São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2008

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escalada

Estrada é o perigo real para o Santos hoje na Bolívia

Para driblar a altitude contra o San José, time viaja 4 horas e de madrugada em rodovia com alto índice de acidentes

Risco de fatalidade nas "carreteras" bolivianas é quatro vezes maior do que nas criticadas e esburacadas estradas federais brasileiras


PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A altitude, como os 3.700 m de Oruro, onde o Santos enfrenta hoje, às 21h50, o San José, é motivo de pânico para os times brasileiros quando jogam pela Libertadores na Bolívia.
Mas risco de morte real os atletas nacionais enfrentam mesmo nas estradas bolivianas.
Uma nova correlação de forças mandou para o interior do país andino seus representantes na Taça Libertadores.
E localidades como Oruro e Potosí, onde o Real local joga a 4.000 m de altura, não têm aeroportos comerciais que comportem aeronaves suficientemente grandes para conduzir um time de futebol.
O jeito, então, é recorrer ao ônibus para chegar a essas remotas localidades. É justamente aí que mora o perigo.
Mesmo para os padrões das estradas federais brasileiras, as rodovias bolivianas têm um índice de mortes assustador.
Em 2006, morreram nelas um boliviano para cada 6.200 habitantes do país. Nas BRs, uma pessoa para cada 27,6 mil brasileiros perdeu a vida no ano passado. Ou seja: o risco de morrer nas rodovias da Bolívia é cerca de quatro vezes maior.
E é justamente a estrada que o Santos vai encarar hoje a mais perigosa do país vizinho. A "carretera" La Paz-Oruro concentra 40% dos acidentes do país nos seus 230 km de extensão, percorridos geralmente em quatro horas. Seu asfalto nem é ruim, mas um trecho de curvas cercadas de penhascos e longas retas no meio dos Andes com pista única são um perigo.
E o Santos vai cruzá-la de madrugada, já que, para fugir dos efeitos da altitude, chega a Oruro pouco antes do jogo e a deixa logo após o apito final.
O problema é tão grave que o governo boliviano baixou decretos para tentar amenizar a situação. Um deles exige a instalação de alarmes acionados quando os ônibus ultrapassam os 80 km/h. A falta de investimento, porém, é flagrante.
Segundo o órgão que administra as estradas bolivianas, menos da metade dos 16 mil quilômetros das estradas do país não tinham problemas ontem -5% delas estavam totalmente intransitáveis.
Quem já passou por essa experiência tem lembranças ruins. "Foi uma viagem tenebrosa. A estrada tinha muitas curvas, era muito ruim. Muitos jogadores passaram mal, vomitaram", diz Kléber Leite, vice-presidente de futebol do Flamengo, que no ano passado viajou pelas montanhas bolivianas de Sucre a Potosí.
Além do perigo, as viagens para o interior da Bolívia são desgastantes. Contando deslocamentos aéreos e terrestres, o Santos, que vai à liderança isolada do Grupo 6 com uma vitória hoje, vai gastar para ir e volta de Oruro cerca de 20 horas, sem contar os atrasos, como o de sete horas anteontem no vôo que levou o time de São Paulo para Santa Cruz de la Sierra.
"Não só esse atraso como o jogo na altitude. Tudo está contra a gente. Mas essas coisas contra nos motivam ainda mais. Todos os jogadores darão o máximo em busca do melhor resultado", disse ao site do Santos o atacante Kléber Pereira.


NA TV - San José x Santos
Sportv, ao vivo, às 21h50



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