São Paulo, sábado, 19 de junho de 2010

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Nos estádios da África do Sul, telões exibem replays até dos lances polêmicos e deixam árbitros mais expostos

RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO

Os telões nos estádio da Copa do Mundo de 2010 têm mostrado muito mais replays de lances dos jogos, inclusive os polêmicos, do que há quatro anos na Alemanha.
Os números estatísticos dos jogos evoluíram. Autores de gol e seus tempos estão sujeitos à revisão pela TV.
Mas os árbitros do Mundial continuam a não ter acesso a nenhum equipamento tecnológico para tomar suas decisões.
Foi sem ajuda eletrônica que o árbitro Koman Coulibaly, do Mali, anulou o gol legal que selaria a virada dos EUA sobre a Eslovênia. Não ficou clara a sua marcação.
O replay passou no telão do estádio Ellis Park.
"A regra continua de que não se devem passar lances controversos. É para evitar reações do público", afirmou o diretor de comunicação da Fifa, Nicolas Maingot.
Mas, como o critério é subjetivo, os telões na África do Sul têm exibido replays constantes, de gols e de lances, em bem maior número que no Mundial de 2006.
A partida entre Argentina e Coreia do Sul teve até tira-teima de impedimento exibido no telão do Soccer City em um dos três gols do atacante Higuaín, no qual o árbitro e o assistente acertaram a marcação e validaram o lance.
Há relato de outros lances polêmicos exibidos nos telões de outras arenas. Os problemas para os árbitros aumentam porque a cada Copa evolui a captação de imagens, como diz a Fifa.
Neste Mundial, há pelo menos 25 câmeras de alta definição para filmar os jogos.
O número chega a 31 em partidas mais importantes.
Todos os estádios já contam com câmeras aéreas, que viajam pelo seu céu presas a cabos de aço.
Nenhuma das imagens, óbvio, alterou as decisões do árbitro. Mas um grupo técnico da Fifa já fez uma mudança em uma definição do juiz. Com o auxílio de uma televisão, esse órgão alterou o autor do gol contra da Dinamarca em favor da Holanda.
Após a revisão, o tento foi atribuído a Daniel Agger, em lugar de Simon Poulsen. Tempos de gols também estão sujeitos à alteração posterior em análise desse grupo, composto por 16 técnicos e ex-jogadores que viajam pelo país assistindo às partidas do Mundial.
Enquanto isso, o máximo que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, admite é um teste com dois árbitros a mais nas linhas de fundo do campo. E, para ele, já é muito. "No futebol, todo mundo é expert. Por isso que não vai haver tecnologia. Não haverá mais experts para discutir. Isso acabará com o futebol", alegou ele, em discurso pouco antes do Mundial.
Mas os fatos mostram que há, sim, tecnologia no futebol. O problema hoje é que não está acessível para o juiz.


Colaborou PASQUALE CIPRO NETO, enviado especial a Johannesburgo



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