São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 2006

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Polícia de Munique prende oito brasileiros

UIRÁ MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE

Oito brasileiros foram detidos ontem pela polícia alemã em Munique. Dois deles eram cambistas e vendiam ingressos para o jogo entre Brasil e Austrália. Ao todo, 33 pessoas foram detidas ao longo do dia.
Segundo a assessoria de imprensa da polícia, os brasileiros foram presos por três razões: pequenos furtos, prática ilegal de comércio e venda de ingressos no "mercado negro".
Até o fechamento desta edição, apenas três brasileiros permaneciam detidos no Presídio da Polícia, no centro de Munique. Eles poderiam ser libertados ainda na noite de ontem sob pagamento de uma fiança.
De acordo com o policial responsável no presídio, os outros cinco brasileiros foram soltos após terem pago uma fiança de 200 a 300 euros.
Na delegacia, os brasileiros estavam incomunicáveis. Apenas um advogado registrado na Alemanha poderia falar com eles. Entretanto, segundo o policial responsável, não haveria necessidade de um advogado.
A prática de furtos tem sido recorrente nas Fan Fest, locais onde foram montados telões gigantes nas cidades-sede. A prevenção passou a ser uma das preocupações da polícia alemã. Por exemplo, minutos antes do jogo do Brasil contra a Croácia, em Berlim, um vídeo dava dicas de segurança para impedir a ação dos batedores de carteira.
Tanto em Berlim quanto em Munique, os furtos vinham acontecendo em grande quantidade em meio às rodas de samba de brasileiros.
Por essa razão ou por outras, os brasileiros se tornam suspeitos em potencial de qualquer furto. Em Leipzig, no dia 14, uma espanhola que fora roubada apontou três rapazes a um policial e disse: "Devem ter sido aqueles ali, que são brasileiros".
Os três, inocentes, ficaram detidos por mais de uma hora.
Outro crime recorrente na Copa é o comércio ilegal. A venda de qualquer produto na Alemanha só pode ser feita por quem detém licença comercial.
Três dos brasileiros que foram detidos ontem em Munique, de acordo com a assessoria de imprensa da polícia, além de não terem essa autorização, vendiam produtos falsificados.
Em todos os casos, a polícia alemã adota como procedimento padrão deter os suspeitos e conduzi-los a uma delegacia para averiguação.
Uma das pessoas presas pela polícia alemã esteve envolvida num incidente pitoresco: uma torcedora teve a sua bolsa roubada e com ela, seu ingresso. Já no estádio, o marido da torcedora suspeitou do homem sentado ao seu lado, que seria o local destinado à mulher. O marido denunciou o homem à polícia e ele foi preso.
À parte os incidentes policiais, australianos e brasileiros entraram e saíram do Estádio de Munique em clima de festa. As duas torcidas estão entre as mais animadas e inofensivas da Copa, distantes do perfil agressivo dos hooligans ou do potencial de conflito existente entre as nações hostis entre si.1
No entanto, o rigor da revista policial provocou longas filas na entrada do estádio. Com sol quente em cima da cabeça, era o último desafio a ser vencido por quem enfrentou os metrôs lotados para ver o jogo.
As torcidas também lotaram o Fan Fest em Munique, o que fez com que a polícia tivesse que impedir acesso de torcedores ao local uma hora e 15 minutos antes do pontapé inicial. No intervalo, o acesso voltou a ser permitido.
Pelo menos, na Copa, todas as torcidas podem freqüentar o mesmo espaço sem que isso signifique confusão. Pelo contrário, tem significado uma saudável "guerra" de gritos, canções e hinos. Separadas pelas pátrias, as torcidas são unidas pelo futebol.


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