São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2004

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Escolha da sede é política, mas corte é técnico

DA REPORTAGEM LOCAL

O corte feito pelo Comitê Executivo do COI reflete, tais e quais, as recomendações técnicas do grupo de trabalho que avaliou as aspirantes.
O relatório que embasou a decisão selou o caixão carioca ao sentenciar: "O grupo de trabalho concluiu que Leipzig, Istambul, Havana e Rio de Janeiro não têm neste momento a capacidade necessária para receber os Jogos de 2012".
Dentro do esquema de escolha das sedes de cada Olimpíada, a discussão política se faz sentir de verdade na decisão final, quando todos os 125 membros do COI podem votar. Essa etapa ocorrerá no ano que vem.
O que aconteceu até ontem foi uma avaliação calcada em informações dadas pelas cidades. A isso, o comitê agregou alguns outros dados, como pesquisas independentes de opinião pública e a avaliação que uma agência de risco, a Moody's, faz das finanças dos países envolvidos.
Para analisar os quesitos do questionário, o COI recorreu a uma ferramenta chamada "lógica fuzzy" (difusa). Desenvolvida nos anos 60 por um professor da Universidade da Califórnia, ela considera matematicamente o grau de incerteza de uma informação.
Um exemplo, tirado do relatório de ontem: o Rio estimou que seu Comitê Organizador poderia arrecadar US$ 835 milhões com patrocínios e vendas de ingressos e produtos.
À primeira vista, o número não haveria de motivar grande preocupação -é muito próximo ao de Madri (US$ 842 milhões), que teve a candidatura aceita. O problema é que, dadas as diferenças entre Brasil e Espanha, o COI considerou a previsão brasileira "otimista", e a espanhola, "viável".
Por causa disso, o relatório atribuiu grande incerteza à proposta financeira do Rio. Dentro da "lógica fuzzy", a cidade teve 3,8 como nota mínima e 6,7 como máxima. Ou seja: se a previsão brasileira se realizasse, o Rio estaria apto (no aspecto financeiro) a ser sede, já que a máxima supera a nota de corte (6). Mas o comitê considera como cenário mais provável o de uma arrecadação inferior -e insuficiente.


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