São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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Para seleção, prestígio do futebol nacional será arma contra problemas

Pelé e Ronaldo se tornam palavras mágicas na Ásia

ENVIADOS ESPECIAIS A BARCELONA

A maior arma da seleção para enfrentar qualquer adversidade no Oriente, para onde a delegação viaja hoje, atende pelo nome de prestígio do futebol brasileiro.
Do técnico ao atleta mais jovem da equipe, passando pelo chefe da segurança e pelo chefe da delegação, todos acreditam que algumas palavras mágicas, como "Brasil", "futebol", "Pelé" e "Ronaldo", podem resolver algum embaraço que escape ao controle da programação feita pela CBF.
Hoje pela manhã, os 23 jogadores da "família Scolari" iniciam uma expedição histórica, rumo a um mundo desconhecido -apenas Luiz Felipe Scolari e o cruzeirense Edílson tiveram experiência profissional em solo asiático.
A delegação deixa a Espanha e vai para a Malásia. De Kuala Lumpur, capital malaia, a equipe voa no dia 26 para a Coréia do Sul, país onde o Brasil disputará a primeira fase da Copa.
"A qualquer lugar do mundo que a seleção brasileira chegar, pode ser uma tribo de nativos na Ásia ou na Oceania, ela será respeitada por tudo que já fez", disse o chefe da segurança da delegação, coronel Castelo Branco.
Mas, segundo ele, independentemente da fama da seleção, há um esquema de segurança e de logística montados para evitar transtornos para o time verde-amarelo. "Só que esses detalhes não podemos revelar", afirmou.
O trabalho da entidade para garantir o conforto da equipe, coordenado pelo administrador de seleções, Américo Faria, levou em consideração uma série de fatores, como alimentação, religião, língua e regras de conduta.
Na Malásia, por exemplo, o islamismo é a religião dominante.
Na Coréia do Sul e no Japão, as duas sedes da Copa-2002, xintoísmo e budismo predominam. "Estamos atentos a tudo isso, inclusive aos feriados e festas religiosas", disse Faria, que concorda com Castelo Branco. "O Brasil é respeitado em todos os lugares."
O atacante Denílson, do Bétis, disse que tem poucas informações sobre os países, mas também evoca a "magia" do futebol tetracampeão do mundo como cartão de visita. "Tudo vai dar certo."
Mas o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, é menos otimista do que o jogador. Em sua quarta Copa no comando da entidade, o dirigente diz que as diferenças culturais podem causar alguns problemas. "Se formos ao Japão, talvez não possamos contar com os batedores para escoltar a seleção. A cultura e as regras deles não permitem isso", declarou.
Sem saber o que irá encontrar, o zagueiro Roque Júnior, do Milan, espera reservar um pouco de tempo para conhecer uma nova cultura (ele foi só a Tóquio para o Mundial interclubes pelo Palmeiras). "Acho que pode ser uma experiência enriquecedora. Não sei se vai dar para visitar lugares interessantes, mas sempre se pode tirar alguma coisa das viagens."
Américo Faria esteve na Coréia e no Japão para acertar os detalhes da estadia brasileira. Para ele, a Ásia tem hoje uma cultura "miscigenada", com muitas influências dos países ocidentais.
Segundo ele, o mais importante é que os campos de treinamento reservados para a seleção estão em padrão considerado elevado. (FÁBIO VICTOR, JOSÉ ALBERTO BOMBIG e SÉRGIO RANGEL)


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