São Paulo, sábado, 19 de abril de 2008 |
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Ex-peão garante vaga na Olimpíada Rogério Clementino, filho de doméstica, obtém classificação no adestramento com cavalo que era renegado por dono
Ginete alcança nota acima do índice pela 2ª vez e será o
primeiro negro brasileiro a competir no hipismo na
história dos Jogos Olimpicos
FABIO GRIJÓ DA REPORTAGEM LOCAL Um ex-peão de rodeio e um cavalo renegado formam o primeiro conjunto brasileiro classificado para a Olimpíada de Pequim no adestramento. Rogério Clementino, 26, com Nilo V.O., garantiu a vaga, ontem, em seletiva disputada no Clube Hípico de Santo Amaro, em São Paulo. Ele integrou a equipe nacional que ganhou o bronze no Pan-2007, resultado que levou o time completo, com três cavaleiros, para os próximos Jogos Olímpicos. O sul-mato-grossense será o primeiro negro brasileiro a disputar a Olimpíada no hipismo, segundo confirmou a confederação da modalidade. Clementino começou a montar há sete anos. Órfão de pai, que morreu quando ele tinha dois anos, e filho de uma doméstica, o ginete trabalhava como tratador de cavalos no haras do empresário José Victor Oliva, em Araçoiaba da Serra (SP). Antes, tinha sido peão. Nilo V.O. é de Oliva, que, hoje, incentiva a carreira de Clementino. O cavalo de 14 anos chegou a ser renegado pelo empresário. Foi vendido por R$ 15 mil. O novo dono, depois, repassou-o a Oliva por R$ 10 mil. O animal também serviu como montaria para um sobrinho de Oliva praticar saltos. A empreitada não foi adiante. O empresário ainda fez outra tentativa de se desfazer de Nilo V.O. Presenteou um amigo com o cavalo -que acabou de volta ao haras, devolvido. "O cavalo estava largado, eu fui vendo que ele tinha talento. Pedi ao Zé [Oliva] que me deixasse treinar com ele [Nilo V.O.]. Ele provou que vai bem na dificuldade", diz o ginete. Pela regra da seletiva, garante a vaga olímpica no adestramento o cavaleiro que obtiver a média 64% em pelo menos duas etapas do classificatório. As notas têm de ser atribuídas por juízes internacionais. Em março, Clementino somou 68,542% e 66,250% do norte-americano Axel Steiner e da canadense Elizabeth McMullen. Ontem, ele conseguiu 65,417% da belga Marriete Withages. Os árbitros foram enviados ao Brasil pela Federação Eqüestre Internacional. "Tenho a sensação do dever cumprido até agora, mas a expectativa será maior ainda", diz Clementino. "Na hora [em que ouviu a nota], passou a história da minha vida. Não me sinto na elite por ir à Olimpíada." O cavaleiro treina, desde o ano passado, com o belga Johan Zaggers. Clementino prefere não estipular classificação em Pequim, que terá 50 ginetes na disputa do adestramento. Luiza Almeida, 16, também bronze no Pan, obteve 66,667%, acima do índice pela primeira vez. Ela precisará de nova nota superior a 64% na última seletiva, de 9 a 11 de maio, em São Paulo, para ir aos Jogos. Texto Anterior: Recordistas duelam por supremacia Próximo Texto: Final da Superliga expõe dilema da seleção Índice |
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