalidade que o empate surpreendente com o Audax. O Palmeiras, ao contrário, tenta acreditar que uma goleada contra nove pobres jogadores do Operário pode significar a redenção que, oxalá, está apenas no horizonte mais distante, como a atuação no empate de anteontem mostrou, contra o frágil Rio Claro. E o Corinthians é um bando. Em campo, inclusive, porque nem contra dez organizados jogadores do Paulista é capaz de se impor, como se viu na derrota em Jundiaí. E tome reclamação contra as arbitragens e descontrole emocional de cima a baixo, no campo e no banco. Aliás, por incrível que pareça, dos quatro, quem está mais mal servido de treinador é exatamente, neste momento, o Corinthians. Emerson Leão não dá nem esperança como Caio Júnior e Vanderlei Luxemburgo e Muricy Ramalho dispensam apresentação. Leão é daquelas pessoas que comprovam como é difícil o ser humano mudar para melhor. Porque é inegável que ele progrediu coisa que sirva em seus tempos de Santos, influenciado por Robinho, Diego e companhia. Adaptou-se à garotada e ficou uma pessoa muito melhor, mais leve, mais feliz. Para azar dele, porque temperamento é temperamento, logo voltou a mostrar o que tem de pior, com uma novidade alarmante: sua incrível incapacidade para ler um jogo ou, ao menos, fazer com que seus comandados cumpram sua orientação, se houver. O resumo disso tudo está estampado no topo e na faixa intermediária da classificação do Campeonato Paulista: a dupla San-São lidera e Corinthians e Palmeiras estão abaixo do Noroeste, do São Caetano, do Paulista, do Ituano... É possível até que o caro Corinthians ainda fique entre os quatro finalistas, coisa improvável para o barato Palmeiras. Mas, e daí?
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