São Paulo, quarta-feira, 19 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OLIMPÍADA

Dirigentes ficam perplexos com eliminação do Rio; ministro se revolta e ataca projetos de Nova York e Moscou

Para o COB, "foi chuveirada de água fria"

DA REPORTAGEM LOCAL

"Não foi um balde de água fria, foi uma chuveirada completa." Assim reagiu Marcus Vinícius Freire, coordenador técnico do Comitê Olímpico Brasileiro, ao saber que a candidatura do Rio havia sido recusada pelo COI.
O dirigente disse que não passava por sua cabeça a cidade não figurar entre as finalistas.
"O anúncio nos pegou de surpresa. Pela primeira vez apresentamos um projeto que correspondia ao que queria o movimento olímpico brasileiro e que tinha o apoio das autoridades locais. A candidatura anterior [para os Jogos-2004] era mais política do que um projeto do COB. Poderíamos ser eliminados na parte final, mas não agora", desabafou Freire.
Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, considerou que os atrasos nas obras em Atenas, sede dos próximos Jogos, podem ter pesado contra o projeto.
"Talvez tenham prejudicado a intenção de um país em desenvolvimento. Mas para nós foi uma surpresa e um desapontamento", analisou o presidente do COB.
Para o dirigente, a derrota é uma lição a ser aprendida. "Ganhar e perder fazem parte do jogo. Paris, por exemplo, já perdeu três vezes", afirmou Nuzman, referindo-se à capital francesa, que se classificou para a eleição final.
Membro do COI, Nuzman disse que não iria polemizar com as cidades que passaram para a fase final do processo de seleção e que respeitava, ""com espírito esportivo", a decisão contrária ao Rio.
"O comitê faz uma análise objetiva do que é melhor para os Jogos Olímpicos antes de tomar decisões como a de hoje [ontem]. Somos um continente novo, com dificuldades, temos que saber esperar", completou Nuzman, lembrando que a América do Sul nunca abrigou uma Olimpíada.
Se o dirigente preferiu não criticar as rivais aprovadas pelo COI, o mesmo não fez o ministro Agnelo Queiroz (Esporte), que, como Nuzman, estava em Lausanne.
"Nova York tem problemas de segurança mais sérios do que os do Rio, e Moscou teve a candidatura aceita mesmo com problemas técnicos mais graves do que os nossos. Por isso deduzo que a decisão foi política. Foi uma decisão que praticamente definiu uma cidade européia como sede."
Para Leonid Tiagachov, que comanda o Comitê Olímpico Russo, críticas como as feitas pelo ministro brasileiro são inócuas.
"A mensagem do COI foi clara: apenas as cidades que têm condições de receber os Jogos Olímpicos sobreviveram. É um princípio esportivo claríssimo", disse ele.
Em nota oficial, o Queiroz declarou que "o Brasil inteiro estava se empenhando para fazer um belíssimo evento em 2012, como certamente será o Pan de 2007".
O porta-voz da Presidência, André Singer, afirmou ontem que o "presidente Lula considera que o Rio reúne todas as condições necessárias para sediar os Jogos Olímpicos e está seguro de que, por ocasião do Pan de 2007, o Rio dará uma demonstração inequívoca de que sabe como organizar um grande evento internacional".


Com agências internacionais

Texto Anterior: Análise: Sex appeal move e compromete o projeto Nuzman
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.