|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Polícia de Munique prende oito brasileiros
UIRÁ MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A MUNIQUE
Oito brasileiros foram detidos ontem pela polícia alemã
em Munique. Dois deles eram
cambistas e vendiam ingressos
para o jogo entre Brasil e Austrália. Ao todo, 33 pessoas foram detidas ao longo do dia.
Segundo a assessoria de imprensa da polícia, os brasileiros
foram presos por três razões:
pequenos furtos, prática ilegal
de comércio e venda de ingressos no "mercado negro".
Até o fechamento desta edição, apenas três brasileiros permaneciam detidos no Presídio
da Polícia, no centro de Munique. Eles poderiam ser libertados ainda na noite de ontem
sob pagamento de uma fiança.
De acordo com o policial responsável no presídio, os outros
cinco brasileiros foram soltos
após terem pago uma fiança de
200 a 300 euros.
Na delegacia, os brasileiros
estavam incomunicáveis. Apenas um advogado registrado na
Alemanha poderia falar com
eles. Entretanto, segundo o policial responsável, não haveria
necessidade de um advogado.
A prática de furtos tem sido
recorrente nas Fan Fest, locais
onde foram montados telões
gigantes nas cidades-sede. A
prevenção passou a ser uma das
preocupações da polícia alemã.
Por exemplo, minutos antes do
jogo do Brasil contra a Croácia,
em Berlim, um vídeo dava dicas
de segurança para impedir a
ação dos batedores de carteira.
Tanto em Berlim quanto em
Munique, os furtos vinham
acontecendo em grande quantidade em meio às rodas de
samba de brasileiros.
Por essa razão ou por outras,
os brasileiros se tornam suspeitos em potencial de qualquer
furto. Em Leipzig, no dia 14,
uma espanhola que fora roubada apontou três rapazes a um
policial e disse: "Devem ter sido
aqueles ali, que são brasileiros".
Os três, inocentes, ficaram
detidos por mais de uma hora.
Outro crime recorrente na
Copa é o comércio ilegal. A venda de qualquer produto na Alemanha só pode ser feita por
quem detém licença comercial.
Três dos brasileiros que foram detidos ontem em Munique, de acordo com a assessoria
de imprensa da polícia, além de
não terem essa autorização,
vendiam produtos falsificados.
Em todos os casos, a polícia
alemã adota como procedimento padrão deter os suspeitos e conduzi-los a uma delegacia para averiguação.
Uma das pessoas presas pela
polícia alemã esteve envolvida
num incidente pitoresco: uma
torcedora teve a sua bolsa roubada e com ela, seu ingresso. Já
no estádio, o marido da torcedora suspeitou do homem sentado ao seu lado, que seria o local destinado à mulher. O marido denunciou o homem à polícia e ele foi preso.
À parte os incidentes policiais, australianos e brasileiros
entraram e saíram do Estádio
de Munique em clima de festa.
As duas torcidas estão entre as
mais animadas e inofensivas da
Copa, distantes do perfil agressivo dos hooligans ou do potencial de conflito existente entre
as nações hostis entre si.1
No entanto, o rigor da revista
policial provocou longas filas
na entrada do estádio. Com sol
quente em cima da cabeça, era
o último desafio a ser vencido
por quem enfrentou os metrôs
lotados para ver o jogo.
As torcidas também lotaram
o Fan Fest em Munique, o que
fez com que a polícia tivesse
que impedir acesso de torcedores ao local uma hora e 15 minutos antes do pontapé inicial.
No intervalo, o acesso voltou a
ser permitido.
Pelo menos, na Copa, todas
as torcidas podem freqüentar o
mesmo espaço sem que isso
signifique confusão. Pelo contrário, tem significado uma
saudável "guerra" de gritos,
canções e hinos. Separadas pelas pátrias, as torcidas são unidas pelo futebol.
Texto Anterior: Mesmo na rua e longe da TV dá para acompanhar o jogo e a análise do Galvão Próximo Texto: Novo QG de Parreira usa o verde e o amarelo Índice
|