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FUTEBOL
Em 2006, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco fazem, juntos, pior campanha da história nos Estaduais locais
Grandes cariocas viram piada até no Rio
PAULO COBOS
RODRIGO MATTOS
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos 79 anos em que jogaram
juntos no Estadual do Rio, os quatro grandes cariocas -Botafogo,
Flamengo, Fluminense e Vasco-
fazem sua pior campanha conjunta na edição de 2006.
Somadas, as equipes mais tradicionais do Rio têm aproveitamento de 45,7% pontos. Antes, a pior
performance era de 50%, em
2002, quando usaram reservas,
priorizando a Copa Rio-SP.
Atingiram seu ápice em 1980,
quando o rendimento foi de 80%
dos pontos. Na maioria dos campeonatos, o percentual de pontos
conquistados está acima de 60%.
Mas, neste ano, ganharam apenas 59 dos 129 pontos disputados.
Até ontem, quando o Botafogo fez
2 a 0 na rebaixada Portuguesa, cada grande havia jogado dez partidas -o Botafogo, 13-, mas, no
total, só obtiveram 17 vitórias.
Se fosse em pontos corridos, o
Estadual teria o Flamengo em penúltimo. O Vasco seria o oitavo
dos 12 clubes. Ambos estariam fora da Copa do Brasil, para a qual
se classificam sete times. Fluminense e Botafogo ocupariam sexta
e sétima posições. O time alvinegro está classificado para as finais
porque venceu a Taça Guanabara,
o primeiro turno. Os outros três
devem ficar fora das semifinais
dos dois turnos, salvo uma combinação de resultados hoje.
Mas dirigentes dos grandes clubes e da Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro) empurram
responsabilidades ou minimizam
o fracasso. Entre os times pequenos, sobram ironias às quatro
equipes mais tradicionais.
"Quem comprou o Romário
três vezes foi o Eduardo Viana
[presidente afastado da Ferj]?
Quem comprou o Mozart por não
sei quantos milhões? Quem geriu
os clubes dessa forma?", questiona o presidente em exercício da
Ferj, Luiz Guilherme Guttman,
amigo do Caixa D'Água.
Suas perguntas referem-se a negociações feitas pelo Flamengo,
nas gestões Kléber Leite e Edmundo dos Santos Silva. O primeiro
voltou ao clube, agora como vice-presidente de futebol. E culpa a
fórmula do campeonato.
"O Estadual deixou de ser disputado em turno com vários jogos. É quase um torneio. Não dá
para comparar zebras com camelos", disse Kléber Leite. "A meta
do Flamengo é ser segundo no
grupo e classificar, não conquistar
o máximo de pontos."
Para o dirigente, não existe uma
decadência dos quatro grandes. E
ele aposta que, no Brasileiro, mesmo com pontos corridos, o fracasso não se repetirá. Esqueceu-se
de que, nos últimos Nacionais, só
o Fluminense, entre os cariocas,
não tem lutado para não cair.
Mas até o time das Laranjeiras
entrou em queda. À procura de
um milagre para se manter no
torneio, a equipe tem dirigentes
que preferem atribuir sua campanha ao calendário. "Jogamos só 11
dias depois de nos apresentarmos. Foram inúmeras contusões", afirmou o coordenador de
futebol, Paulo Bhering, acrescentando que a ascensão dos pequenos é nacional. Citou o Ipatinga,
atual campeão mineiro.
Quase classificado à semifinal
da Taça Rio, o presidente do
Americano, César Gama, tripudia
sobre os rivais da capital.
"Eles contratam mal, pagam salários que não podem cumprir e
não fazem preparação física boa.
O Vasco tem três jogadores que
não marcam ninguém", atacou.
"Futebol não pode ser cabide de
emprego. Não perdemos para os
grandes há dois anos", disse Waldemir Mendes, da Cabofriense.
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