São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 2011

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ENTREVISTA LIEDSON

"Lá em Portugal eu vendia bastante, como o Ronaldo"

ARTILHEIRO QUE CHEGOU APENAS PARA SER COADJUVANTE DO FENÔMENO ROUBA A CENA RAPIDAMENTE EM UM TIME QUE SE DESMANCHA

RODRIGO BUENO
DE SÃO PAULO

Ele vale mais do que pesa. São só 65 kg para 1,73 m. O "Levezinho" Liedson foi contratado para ser coadjuvante de Ronaldo, mas virou astro do Corinthians. À Folha o artilheiro de pouco marketing contou que em Portugal vendia como Ronaldo.

 

Folha - Achou que faria dupla com Ronaldo, seria reserva ou deixaria ele no banco?
Liedson - Quando recebi o convite do Corinthians, meu pensamento era fazer dupla com o Ronaldo, seria um sonho, sempre fui um fã do que ele fez. As coisas aconteceram de outra forma, mas mesmo assim estou feliz.

Além do Ronaldo, saíram Roberto Carlos e Jucilei... Como você se sentiu?
Fiquei um pouco chateado. Seria muito gratificante poder participar de um grupo com esses jogadores, mas a história é outra. Temos que entendê-los e apoiá-los.

Você é reconhecido como ótimo atacante, mas o Corinthians sonda estrelas como Forlán, Luis Fabiano e Tevez. Te falta marketing?
Sempre fui consciente do que faço e do que poderia fazer. Nunca me empolguei com nada na vida, sempre tive os pés no chão. Marketing para mim é indiferente. Quero desempenhar meu trabalho independentemente de outros jogadores.

Em Portugal, você vendeu muita camisa "Liedzon" e cachecol "Liedson resolve". Vendia como Ronaldo?
Lá sim, vendi bastante, como o Ronaldo. "Liedson resolve", essas coisas. Na minha primeira temporada em Portugal, em 2003, imprimiram as camisas e escreveram um S ao contrário [virou Liedzon]. Criou uma confusão, até um desconforto comigo. Pedi para tirar e quiseram manter porque estava dando certo, estavam vendendo muita camisa dessa forma. Falei para mudarem na outra temporada. Saí de lá com o S certinho.

Parece que você não curte muito ser estrela. E o Corinthians tem curtido isso.
Eu sempre fiz gols e elogiei o grupo, o treinador. Acho que o individual aparece com o coletivo forte. Estou aqui para o que o Corinthians precisar, se eu puder ajudar de alguma forma, vendendo, eu gostaria.

O que há de bom e de ruim em Portugal, e no Brasil?
O bom de Portugal foi ter feito grandes temporadas, criado um ciclo bonito, ter me naturalizado, e o ruim era a saudade do Brasil, dos parentes. O bom do Brasil é estar em casa, sentir o calor do país. Lado ruim não tem. Nesta fase, com 33 anos, não tenho nada a reclamar.

Quer defender Portugal ainda? Defender o Corinthians não dificulta isso?
Depois que o Paulo Bento assumiu [a seleção portuguesa], tive duas convocações. Na primeira não pude ir porque estava machucado e, na segunda, estava pré-convocado contra a Argentina e não pude ir porque tinha que estar no Corinthians. O técnico entendeu, e as portas continuam abertas para mim. O pessoal falou que vai continuar me observando. Se der para conciliar, tudo bem. Se não der, paciência, vou estar feliz com tudo que eu fiz.

Acha que o nível do futebol brasileiro está fraco?
Acho que está muito alto, com muita qualidade. Estou sentindo bastante dificuldade, está bem parecido com o futebol de lá [Europa], o pessoal está chegando junto, marcando bem.

O que faria se torcedores do seu time atacassem seu carro e te ameaçassem?
Sou pacífico, calmo, tranquilo. Qualquer violência, verbal ou física, é inadmissível. Não sei o que faria, mas eu não reagiria. Violência só gera violência.


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