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TÊNIS
Ao pó retornarás
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Para que o tênis faça sucesso
mundialmente, é importante
algum norte-americano ganhar
ou, ao menos, subir no ranking.
Ou que um americano seja a esperança, a revelação, algo que
mantenha o interesse do mercado
dos EUA sobre o esporte.
Assim rezava a lenda. Recentemente, à decadência de Sampras,
surgiram as Williams. Quando
Sampras saiu, apareceu Andy
Roddick. À saída de Andre Agassi, a subida de James Blake. Tudo
parecia fazer sentido.
Pois nesta semana o circuito
atinge um momento de expectativa em todos os cantos do planeta
com o Masters Series de Montecarlo. E aí a lenda morre. Além de
ficar fora do centro do burburinho, os americanos não chegam
nem a jogar.
Alguém imaginou Masters Series sem tenista americano? (Roddick, Robby Ginepri e Paul Goldstein não foram, Agassi e Taylor
Dent estão machucados, Blake
passa por tratamento odontológico, Mardy Fish perdeu o quali.)
E, mais do que isso, cheio de expectativa e suspense?
Pela primeira vez desde 1980, os
três primeiros do ranking jogam
em Mônaco. Naquele ano, Bjorn
Borg, John McEnroe e Jimmy
Connors (estes dois americanos)
jogaram, e Borg ganhou. Agora, o
suíço Roger Federer, o espanhol
Rafael Nadal e o argentino David
Nalbandian são destaques no
Montecarlo Country Club.
É a primeira vez que os três tenistas principais do mundo jogam no saibro nesta temporada.
Mas não são poucas as chances de
um deles ser coroado. O saibro, ignorado pelos americanos, virou o
desejo maior de cada um deles.
No ano passado, faltou justamente o saibro para Federer ter a
temporada perfeita. Perdeu dois
jogos na terra batida -um em
Montecarlo, e o outro para Nadal, em Roland Garros.
Desde a derrota para Richard
Gasquet, aliás, são 25 vitórias em
Masters Series. É já o segundo
maior vencedor em Masters Series, com títulos em cinco dos nove eventos -dos quatro que faltam, estão aí Montecarlo e Roma,
no saibro pré-Roland Garros.
Líder do ranking há 116 semanas, Federer chegou às últimas 11
finais. Apesar de mirar no Aberto
da França, sabe que qualquer tropeço no saibro será usado contra
ele. Como não perde nunca, as
derrotas no saibro serão a "prova" de que é fraco, que falha.
Nadal venceu 50 jogos no pó em
2005 -e nele ganhou 8 de seus 11
títulos. Não cai há 37 jogos no saibro. A série é a quinta maior da
história do tênis e pode virar a segunda nesta semana -Guillermo Vilas obteve 53 em 1977.
Nalbandian não foi intenso no
ano passado. Jogou 12 partidas
-ganhou 9, o suficiente para levantar ao menos o troféu em Munique. Enquanto a atenção fica
toda sobre Federer e Nadal, o argentino joga sem pressão.
Guillermo Coria (campeão em
04) e Juan Carlos Ferrero (em 02 e
03) também aparecem com destaque em Mônaco. Há ainda quem
crave Ivan Ljubicic, David Ferrer
e Gastón Gaudio.
E o saibro, que era o pó esquecido até uns anos atrás, hoje virou
objeto de desejo em todo o mundo. Com americano ou não.
Aberto de Santa Catarina
A conquista do título do mais importante challenger do país por Ricardo Mello, no domingo, em SC, sobre o argentino Diego Junqueira,
marcou o início do trabalho com um novo treinador: Léo Azevedo.
Saída de cena
A espanhola Conchita Martinez, 34, anunciou nesta semana sua aposentadoria. Em 1994, ela surpreendeu e impediu Martina Navratilova
de conquistar o décimo título de simples em Wimbledon.
Fed Cup
O Brasil disputa de hoje até o fim da semana vaga na repescagem do
Grupo Mundial 2, em Medellín, na Colômbia. Entre os rivais estão
Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, México, Porto Rico e Uruguai.
E-mail - reandaku@uol.com.br
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