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FUTEBOL
Lavando a alma
JORGE KAJURU
ESPECIAL PARA A FOLHA
Andava tão cansado. Não
fosse o compromisso assumido com a Folha (e a honra em
ocupar espaço tão nobre durante
as férias do Tostão), acho que não
teria forças nem mesmo para teclar estas maltraçadas.
Por uma semaninha fiquei fora
de tudo. De repente, estressaram-me. O ouvido entupiu (nunca tinha ouvido falar em ouvido entupido, talvez porque sempre tenha
tido os ouvidos entupidos...), a
garganta falseou e, por São Caetano!, meu santo protetor, peguei
uma gripe daquelas. Coisa brava!
Mas tudo bem. Fui para o Nordeste. Pena que não peguei a lavagem das escadarias do Senhor
do Bonfim... Dizem que é uma beleza.
Conversei também com o Leão
(calma, com o Leão técnico de futebol, não o da Receita Federal), e
ele aumentou meu desânimo. Ficou uma fera com o Luxemburgo.
Fiquei surpreso, porque eles pareciam tão amigos.
Leão mostrou sua diferença ética a semana passada, quando o
Corinthians lhe fez uma proposta.
Ele nem quis ouvir e tratou de
avisar Oswaldo de Oliveira no
mesmo dia.
Amigo é assim. Oswaldo me
confirmou tudo, ficou magoado e
preferiu entender como um fato
normal no meio do futebol.
Enfim, entristeci. Sou assim, fazer o quê? Sou muito sensível (sei
que não pareço, mas sou) e fico
aborrecido quando vejo dois amigos brigarem.
Entristece-me até quando os
inimigos de agora reagem achando que não fui eu quem escreveu
sobre a "mídia de porre" aqui
nesta Folha, há duas semanas.
Porque, como Narciso acha feio
o que não é espelho, há quem julgue os outros por si e, como não
são capazes de escrever, pensam
que ninguém é.
Calejado após tantas tentativas
de pauladas por falar o que penso, confesso que peço que alguém
de minha confiança revise a coluna, para evitar gafes. E processos,
porque está na moda processar
jornalistas (atitude de pessoas incapazes de conviver com as críticas, que se julgam acima do bem e
do mal e se fazem de santos, de
perseguidos -santa hipocrisia!).
Mas sei lá.
Quem sabe eu mereça mesmo
ser preso. Pensando bem, seria
um baita exemplo para o país,
embora tenha gente muito melhor. Já pensou? Eu em cana e
tanta gente boa solta por aí.
O filho da dona Maria José (que
Deus a tenha) viraria mártir da
liberdade de imprensa neste Brasil mais chegado à liberdade de
empresa.
Quem sabe um período atrás
das grades refrescaria meus pensamentos, não é mesmo?
Um brinde, mas com moderação! Porque a inveja é o mau hálito da alma -frase de Roberto
Campos, diga-se de passagem.
O melhor é parar por aqui e
lembrar João Saldanha, que ensinou-me que há horas em que nós
devemos dar um passo atrás para
dar dois à frente. Assim vou lavando, ops!, levando.
Somos os melhores
Arsenal, Ajax, Milan, Porto,
Lyon, Werder Bremen e Valencia. Esses grandes tem algo em
comum: foram campeões tendo o brilho de um, dois, três, até
quatro brasileiros. Brasil, exportai vossos guerreiros, iluminai os gramados... europeus!
Perde e ganha
O Real Madrid é o melhor
exemplo de que técnico perde
jogo e títulos. Tudo bem que futebol é "association", jamais
pode ser "individuation".
De seu bolso
Uma evolução patrimonial
considerável para quem foi
vendedor de carro e deputado.
Foi o que vimos da CPI do Futebol quando se levantou a fortuna de Eurico Miranda. De onde
veio essa dinheirama? Se amanhã o cartola tiver de pagar a
causa trabalhista de Edmundo
será injusto? Toma lá, dá cá.
Jorge Kajuru, 43, é apresentador do
"Esporte Total", da TV Bandeirantes
Tostão está em férias
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