São Paulo, segunda-feira, 19 de junho de 2006

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Novo QG de Parreira usa o verde e o amarelo

Bergisch Gladbach, cidade de cerca de 110 mil habitantes, já torce pelo Brasil

Comércio exibe bandeira nacional, enquanto fãs de outros países aprendem a cantar em português e a criticar forma de Ronaldo

EDUARDO ARRUDA
ENVIADO ESPECIAL A COLÔNIA E BERGISCH GLADBACH

A nova casa da seleção brasileira está verde e amarela. A pequena Bergisch Gladbach já se preparou para receber o time pentacampeão mundial, que chegou às 0h14 de ontem (19h14 de Brasília) e pode ficar até o dia 27 se terminar em primeiro lugar na sua chave do Mundial da Alemanha.
Na cidade, de cerca de 110 mil habitantes, bandeiras brasileiras estão por toda a parte. Os bares, restaurantes e lojas foram enfeitados com objetos que simbolizam o país.
Para receber os brasileiros, os comerciantes locais colocaram à venda muitos souvenires com a estampa da bandeira brasileira.
Uma farmácia local pôs até um aviso: "Nós não falamos português, mas faremos de tudo para que você se sinta bem".
No próximo domingo, o comércio local decidiu abrir as portas e haverá um show de samba numa das principais vias da cidade alemã.
"Aqui o Brasil está na moda", diz a brasileira Irene Schleimer, que vive em Bergisch Gladbach há nove anos. O marido dela, o médico Norbert, disse estar feliz com a chegada da seleção, mas faz uma ressalva cuidadosa. "Aqui ninguém joga futebol", disse.
"A rotina da cidade já mudou. Só se fala nisso por aqui", conta a estudante Daniella Alves Balbinho, que mora há quase três anos na cidade.
Em Bergisch Gladbach, o time brasileiro ficará ainda mais isolado dos fãs. Diferentemente de Königstein, o hotel da nova cidade, Castelo Lerbach, fica a cerca de 5 km do centro da cidade. Da estrada que dá acesso ao local, não é possível enxergar a imponente construção que recebe a seleção.
Seguranças ficarão na porta 24 horas por dia para controlar o acesso de pessoas. O hotel, que tem 52 suítes, está fechado para os turistas. Cada jogador terá um quarto individual.
A nova concentração brasileira está localizada a cerca de 15 km de Colônia, a base da torcida brasileira na Alemanha. Ontem, choveu pela primeira vez na região em uma semana. Hoje à tarde, os brasileiros fazem o primeiro treino.
A cidade, que tem uma das maiores comunidades brasileiras no país da Copa -cerca de 6.000 -recebeu o mesmo número de turistas brasileiros.
Ontem, uma parte deles se reuniu na arena montada pela Fifa para acompanhar o segundo jogo da seleção por um telão. No local, que reuniu cerca de 5.000 pessoas, os brasileiros contaram ainda com a torcida de ingleses, turcos e alemães.
Sob um calor superior a 30 graus, o alvo da torcida foi Ronaldo. Pouco antes do início da partida, um canal de TV alemã exibiu uma pegadinha em que um ator raspa o cabelo, coloca enchimento na barriga e, vestido com uniforme da seleção, se passa pelo brasileiro.
Os torcedores caíram na gargalhada. E, quando Ronaldo foi focalizado pela TV, ouviu-se uma imensa vaia a ele.
"O Ronaldo é um grande jogador, mas está gordo mesmo", disse o estudante inglês David Dermann. Os brasileiros passaram a maior parte do tempo também provocando os australianos. "Dança, dança, dança da bundinha/Aqui na Alemanha canguru virou galinha", cantavam os torcedores.
"Todos adoram os brasileiros aqui. Colônia é a cidade mais alegre da Alemanha, e isso combina com nosso jeito", disse a estudante de design gráfico Carolina Balvedi, que vive na cidade há três meses.
Ao redor delas, um grupo de turcos, uniformizados com camisas e bandeiras do Brasil, tentavam cantar e torcer. Mas com segundas intenções.
"Nós gostamos do futebol brasileiro, mas as mulheres brasileiras são melhores do que a seleção", dizia Doruk Aber, enquanto tentava cantar as músicas e refrãos entoados pelos brasileiros.


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