FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Disposto a manter sua supremacia no saibro, Gustavo Kuerten, 27, estréia hoje no Masters Series de Montecarlo, contra o alemão Rainer Schuettler, sexto do ranking de entradas, por volta das 8h. A competição em Mônaco marca o início da temporada européia na terra batida.
Entre os tenistas na ativa, o brasileiro, 22º colocado na classificação da ATP, é o único que foi campeão de Roland Garros mais de uma vez. O único a vencer o Grand Slam do saibro (formado pelos Masters Series de Montecarlo, Roma e Hamburgo, além do Aberto da França). E o tenista com mais títulos na superfície.
A temporada européia de saibro, cujo ápice é Roland Garros, no final de maio e início de junho, pode tirar a primazia de Guga no piso. Apesar de pomposos, os números do brasileiro foram construídos basicamente antes da cirurgia no quadril, em 2002.
Naquela época, ele já era tricampeão de Roland Garros, havia vencido em Montecarlo, Roma e Hamburgo e tinha 13 troféus em campeonatos na terra batida.
Pouco antes da cirurgia, Kuerten deu início ao seu maior jejum no saibro, encerrado em fevereiro com o título na Costa do Sauípe.
Além de seu ritmo lento, Guga viu uma grande evolução de seus adversários. Nos últimos dois anos, ele assistiu dois fregueses o sucederem como campeões do principal torneio na superfície.
Em 2002, Kuerten foi eliminado nas oitavas-de-final por Albert Costa, contra quem registrava seis vitórias em sete duelos, e depois viu o espanhol erguer o troféu.
Já no ano passado, o título ficou com outro espanhol, Juan Carlos Ferrero, a quem Guga havia vencido nas semifinais de suas duas últimas campanhas vitoriosas na capital francesa (2000 e 2001).
O mesmo Ferrero, que assim como Guga alcançou o topo do ranking da ATP, também chegou perto do Grand Slam no saibro.
Até o início de 2002, ele só havia vencido em Roma e, além de ter conquistado Roland Garros, é o atual bicampeão em Montecarlo.
Em relação ao número de títulos, Kuerten viu a concorrência ficar mais próxima e aumentar.
Por "sorte", seu adversário mais próximo no fim de 2001 (13 títulos contra 11), Costa, também não teve grande produtividade no período e só foi campeão uma vez.
Mas Guga vê agora outro rival fungando em seu cangote.
O também espanhol Carlos Moyá, que terminou 2001 com apenas seis títulos na terra batida, soma agora 13, somente um a menos do que o brasileiro.
Além de ter que enfrentar contemporâneos -Costa tem 28 anos e Moyá, assim como Guga, 27-, o brasileiro sente a força de tenistas de novas gerações.
Na temporada passada, os mais eficientes no saibro foram o argentino Guillermo Coria, com quatro títulos, e Ferrero, com três.
Coria, 22, acumula seis títulos na carreira, e Ferrero, 24, oito.