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Você está sendo filmadoNos estádios da África do Sul, telões exibem replays até dos lances polêmicos e deixam árbitros mais expostos
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO
Os telões nos estádio da
Copa do Mundo de 2010 têm
mostrado muito mais replays
de lances dos jogos, inclusive
os polêmicos, do que há quatro anos na Alemanha.
Os números estatísticos dos jogos evoluíram. Autores de gol e seus tempos estão
sujeitos à revisão pela TV.
Mas os árbitros do Mundial continuam a não ter
acesso a nenhum equipamento tecnológico para tomar suas decisões.
Foi sem ajuda eletrônica
que o árbitro Koman Coulibaly, do Mali, anulou o gol legal que selaria a virada dos
EUA sobre a Eslovênia. Não ficou clara a sua marcação.
O replay passou no telão do estádio Ellis Park.
"A regra continua de que
não se devem passar lances
controversos. É para evitar
reações do público", afirmou
o diretor de comunicação da
Fifa, Nicolas Maingot.
Mas, como o critério é subjetivo, os telões na África do
Sul têm exibido replays constantes, de gols e de lances,
em bem maior número que no Mundial de 2006.
A partida entre Argentina
e Coreia do Sul teve até tira-teima de impedimento exibido no telão do Soccer City em
um dos três gols do atacante
Higuaín, no qual o árbitro e o
assistente acertaram a marcação e validaram o lance.
Há relato de outros lances
polêmicos exibidos nos telões de outras arenas.
Os problemas para os árbitros aumentam porque a cada Copa evolui a captação de
imagens, como diz a Fifa.
Neste Mundial, há pelo
menos 25 câmeras de alta definição para filmar os jogos.
O número chega a 31 em partidas mais importantes.
Todos os estádios já contam com câmeras aéreas, que
viajam pelo seu céu presas a cabos de aço.
Nenhuma das imagens,
óbvio, alterou as decisões do
árbitro. Mas um grupo técnico da Fifa já fez uma mudança em uma definição do juiz.
Com o auxílio de uma televisão, esse órgão alterou o
autor do gol contra da Dinamarca em favor da Holanda.
Após a revisão, o tento foi
atribuído a Daniel Agger, em
lugar de Simon Poulsen.
Tempos de gols também
estão sujeitos à alteração
posterior em análise desse
grupo, composto por 16 técnicos e ex-jogadores que viajam pelo país assistindo às
partidas do Mundial.
Enquanto isso, o máximo
que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, admite é um
teste com dois árbitros a mais
nas linhas de fundo do campo. E, para ele, já é muito.
"No futebol, todo mundo é
expert. Por isso que não vai
haver tecnologia. Não haverá
mais experts para discutir. Isso acabará com o futebol",
alegou ele, em discurso pouco antes do Mundial.
Mas os fatos mostram que
há, sim, tecnologia no futebol. O problema hoje é que
não está acessível para o juiz.
Colaborou PASQUALE CIPRO NETO,
enviado especial a Johannesburgo
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