São Paulo, quarta-feira, 19 de março de 2008 |
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COI ignora protesto de tibetanos
Manifestantes pediam pronunciamento de entidade olímpica contra a repressão chinesa no Tibete
MARCELO NINIO DE GENEBRA De nada adiantou o protesto feito ontem por cerca de 600 tibetanos em frente ao COI (Comitê Olímpico Internacional). Os manifestantes entregaram uma carta à entidade, pedindo que ela condene a repressão do governo chinês no Tibete e cancele a passagem da tocha olímpica pela região, como já havia sido programado. Em um comunicado oficial, o COI afirmou que não haverá mudanças no trajeto da tocha, que deverá passar por Lhasa, capital do Tibete, em junho. A entidade se limitou a manifestar esperança de que haja uma "resolução pacífica" para as tensões na região, onde cerca de cem pessoas já morreram vítimas da repressão chinesa desde a semana passada, segundo ativistas tibetanos no exílio. "Com essa atitude, o COI envia a mensagem de que não importa o que a China faça, mesmo com toda a repressão. Nada vai atrapalhar a Olimpíada", afirmou à Folha Wangpo Tethong, presidente do Comitê Olímpico Tibetano, órgão que não é reconhecido pelo COI. Tethong foi o encarregado de entregar a carta à entidade presidida pelo belga Jacques Rogge em nome de 150 organizações tibetanas. Ele ficou decepcionado com a resposta obtida. "O COI pode fazer muito para pressionar o governo chinês a mudar de atitude. Mas está preferindo enviar a mensagem errada", comentou Tethong. Ele acrescentou que estava renunciando ao pedido de que o Tibete participe da Olimpíada de Pequim como entidade independente. "Não queremos ter parte em jogos sujos de sangue", disse Tethong, que reivindicava o mesmo status concedido aos palestinos, que podem participar da Olimpíada apesar de não terem um Estado constituído. Uma das faixas estendidas pelos manifestantes, entre eles quatro competidores tibetanos exilados na Suíça, dizia: "Senhor Rogge, seu silêncio está matando os tibetanos". Outra perguntava: "COI, como aceitar o derramamento de sangue no Tibete?". A organização que representa o ideal olímpico, entretanto, decidiu que seus rituais devem ficar acima dos conflitos políticos. "A tocha é um poderoso símbolo que inspira pessoas do mundo inteiro a superar suas diferenças", diz o comunicado. A escalada de violência levou o dalai-lama, líder político e espiritual dos tibetanos, a considerar a possibilidade de renunciar ao cargo caso a situação na região não apresente melhora nos próximos meses. "Isso seria um desastre, tanto para nós como para a China", disse Tethong. "O dalai-lama sempre pregou uma solução pacífica para o conflito. Sua renúncia seria um fracasso para todos", completou ele. Texto Anterior: Fim: Jean Todt não é mais CEO da Ferrari Próximo Texto: Abertura vira novo alvo para boicote Índice |
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