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São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2003

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TÊNIS

Da bola medicinal à bolinha

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Há um ano e dois dias, Lleyton Hewitt conquistava pela primeira vez, com facilidade, o título em Indian Wells. Nas semifinais, não deu chance a Pete Sampras; na final, passeou sobre Tim Henman. Há quatro dias, a cena se repetiu: nas semifinais, nenhuma chance para Vincent Spadea; na final, no dia seguinte, um passeio sobre Gustavo Kuerten.
Hewitt continua soberano, um talento indiscutível, uma agilidade incrível e uma raça invejável. É cada vez mais o tenista a ser batido. Contudo, em Indian Wells-2003, o personagem foi o seu adversário na final.
Há um ano, Kuerten levantava cedo, vestia um shorts, uma camiseta, calçava o tênis, mas não ia para a quadra de tênis. Poucas semanas depois de passar por uma cirurgia, no calor do fim do verão brasileiro, ele entrava em uma sala de fisioterapia em Camboriú e esticava uma toalha velha que ganhara em Wimbledon sobre um colchonete.
Ali, deitado, olhando para o teto, sozinho, colocava os joelhos para cima, pés ainda presos no chão. Punha, então, uma velha bola medicinal, amarela, entre os joelhos. E começava, enfim, uma série interminável e entediante de exercícios físicos.
Naquela época, um 19 de março como hoje, passava horas e horas de seu dia em uma rotina chata e cansativa. Suava em bicas. O médico lhe havia liberado para correr. Fazia caminhadas, corridas leves, exercícios na bicicleta ergométrica e, no máximo, brincava na piscina, um alívio naqueles dias quentes e abafados.
"Para quem achava que eu iria ficar de folga, estou trabalhando bastante. Na verdade, só não estou fazendo mais porque ainda não posso", dizia, na época.
Há três dias, o brasileiro acordava cedo novamente, mas para selar uma vaga na final do primeiro Masters Series do ano. Superava com uma ótima atuação, em um jogo atrasado por causa da chuva na véspera, o tenista que mais cresceu neste ano, o alemão Rainer Schuettler.
Nesse um ano, entre Camboriú e Indian Wells, entre a bola medicinal e a bolinha de tênis, entre a água da piscina e a água da chuva, Gustavo Kuerten se recuperou aos poucos.
Ainda no primeiro semestre de 2002, conseguiu voltar às quadras para jogar o Aberto da França, na Roland Garros que tanto adora. No segundo semestre, foi bem no Aberto dos EUA, conquistou um título na Costa do Sauípe e chegou à final em Lyon, é verdade.
Neste início de temporada, ganhou o primeiro torneio que disputou, além de fazer outras duas semifinais. Mas foi agora em Indian Wells que o brasileiro fez a campanha que o coloca de volta às paradas de sucesso.
A boa vitória sobre Goran Ivanisevic e, sobretudo, a excelente vitória sobre Roger Federer devolveram (a ele e a nós) a certeza de que, daqui para a frente, ninguém é mais imbatível para Kuerten. Que, agora, vem com mais recursos: está mais experiente, consciente e vibrante.
Hewitt falou: "Bem-vindo de volta às grandes vitórias; bem-vindo de volta às grandes finais, Guga". Agora é para valer.

Entre os pequenos
A chuva atrapalhou, mas não tirou a empolgação dos tenistas na Copa Gerdau, em Porto Alegre. Na categoria 18 anos venceram os estrangeiros: o espanhol Daniel Gimeno-Traver e a ucraniana Kateryna Bondarenko. Na categoria 16 anos, o paulista André Miele sagrou-se campeão, assim como a boliviana Maria Fernanda Alvarez. Na 12 anos, venceram a catarinense Mariel Maffezzolli e o sul-mato-grossense Lucas Melgarejo. Nesta semana, o circuito infanto-juvenil tem o Credicard MasterCard Junior's Cup, no Clube dos Caiçaras, no Rio.

Entre as mulheres
Maria Fernanda Alves obteve o título do Torneio de Matamorros, no México. Competição pequena, é claro, mas digna de registro. Nanda Alves bateu Joana Cortez na final. Foi campeã também nas duplas.

E-mail reandaku@uol.com.br


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