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P. Renato, Kandir, Franco, Serra, Suplicy e Pelé
MATINAS SUZUKI JR.
do Conselho Editorial
Meus amigos, meus inimigos,
o ministro Pelé enviará ao
Congresso, em hora oportuna,
a proposta de transformação
dos clubes em empresas.
Cada país onde o futebol é
altamente profissionalizado
adotou um modelo para esse
processo, e ainda não tenho
detalhes sobre a proposta do
ministro Pelé.
Mas a hora é bastante oportuna para o projeto: cresce, na
opinião pública, como já demonstrou pesquisa do Datafolha, a convicção de que o futebol brasileiro não pode continuar eternamente sendo gerido tão ineficientemente.
Além disso, a chegada de patrocinadores de peso e o processo de internacionalização
do esporte fazem com que o
``custo Brasil'' do futebol seja
um entulho que precisa ser removido no processo de modernização geral do país.
O projeto de Pelé chega no
momento em que o governo
faz mudanças da mesma natureza em outros setores.
As medidas que o governo
acaba de anunciar para o caso
das faculdades privadas,
transformando-as em empresas que podem gerar lucros,
são igualmente válidas para os
clubes de futebol.
``Até agora, as instituições
privadas de ensino superior
não podiam ter fins lucrativos
-era essa a condição. Mas sabemos que isso é uma farsa,
pois essas entidades usaram de
todos os subterfúgios para burlar a lei'', disse o ministro da
Educação, Paulo Renato.
Se você trocar as faculdades
privadas pelos clubes de futebol, a realidade é exatamente
a mesma. E se o projeto vale
para um setor, por que não valerá também para outro?
Por que a evasão fiscal do futebol vai continuar sendo prestigiada pelo Estado, sendo que
esse é um setor que movimenta
recursos iguais ou talvez ainda
maiores do que os das faculdades privadas?
Vejo que Pelé corre dois riscos. O primeiro, de misturar as
coisas (a lei do passe com lei
da modificação dos clubes), dificultando a obtenção de bons
resultados em ambas.
A segunda, de não articular
suficientemente um apoio político à sua proposta.
Nunca o ambiente brasileiro
apresentou tantas condições
de suporte a uma proposta como essa. Opinião pública, imprensa, patrocinadores, jogadores e até mesmo dirigentes
de clubes mais esclarecidos são
favoráveis à mudança.
No governo, o ministro Paulo
Renato, um amante do futebol, é também ministro do
Desporto. Pode agregar à sua
pasta não só as mudanças na
Educação, como também a
salvação do futebol brasileiro.
No mistério ainda, Pelé deve
procurar o Planejamento, onde encontrará Antônio Kandir, que segue o futebol de perto. No Banco Central, está o
Gustavo Franco, filho de alto
dirigente que tentou modernizar o Botafogo. No Senado, encontrará José Serra, outro
apaixonado pelo futebol.
O ministro Pelé deve trazer
esse debate para a cena aberta.
Cobrar, por exemplo, do senador Eduardo Suplicy, outro
que está sempre nos estádios, o
posicionamento do PT.
O tema vai além das editorias de esportes. É, hoje, de interesse de todo cidadão. Não
há mais dúvida que a sociedade brasileira quer o fim dos
privilégios de uns poucos espertalhões no futebol.
Matinas Suzuki Jr. escreve às terças, quintas e
sábados
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