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Lance Armstrong cede até cabelo ao antidoping
Heptacampeão da Volta da França é alvo de controle incomum durante treino
Laboratório francês faz teste pioneiro, que seria capaz de flagrar drogas por vários dias, mas método ainda não conta com chancela oficial
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em episódio que faz lembrar
seriados policiais como "CSI", o
ciclista Lance Armstrong cedeu
amostra de cabelo para ser submetida ao teste antidoping.
A coleta foi feita anteontem,
em Beaulieu-sur-Mer (próximo a Nice, na Riviera Francesa), onde Armstrong treina.
Não é comum os atletas terem que ceder amostra de cabelo. Os testes usuais, com
chancela da Wada (Agência
Mundial Antidoping), são feitos com urina ou sangue.
No entanto, o Laboratório
Nacional de Análise do Doping,
de Paris, pesquisa a detecção do
uso de diversas drogas proibidas através de metabólitos presentes no folículo capilar.
Segundo defensores do método, resquícios de esteroides
anabólicos podem ser encontrados nos fios por mais tempo
do que na urina e no sangue.
Seus detratores, porém, dizem
que o cabelo está mais sujeito a
contaminações do ambiente.
"Isso pode gerar falsos positivos", diz Rafael Trindade, coordenador da Agência Nacional
Antidoping, ligada à Confederação Brasileira de Atletismo.
O teste não é novidade no
mundo corporativo. Ele é similar ao feito por empresas norte-americanas com funcionários
para descobrir usuários de drogas como maconha e cocaína.
No antidoping, contudo, o
método é tão recente que especialistas confessam desconhecê-lo. "Nunca li nada em publicações especializadas", afirma
Eduardo de Rose, principal autoridade de doping no Brasil.
A Wada, sem abandonar terminologia policial, diz que nenhum atleta será punido em
teste com cabelo. Porém o estudo pode trazer novos elementos à luta contra as drogas.
É o caso de Armstrong, maior
vencedor da Volta da França,
com sete títulos. Se seus triunfos o alçaram à condição de mito, também geraram enormes
suspeitas em um esporte manchado por vários escândalos.
Periodicamente, a imprensa
francesa publica denúncias,
nunca comprovadas, contra
Armstrong. De volta às competições após ausência de três
anos, o norte-americano se tornou alvo fácil dos controles.
O atleta, que ainda não conseguiu resultados empolgantes
em sua volta, mostrou-se chateado com a desconfiança geral.
"Havia passado por um controle 24 horas antes, aqui na
França. Urina, sangue e cabelo", reclamou, em seu Twiter
(site de mensagens curtas).
"Sou limpo e nunca me preocupei com esses testes. Servem
para provar que sou limpo."
A AFLD (Agência Francesa
de Luta Contra o Doping), que
requereu o controle, não demorou a responder. "Ele precisa
saber que é igual a todos os outros [atletas]. Fazer esse teste
foi uma boa maneira de mostrar isso", declarou Pierre
Bordry, diretor da entidade.
Com agências internacionais
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