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São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2003

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FUTEBOL

No grito e na bola

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

O Corinthians venceu no grito e na bola. No final do primeiro tempo, quando o São Paulo atuava melhor, Fabinho, marcador do Kaká, cansado de correr por ele e pelo Vampeta, deu o grito nos microfones: "Temos de marcar o Ricardinho".
Mesmo que não tenha tido a intenção, foi um claro recado para o Vampeta, que deveria marcar o Ricardinho. Vampeta andava em campo, e o meia atuava livre, iniciando todas as jogadas do São Paulo. Numa dessas, Ricardinho deu um passe de mestre para o Luis Fabiano fazer o gol.
No vestiário, Geninho, que enxerga bastante o jogo, deve ter apoiado o Fabinho. No segundo tempo, Vampeta correu mais, e Ricardinho sumiu por esse e outros motivos.
No primeiro tempo, o Corinthians estava também muito apressado, afoito. A equipe perdia facilmente as bolas. Senti falta da paciência e do toque de bola da época do Carlos Alberto Parreira. Gil, não sei a razão, jogava pelo meio e pela direita.
No segundo tempo, o Corinthians jogou com mais inteligência, velocidade, sem afobação e foi muito melhor do que o São Paulo. Gil passou a jogar pela esquerda, como sabe. Os dois outros gols, saíram do jeito que o time gosta: de um cruzamento pelo alto, em lance de bola parada, e numa jogada individual do Gil.
O São Paulo criou as melhores chances também do jeito que sabe, pelo meio. Não fez uma única jogada pela lateral. Sem atacantes para marcar, Rogério e Kléber ficaram livres para avançar e não foram marcados. Se o Kléber estivesse bem, o Corinthians teria chance de fazer mais gols.
Kaká, sem boas condições físicas, não teve mobilidade e velocidade para se deslocar e tentar a jogada individual. Não deveria ter atuado. Ou o problema não era físico, e sim de apatia? Pouco provável.
As escalações do Júlio Baptista, na lateral, e do Gustavo Nery, na zaga, não foram determinantes na derrota, mas os dois confirmaram que não são da posição. Júlio Baptista fez o que o Gabriel faria. Gustavo Nery, com o seu potente chute, fez falta na lateral esquerda. Fabiano continua tímido.
No sábado, Fumagalli deve ser o substituto do Leandro. Não faz diferença. Leandro é apenas um jogador esforçado, tático, como falam os técnicos. Não finaliza (nem tenta) e não dá passes decisivos. Corre, marca, cisca e toca a bola para o lado. Se entrar o Renato, e o Jorge Wagner jogar mais adiantado, o time fica ainda mais torto pela esquerda.
Com Leonardo na lateral direita, Júlio Santos na zaga, Júlio Baptista no lugar do Maldonado e, principalmente, se o Kaká estiver totalmente recuperado, o São Paulo poderá jogar melhor. Os torcedores não podem desanimar. Nada está decidido.

Modelos diferentes
Renato Gaúcho mostra a cada partida que não era apenas um excelente jogador. Era também observador dos detalhes técnicos e táticos.
Como na goleada anterior contra o Flamengo, o Fluminense jogou com duas linhas de quatro, uma marcação mais de perto e dois atacantes. Essa é a melhor maneira de se atuar defensivamente e no contra-ataque.
O Flamengo é uma equipe muito desorganizada. Pena que um jogador habilidoso e vibrante como Athirson não tenha noção de posicionamento. Ele novamente abandonou a defesa e não fez uma única jogada pela lateral. Só pelo meio, onde se confundia com Felipe. Falta orientação ao Athirson, o que se agrava pelos exagerados elogios que recebe. Ele deve ter um bom marqueteiro.
Hoje, o Fluminense deverá manter o esquema tático, provavelmente reforçado do Carlos Alberto. A principal preocupação do Renato não deveria ser o Marcelinho, que é brilhante em jogadas isoladas, principalmente em bolas paradas, e sim o Marques, que é muito veloz, inteligente, habilidoso e solidário.
O Vasco atua num esquema parecido com o do Santos, com uma linha de quatro defensores, dois volantes, Marcelinho pela direita, Leo Lima pelo meio, Marques pela esquerda (os três avançam e recuam para marcar) e um centroavante.
Levir Culpi disse que o Botafogo também vai jogar dessa maneira. Nenhum esquema funciona sem bons jogadores. Além disso, esse é um bom esquema para se jogar no ataque. Time modesto tem de jogar é no contra-ataque. O modelo do Botafogo deveria ser o do Fluminense.

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