São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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Subserviência na F-1 a jogo de equipe é recente

DA REPORTAGEM LOCAL

Os jogos de equipe na F-1 são quase tão antigos como a categoria. A obediência de seus subordinados, no entanto, é um fenômeno bastante recente.
Até meados dos anos 90, era comum ver pilotos desobedecendo ordens em GPs. Carlos Reutemann, Didier Pironi e René Arnoux foram célebres transgressores nos anos 80.
No GP Brasil de 1981, o argentino Reutemann recebeu uma ordem de Frank Williams para abrir caminho para Alan Jones.
A situação era ainda mais absurda do que a vista em Zeltweg: a prova carioca era apenas a segunda daquela temporada.
Apesar dos apelos dos boxes, Reutemann não cedeu. Cruzou a linha de chegada em primeiro, 4s43 à frente de Jones.
Pelo resto da temporada, a dupla da Williams continuou a se digladiar. O resultado foi péssimo para o time. Enquanto Reutemann e Jones dividiram a pontuação ao longo do ano -levaram 49 e 46 pontos, respectivamente-, Nelson Piquet, da Brabham, foi campeão com apenas 50 pontos.
No ano seguinte, a história se repetiu. Mas na Ferrari, que havia eleito Gilles Villeneuve como primeiro piloto, tendo Pironi como coadjuvante.
Na quarta etapa do campeonato, o GP de San Marino, Pironi e Villeneuve iniciaram uma disputa agressiva pela liderança. Preocupada, a Ferrari mandou o francês se manter na segunda posição. Pironi não só desobedeceu como foi desaforado: ultrapassou Villeneuve na última volta e venceu.
A rivalidade teve um resultado trágico. Nos treinos para a corrida seguinte, na Bélgica, o canadense morreu ao bater no March de Jochen Mass enquanto tentava superar Pironi.
Seis corridas depois, a dupla da Renault também passou por uma situação de insubordinação. Arnoux liderava sua corrida de casa, o GP da França, em Paul Ricard, quando recebeu ordem para ceder a ponta para seu companheiro, Alain Prost.
A exemplo do que aconteceu com Rubens Barrichello, no último final de semana, Arnoux havia feito a pole e vinha dominando toda aquela corrida.
Animado com a possibilidade de conseguir sua terceira vitória, o francês se fez de desentendido, acelerou ainda mais e venceu com 17s308 sobre Prost.
Fruto da maior profissionalização da categoria, com acordos comerciais cada vez mais astronômicos, as equipes passaram a tomar precauções para evitar casos de desobediência.
Nos contratos, estipulam que os pilotos devem obedecer sempre as ordens dos boxes, quaisquer que sejam. Até Michael Schumacher precisou aceitar essa cláusula da Ferrari.
Como consequência, os jogos de equipe passaram a funcionar com mais frequência. Em 1997, Eddie Irvine deu a vitória para Michael Schumacher em Suzuka. Na corrida seguinte, em Jerez, Jacques Villeneuve, da Williams, premiou a McLaren com uma dobradinha -David Coulthard e Mika Hakkinen o haviam ajudado na luta contra Schumacher.
E, em 1998, Coulthard cedeu a ponta para Hakkinen na Austrália, respeitando um acordo selado antes da prova.
O primeiro jogo de equipe de que se tem notícia data de 1956, quando os pilotos de uma mesma escuderia podiam trocar de carros durante uma prova.
No GP da Itália daquele ano, a Ferrari forçou Peter Collins a ceder seu carro para Juan Manuel Fangio. O argentino foi o segundo colocado na prova e conquistou o quarto dos seus cinco títulos mundiais.



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