São Paulo, sábado, 19 de junho de 2010

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Eles são grandes

Com jogadores formados em dura rotina física, Costa do Marfim tem seleção "peso-pesado"

DOS ENVIADOS A JOHANNESBURGO

A equipe de Dunga é uma das mais altas e fortes seleções brasileiras da história. Mas amanhã, em Johannesburgo, o time nacional irá parecer uma turma de magrelos diante da Costa do Marfim.
Com a maioria do time formada em um ambiente de quartel, a Costa do Marfim tem uma montanha de músculos na sua equipe.
Segundo dados dos clubes dos atletas (os da Fifa têm uma série de erros), o time- -base marfinense tem altura média menos de 1 cm maior do que os titulares de Dunga (1,828 m contra 1,821 m).
Já no peso médio, a vantagem da Costa do Marfim é grande. São 3,2 quilos a mais (78,9 kg contra 75,7 kg). E não é devido a barrigas salientes, como era o caso do Brasil na Copa de 2006.
O time africano tem atletas com silhuetas de pesos-pesados do boxe, como o volante Yaya Touré, de 1,91 m e 90 kg.
Apesar da situação difícil do país (42% da população vive abaixo da linha da pobreza), a Costa do Marfim tem homens e mulheres fortes. Mas as medidas impressionantes de seus jogadores também se devem a anos vividos em um regime quase militar para a maioria do time que joga a Copa-2010.
Mais da metade dos convocados foi formada no Mimosas, um clube marfinense que garimpa talentos no país, forma-os e depois os exporta para clubes da Europa.
Foi o que aconteceu com muitos dos destaques do time que enfrenta o Brasil, como os irmãos Touré (Kolo e Yaya), Kalou e Eboué.
Garotos de 12, 13 anos que chegam ao Mimosas já são inseridos em uma dura rotina diária. Acordam às 6h. Às 7h15, treinam individualmente. Depois, encaram duas horas de práticas com o grupo. Estudam quatro horas e devem dormir às 20h30.
Além de alimentar os atletas, o clube manda comida para as famílias deles.
O Mimosas coloca na cabeça de seus garotos uma série de conceitos sobre a vida e o futebol. Pela filosofia do clube, é "no conflito que há progresso, e é ele que faz as pessoas terem outra visão".
A predominância de jogadores formados pelo Mimosas divide a seleção da Costa do Marfim. Quem é de fora do grupo, como o astro Drogba, que começou a carreira na França, tem problemas de relacionamento com os gigantes formados nesse ambiente quase militar. (EDUARDO ARRUDA, MARTÍN FERNANDEZ, PAULO COBOS E SÉRGIO RANGEL)


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