São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 2006

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TÊNIS

Ao pó retornarás

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Para que o tênis faça sucesso mundialmente, é importante algum norte-americano ganhar ou, ao menos, subir no ranking. Ou que um americano seja a esperança, a revelação, algo que mantenha o interesse do mercado dos EUA sobre o esporte.
Assim rezava a lenda. Recentemente, à decadência de Sampras, surgiram as Williams. Quando Sampras saiu, apareceu Andy Roddick. À saída de Andre Agassi, a subida de James Blake. Tudo parecia fazer sentido.
Pois nesta semana o circuito atinge um momento de expectativa em todos os cantos do planeta com o Masters Series de Montecarlo. E aí a lenda morre. Além de ficar fora do centro do burburinho, os americanos não chegam nem a jogar.
Alguém imaginou Masters Series sem tenista americano? (Roddick, Robby Ginepri e Paul Goldstein não foram, Agassi e Taylor Dent estão machucados, Blake passa por tratamento odontológico, Mardy Fish perdeu o quali.)
E, mais do que isso, cheio de expectativa e suspense?
Pela primeira vez desde 1980, os três primeiros do ranking jogam em Mônaco. Naquele ano, Bjorn Borg, John McEnroe e Jimmy Connors (estes dois americanos) jogaram, e Borg ganhou. Agora, o suíço Roger Federer, o espanhol Rafael Nadal e o argentino David Nalbandian são destaques no Montecarlo Country Club.
É a primeira vez que os três tenistas principais do mundo jogam no saibro nesta temporada. Mas não são poucas as chances de um deles ser coroado. O saibro, ignorado pelos americanos, virou o desejo maior de cada um deles.
No ano passado, faltou justamente o saibro para Federer ter a temporada perfeita. Perdeu dois jogos na terra batida -um em Montecarlo, e o outro para Nadal, em Roland Garros.
Desde a derrota para Richard Gasquet, aliás, são 25 vitórias em Masters Series. É já o segundo maior vencedor em Masters Series, com títulos em cinco dos nove eventos -dos quatro que faltam, estão aí Montecarlo e Roma, no saibro pré-Roland Garros.
Líder do ranking há 116 semanas, Federer chegou às últimas 11 finais. Apesar de mirar no Aberto da França, sabe que qualquer tropeço no saibro será usado contra ele. Como não perde nunca, as derrotas no saibro serão a "prova" de que é fraco, que falha.
Nadal venceu 50 jogos no pó em 2005 -e nele ganhou 8 de seus 11 títulos. Não cai há 37 jogos no saibro. A série é a quinta maior da história do tênis e pode virar a segunda nesta semana -Guillermo Vilas obteve 53 em 1977.
Nalbandian não foi intenso no ano passado. Jogou 12 partidas -ganhou 9, o suficiente para levantar ao menos o troféu em Munique. Enquanto a atenção fica toda sobre Federer e Nadal, o argentino joga sem pressão.
Guillermo Coria (campeão em 04) e Juan Carlos Ferrero (em 02 e 03) também aparecem com destaque em Mônaco. Há ainda quem crave Ivan Ljubicic, David Ferrer e Gastón Gaudio.
E o saibro, que era o pó esquecido até uns anos atrás, hoje virou objeto de desejo em todo o mundo. Com americano ou não.

Aberto de Santa Catarina
A conquista do título do mais importante challenger do país por Ricardo Mello, no domingo, em SC, sobre o argentino Diego Junqueira, marcou o início do trabalho com um novo treinador: Léo Azevedo.

Saída de cena
A espanhola Conchita Martinez, 34, anunciou nesta semana sua aposentadoria. Em 1994, ela surpreendeu e impediu Martina Navratilova de conquistar o décimo título de simples em Wimbledon.

Fed Cup
O Brasil disputa de hoje até o fim da semana vaga na repescagem do Grupo Mundial 2, em Medellín, na Colômbia. Entre os rivais estão Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, México, Porto Rico e Uruguai.


E-mail - reandaku@uol.com.br

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