Astro camaronês reclama de ter sido mal escalado no último jogo

DO ENVIADO A JOHANNESBURGO

Sorrisos constrangidos, cara fechada, pressão dos jornalistas, uma resposta interrompida e uma tentativa de botar panos quentes no ambiente de um time ameaçado de eliminação da Copa.
Foi cercada de fina tensão a entrevista do técnico de Camarões, Paul Le Guen, e do seu astro Eto'o na véspera da partida diante da Dinamarca, hoje, em Pretória.
Explica-se: o atacante da Inter de Milão foi escalado para jogar na lateral, até com funções defensivas, na derrota para o Japão. Após a partida, afirmou atuar melhor como centroavante.
Lado a lado, treinador e jogador exibiam expressões distintas. O francês Le Guen tinha a cara amarrada. Já Eto'o sorria, às vezes irônico, às vezes constrangido.
Essa tensão se acentuou quando um jornalista lhe perguntou onde jogaria diante dos dinamarqueses.
"Vou jogar. Garanto que perto do gol", afirmou.
"Você sabe que sou a última pessoa a escolher onde jogar. O treinador tem que escolher. Posso dizer..."
Nesse momento, Eto'o interrompeu a resposta, virou- -se para Le Guen e tocou seu ombro. "Se o treinador não se importa que eu diga." O técnico retrucou: "Depende do que você vai dizer".
A partir daí, o discurso de Eto'o se tornou confuso, em meio a sorrisos irônicos. Le Guen não esboçou reação.
E o astro camaronês concluiu de forma patriótica e religiosa: "Vou dar o melhor pelo meu país". "Deus vai decidir o resultado no final."
Logo após, Le Guen admitiu ter errado na escalação da estreia. Disse que Eto'o foi o único escalado fora de posição. "Obviamente que pensei na questão tática para o novo jogo." Haverá três alterações.
Ao fim da entrevista, Eto'o, sem ser questionado, fez nova tentativa de acabar com o clima estranho na sala. "Não houve nenhuma briga no grupo de Camarões. Sou o capitão porque o técnico confia em mim." (RODRIGO MATTOS)




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