São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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Futebol de resultado é cara do Brasil na Libertadores

País deve ter recorde de times nas oitavas e Goiás pode bater marca defensiva, mas ataques vão mal

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Recorde de inscritos na fase de grupos e chance grande de repetir a dose nas oitavas-de-final. Mas tudo isso com um estilo distante do que tornou o futebol brasileiro famoso. Antes da semana decisiva da fase de grupos da Taça Libertadores-2006, os seis clubes do Brasil na competição sobrevivem com um estilo precavido.
Goiás, Palmeiras e São Paulo já estão classificados. Só uma improvável combinação de resultados eliminaria o Internacional ontem, depois do fechamento desta edição, mesma situação vivida pelo Corinthians hoje. Apenas o Paulista de Jundiaí chega na rodada derradeira sem depender das próprias forças para avançar.
Até hoje o Brasil nunca teve mais do que quatro clubes nas oitavas-de-final da Libertadores.
Nesta edição, nenhum dos seis representantes brasileiros fez do seu ataque um destaque do torneio. Tanto que, antes dos jogos de ontem, nenhum clube do país estava entre os seis ataques mais produtivos. Situação bem diferente da Libertadores na sua era inchada (iniciada em 2000). No ano passado, por exemplo, o Santos foi o time mais goleador -balançou as redes 18 vezes. O São Paulo ficou logo atrás, com 16.
Mas na defesa o Goiás tem chance de fazer história. Depois de cinco rodadas, o time do Centro-Oeste, que disputa a competição continental pela primeira vez, só foi vazado uma vez na fase de grupos. Se novamente sua retaguarda não for superada hoje, contra os chilenos do Unión Española, a equipe comandada pelo técnico Geninho irá bater um recorde. Nunca um time brasileiro terminou os seis jogos da fase de grupos com só um gol sofrido.
Só que o Goiás marcou apenas sete gols no atual estágio da Libertadores e também vai mal na artilharia nos campeonatos domésticos. "Nossos jogadores tentaram criar, mas nem sempre conseguem acertar", lamenta Geninho, que em 2003, com o Corinthians, também foi bem na fase de grupos, porém caiu nas oitavas.
O Inter tinha sofrido apenas quatro gols até ontem -foram dois em três jogos como visitante. "Na Libertadores, é fundamental jogar com inteligência fora de casa", disse o técnico Abel Braga.

Abaixo da média
Com times fortes na defesa e fracos ou razoáveis no ataque, o futebol brasileiro faz jogos com bem menos gols do que a média da Libertadores e de outros países.
Nas 31 partidas envolvendo agremiações do Brasil até ontem, a média de gols ficou em 2,52, contra 3,20 nas demais partidas. O Goiás, com média de 1,6 gol nas suas apresentações, tem os jogos em que a rede menos balança.
Comparado com o que aconteceu no ano passado, fica clara também a postura menos ofensiva dos representantes nacionais na Libertadores. Em 2005, as partidas das equipes do país na fase de grupos teve média de 3,64 gols por confronto.
Enquanto o Brasil faz sucesso com um futebol menos ofensivo, a Argentina, cujos times protagonizam jogos com mais de três gols de média, vive situação mais difícil. É verdade que o Vélez Sarsfield confirmou ontem a melhor campanha da fase (16 pontos), mas o Rosário Central já está eliminado -e Newell"s Old Boys e River Plate correm risco idêntico.
Se isso acontecer, só dois dos cinco argentinos passariam às oitavas-de-final desta edição.
Pelo atual regulamento da Libertadores, a rodada derradeira da fase de grupos ganha importância pelo emparceiramento das oitavas-de-final, que é feito de acordo com o desempenho dos primeiros e segundos colocados de cada uma das chaves.
Assim, é possível a realização de confrontos locais, como Vélez x River e Goiás x São Paulo, já na próxima fase, que começa na semana que vem.


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